Rui Car
08/05/2017 11h30 - Atualizado em 08/05/2017 11h31

Saiba por que algumas pessoas não devem viajar com seus parceiros

Sair de férias com outra pessoa?

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Imagine a cena: é uma linda manhã, em algum país estrangeiro. Um casal está dormindo deitado sob lençóis brancos macios, numa cama confortável, com nada para perturbá-los a não ser os raios de sol passando de forma sedutora pelas cortinas. Até que…

 

“Bom dia, amor! Hora de acordar! Se sairmos em 10 minutos podemos chegar à galeria quando ela estiver abrindo, o que significa que teremos tempo para visitar o museu do outro lado da cidade, e nós provavelmente poderíamos encaixar um tour rápido a pé antes disso – ei! EI! VOCÊ ESTÁ DORMINDO?”

 

O homem está correndo pelo quarto como um furacão de energia, enquanto a mulher com os olhos cansados pisca freneticamente, tentando entender por que está acordada às 7 horas da manhã.

 

Esta descrição resume bem as abordagens diferentes que eu e meu parceiro temos quando estamos viajando.

 

Devo dizer que amo muito o meu namorado. Ele é o espaguete do meu molho à bolonhesa, o gim da minha tônica, uma pessoa verdadeiramente maravilhosa.

 

Mas no que diz respeito a viagens, honestamente, eu prefiro não levá-lo.

 

Eu vejo as viagens de férias como um período sagrado, precioso, que consiste, em grande parte, em fazer absolutamente nada. Um mundo mágico onde você pode dormir o quanto quiser, comer o quanto conseguir aguentar, manter-se na horizontal com a frequência que quiser (de preferência numa rede entre dois coqueiros). São momentos em que decidir dar um mergulho na piscina é um dilema complexo. Posso passar meia hora analisando os prós e os contras de sair do meu local de descanso, porque os cinco metros que precisarei atravessar para nadar um pouco, parecem ser um investimento enorme do meu tempo e energia.

 

Meu namorado, por outro lado, não está muito preocupado com o descanso. Ele é um homem que uma vez me disse: “Eu quero sentir que espremi até a última gota de um lugar quando estiver indo embora” – essencialmente comparando uma viagem de férias a um pano molhado. Ele adora acordar cedo, visitar pontos turísticos, seguir as dicas de guias impressos, não consegue ficar quieto sentado, muito menos aceitar a ideia de não colocar um despertador para acordar em um determinado horário.

 

Nós podemos ser compatíveis no que diz respeito ao coração, mas quando o assunto envolve as férias, viemos de planetas completamente diferentes.

 

É por isso que eu fiquei surpresa ao ouvir que 66% dos britânicos preferem viajar com seu parceiro ou parceira, de acordo com uma nova pesquisa realizada pelo site de busca de viagens Momondo. Quem são estas pessoas?

 

Eu poderia entender melhor se fosse a única que passasse por este problema de ter um estilo de férias completamente diferente do apreciado pelo meu amado. No entanto, quase todas as mulheres que eu conheço passam por experiências semelhantes; às vezes os papéis se invertem, mas geralmente há um que adora acordar tarde e outro que não consegue viver sem o despertador. Uma amiga minha sempre se lembra daquele final de semana em Paris com seu marido, no começo do relacionamento. Ele passou dois dias explorando cada canto da cidade; ela passou dois dias exausta e chorosa, percebendo que seu sonho de uma viagem de fim de semana romântica com muitos momentos em cafés charmosos olhando amorosamente um nos olhos do outro, nunca iria acontecer.

 

Dois anos atrás descobri o antídoto perfeito para as expectativas diferentes: sair de férias com outra pessoa. Duas amigas e eu fomos a Mallorca por três dias, num feriado, somente para descobrir que éramos as companheiras de viagem perfeitas. Nós definimos as regras para a viagem: dormir até as 11 horas da manhã era obrigatório, ninguém poderia tirar o pijama antes do meio-dia, e o mais importante, ninguém nunca poderia ser castigado por dormir. Todas nós havíamos ouvido frases desagradáveis como “Olá dorminhoca! Que horas você acha que são?” de parceiros passivo-agressivos quando estávamos emergindo embriagadas de sono, pouco tempo depois da primeira luz da manhã. Havia chegado a hora de fazer uma mudança.

 

Os dias seguintes foram aproveitados com muita calma, incluindo atividades como tirar cochilos à tarde, descansar à beira da praia ou piscina, comer e beber – um cronograma de relaxamento muito agradável que me permitiu voltar ao trabalho em um estado completo de felicidade. É claro que ele não durou muito – nunca dura – mas é isso que meu feriado me proporcionou. Um feriado, e não uma sessão interminável de atividades exaustivas.

 

Desde então, nós já repetimos esta fórmula de sucesso algumas vezes, e eu entendi que ter uma ideia diferente das férias perfeitas, em relação à percepção do seu parceiro, não é motivo de vergonha; é algo perfeitamente natural. Quanto mais rápido você parar de tentar lutar contra isso, mais fácil será aproveitar o tempo que vocês passam juntos. Eu sei que uma viagem com meu amor envolverá dias começando cedo, almoços rápidos, e visitas a todas as atrações listadas no guia de turismo. E não há problema nisso. Enquanto eu caminho pelas ruas de algum centro histórico para ver mais uma igreja medieval, penso no futuro, no momento em que estarei numa praia, com minhas almas gêmeas, de férias, pensando se vale a pena ou não dar um mergulho no mar.

 

 

Helen Coffey

The Independent

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