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Certamente você passa por ela todos os dias e talvez até já se perguntou: Quem foi Coronel Feddersen? Ele dá nome à principal rua de Taió, localizada no Centro da cidade e atravessa três bairros: Vila Mariana, Centro e Seminário. Mas afinal de contas, por que ele dá nome a esta rua e qual sua importância para a nossa cidade?
Seguindo o ideal de todos os imigrantes, primeiramente ele queria praticar a agricultura e a pecuária. Contudo, ele logo percebeu que para esse empreendimento era necessário não somente trabalho duro e perseverante juntamente com a renúncia a todas as coisas boas a que ele estava habituado, mas também que ele, um jovem homem solteiro, dificilmente poderia manter a casa na devida ordem. Para isso provavelmente também contribuiu o conhecimento de que a vida comercial que dava oportunidades a comerciantes ativos e instruídos de conseguirem um futuro certo, aqui ainda estava para surgir. HUMPL, Max – página 168.
Esse ocorrido o fez decidir a mudar-se para Santos – São Paulo. Por que São Paulo? Porque o tino comercial de Peter Christian Feddersen assinalava que São Paulo tinha o ambiente propício para desenvolver como comerciante, uma vez que o estado estava envolvido com inúmeras construções de ferrovias em direção ao interior do país.
Em Santos conheceu e casou-se com Ella Guthe, nascida em Bremen – Alemanha. O casal teve a primeira filha – Elza Feddersen (casada Höschl) – em Santos. Logo após o nascimento de Elza, em 1885, Peter Christian Feddersen e família mudaram-se novamente para a Colônia Blumenau, onde fixaram residência em um lote colonial no Salto Weissbach. Mudou-se porque não foi bem sucedido em tratativas com um comerciante local de Santos, desprovido de escrúpulos.
A esperança de estabelecer em São Paulo o seu futuro fracassou para ele pelo contato com um comerciante descuidado e sem escrúpulo, o que infelizmente se reconheceu muito tarde, e novamente ele tomou a decisão de retornar a Blumenau.Aqui, entretanto Gustav Salinger, que durante muito tempo desempenhou as funções de procurista no negócio de Wilhelm Asseburg havia se estabelecido no Stadtplatz de Blumenau e mantinha um significativo comércio de produtos importados de todos os tipos e produtos da Colônia para exportação. Salinger tencionou abrir uma filial em Altona, onde o tráfego do e para o interior do distrito da colônia se desenvolvia cada vez mais, e escolheu Peter Christian Feddersen como gerente desse empreendimento. HUMPL, Max – página 169.
“Logo o negócio cresceu da tal maneira que as salas apertadas da casa não eram mais suficientes, e de acordo com a proposta de Feddersen, a firma Gustav Salinger adquiriu uma parte do terreno da família Thomsen, e lá construiu a grande casa comercial, ainda existente, e depósitos. HUMPL, Max – página 169.
“A escolha de um lugar situado fora do risco de inundação e a construção da casa comercial servem como prova da prudência de Feddersen, como também a sua capacidade como homem de negócios, que se ressaltava cada vez mais. Para assinalar a sua perspicácia com relação a capacidade de desenvolvimento de Altona e de todo o município, menciona-se que ele, nos primeiros anos de sua estadia aqui (1879/1880), com predileção procurava a grande cachoeira (Salto) acima de Altona, e lá entregava-se durante horas a pensamentos sobre o aproveitamento da enorme cachoeira, para o interesse da indústria de Blumenau. Somente cerca de 30 anos depois é que lhe foi possível, pela sua obstinada perseverança, realizar o plano de aproveitamento da cachoeira.” HUMPL, Max – página 170.
A construção da nova sede da filial da firma Gustav Salinger, com uma considerável ampliação sob a administração de Feddersen, também fez desenvolver a nucleação urbana de Altona – descrita no livro do professor Max Humpl. O tráfego diário na estrada principal e a navegabilidade do rio Itajaí Açu, possível até a altura de Altona, atraiu mais moradores, que por sua vez, resultou no surgimento de uma sociedade ativa e quase independente do Stadtplatz da Colônia Blumenau, com a presença até, de uma certa rivalidade.
Juntamente com o progressivo desenvolvimento da própria indústria, Feddersen se dedicou sobretudo à melhoria da indústria agrícola. Ele ajudou os colonos que plantavam cana-de-açúcar, adquirindo aperfeiçoadas moendas de ferro, em substituição às poucas produtivas moendas de madeira, ele também facilitou a aquisição de grandes caldeiras rasas de cobre para ferver o caldo de cana. Alambiques para destilar aguardente de cana (cachaça), centrifugas para leite, forrageira, arados, grades e outras ferramentas agrícolas foram importadas e foram levadas de Altona para todas as localidades do extenso Vale do Itajaí, trazendo inúmero benefícios. Se os recursos dos próprios colonos não eram suficientes para a aquisição, eles eram auxiliados por concessão de crédito. Muitas vezes, com o auxílio material de Peter Christian Feddersen foram construídas serrarias para corte de tábuas para exportação como também para o uso na colônia. HUMPL, Max – página 170.
Peter Christian Feddersen instalou filiais nos distritos (núcleos mais desenvolvidos) da grande colônia de Blumenau. Há registro de filiais em Timbó, gerenciada alternadamente pelos filhos August e Max Feddersen; Fortaleza – Blumenau; Warnow; Rio do Testo; Hammonia; Nova Breslau; Taió, entre outras. As lojas Peter Christian Feddersen comercializavam desde bicicletas, brinquedos, fazendas (Tecidos), até artigos de ferragem, e atendiam consumidores da sede colonial, Altona/Itoupava Seca, e também grande parte de todo o Vale do Itajaí. Faziam-se necessárias melhorias nos caminhos para o transporte dos produtos. Isso aconteceu em função do aumento e a expansão dos negócios, cada vez mais para o interior da Colônia Blumenau, Feddersen sentiu a necessidade de criar filiais em algumas regiões importantes dentro da grande Colônia Blumenau, para melhor controle dos mesmos. Na época que o professor Max Humpl escreveu o livro sobre Altona – 1918/1919, a firma possuía 16 filiais. Cada uma das filiais recebiam da Casa Comercial de Altona todos os seus produtos para a venda. Além das 16 filiais, também outros comerciantes adquiriam os produtos da Casa Comercial de Altona, para revenda em todos os cantos da grande Colônia Blumenau, na época.
A Companhia também fabricava produtos para os colonos, como moendas de ferro para a fabricação de açúcar, tachos de cobre para o cozimento de garapa e alambiques para a obtenção da cachaça. Ele importava centrífugas de leite, máquinas de cortar ferragens, arados, grades e toda a sorte de utensílios agrícolas. O empreendedor também desenvolvia atividades creditícias e instalou filiais em diversos pontos da cidade, chegando a 16 unidades – embrião da fundação dos primeiros bancos do Estado de Santa Catarina, materializado durante a implantação e construção da Estrada de Ferro Santa Catarina – EFSC.
“O empreendimento parecia ineficaz sem a construção de uma ferrovia de Blumenau até a nova região de colonização, e conseguiu-se construir a ferrovia. no ano de 1907 começaram os trabalhos definitivos de construção da ferrovia, depois do que Feddersen, na sua condição de deputado estadual pelo município de Blumenau muitas vezes ajudou a concluir satisfatoriamente as negociações entre o governo federal e estadual e a companhia construtora da ferrovia. Deve-se à influência de Feddersen a instalação do escritório da construtora da ferrovia em Altona, que criou um imenso movimento durante os anos seguintes da construção.” HUMPL, Max – página 172.
A posição política de Feddersen com relação ao governo estadual, bem como sua influência sobre o governo municipal consolidou-se cada vez mais no decorrer dos anos, e não seria dizer demais, se o qualificássemos como instigador intelectual e o realizador das questões mais importantes que dizem respeito ao bem do município.Como chefe político do município e homem de confiança do governo, era raro que a visita de um político estrangeiro de alto-escalão não procurasse a casa hospitaleira de Feddersen, e com ele visitasse o interior da colônia. HUMPL, Max – página 172.
Em todas as realizações de festas e coisas similares, ele era solícito e colaborador, de modo que durante longos anos ele foi eleito como presidente. Onde a situação de emergência de algum habitante de Altona exigia, Feddersen ajudava de forma altruísta, sem falar muito sobre isso. Instituições públicas de caridade e clubes regularmente foram auxiliados e aconselhados por ele. HUMPL, Max – página 172.
Em síntese, seu sucesso empresarial levou-o à política, elegendo-o deputado estadual em sete legislaturas.
Recebeu o título honorário de “Coronel”, por serviços prestados à causa pública e, “principalmente, pela incansável colaboração nos vários setores econômicos, dos quais Blumenau ainda está colhendo os frutos e que é a atual pujança do Vale do Itajaí”. (ZUEGE, 1975).
“Também teve ele voz ativa na construção da extinta Estrada de Ferro Santa Catarina, a qual, como todos devem estar lembrados, prestou incalculáveis serviços à região, e que por muitos anos foi o único meio de transporte, além das carroças, do qual o grande celeiro do Vale se servia, levando seus produtos a Blumenau, e daqui ao porto de Itajaí, onde foram despachados para os mais diferentes centros do país e exterior. Não é de época remota a sua erradicação, e todo catarinense deve se lembrar disso. Falar sobre a EFSC S.A. seria um capítulo à parte e desperdício de tempo pouco interessante, haja vista os fatores que levaram as nossas autoridades governamentais de sua re-implantação, mas, nós sinceramente jamais acreditamos na sua re-abertura, achando que não há, pelo menos nesta década, condições capazes que garantam lucro àqueles que se lançaram nesta aventura. Somos de opinião, que por hora, é a vez do automóvel e dos caminhões, e que os mesmos influíram decididamente no seu prematuro fechamento.” (ZUEGUE, 1975). Peter Christian Feddersen que, como deputado estadual, como Conselheiro Municipal e como chefe político, foi sempre ardoroso incentivador do progresso de Blumenau, pondo-se à frente de iniciativas que trouxeram grandes benefícios à Comuna, pôs todo seu entusiasmo e o seu prestígio a serviço da solução de tão premente problema. (SILVA, 1969).
Palavras de Niels Deeke
“Era um sábado a tarde e Feddersen estava acamado, diziam que o afligia uma “peritonite” e Niels Deeke ainda teve oportunidade de vê-lo, depois foi para o jardim e apanhou um balde d’água para tirar o pó do automóvel Studebaker 46 – cor azul oceano, de seu pai (Foi o 2° automóvel novo, americano, que chegou à Blumenau após a 2ª grande guerra) enquanto aguardava. Grande parte dos livros da biblioteca de Feddersen, mormente os relativos a 1°. Grande Guerra, foram resgatados por Niels Deeke e integram suas coleções. Verbete: coronel. Bras. Chefe político, em geral proprietário de terra, do interior do País. “
Seus dados biográficos constam do “Livro do Centenário de Blumenau” – Edição da Comissão de Festejos – páginas 392 a 396, compilados de um trecho da obra : “Crônica da Altona” de autoria do Prof. Max Humpl, extenso e valioso relatório perdido no incêndio da Prefeitura Municipal de Blumenau de novembro de 1958.
De acordo com Niels Deeke, foi cognominado com a antonomásia de O Mauá do Norte Catarinense. Em 1946, já especulava-se a colocação de seu busto no Bairro Itoupava Seca.
Busto de Peter Christian Feddersen
Niels Deeke também comenta:
“O Busto foi inaugurado a 04 de setembro de 1950, às 16 horas. Obra do escultor Erwin Teichmann. O monumento foi erigido no então chamado “Largo Coronel Feddersen” , no fim da rua São Paulo, entroncamentos com as ruas Bahia e rua Cel. Feddersen. Denominação instituída através do Projeto de Lei de autoria do vereador Hercílio Deeke, datado de 21/7/1948. Art. 1º Fica mudado para “ Coronel Feddersen” o nome da atual “Rua Acre” e denominada “Largo Coronel Feddersen” a praça formada pelo entroncamento da pré-citada rua com as ruas São Paulo, Bahia e Marcílio Dias. No centro do “Largo” a se refere o artigo anterior , fica destinada uma área necessária à ereção de um monumento ou busto do falecido Coronel Peter Christian Feddersen, justa homenagem do povo de Blumenau e municípios vizinhos à memória daquele que foi um dos maiores fautores do progresso material do Vale do Itajaí – Sala das Sessões, 21.7.1948- Hercílio Deeke – vereador. (Vide Jornal de Santa Catarina – de 31.8.1988- Caderno Econômico pág.03 in entrevista de Ernesto Stodieck jr. –“Feddersen anteviu o Futuro” – trata-se de um muito interessante relato das atividades de Feddersen).O Busto esculpido e fundido em bronze foi custeado por Ernesto Stodieck jr. – através da Empresa Industrial Garcia SA. Grande parte dos livros da biblioteca de Peter Christian Feddersen, mormente os relativos a 1a. Grande Guerra, foram resgatados por Niels Deeke, após um de seus familiares se desfazer dos bens para mudar-se ao Rio de Janeiro, e atualmente integram suas coleções. Foi “Coronel” da “Guarda Nacional”. Verbete: coronel. : Chefe político, em geral proprietário de terra, do interior do País. O Busto do Coronel Pedro Christian Feddersen foi inaugurado a 04 de setembro de 1950. às 16 horas, durante as comemorações do Centenário de Blumenau. O monumento foi erigido no então chamado “Largo Coronel Feddersen”, no fim da rua São Paulo, entroncamentos com as ruas Bahia e rua Cel. Feddersen, próximo as casas de Hertel, Paul, Pastor Andresen, – enfim defronte à Fábrica de Gaitas Alfredo Hering. A Lista inicial para angariar numerário destinado ao custeio da Herma e do Busto de Feddersen, constando indicados os contribuintes e valores integra o TABULARIUM NIELS DEEKE. O dinheiro entretanto foi devolvido aos subscritores pois Ernesto Stodieck jr arcou, individualmente, com todos os encargos decorrentes e merece, por isto, o reconhecimento público. Consta dos arquivos particulares de Hercílio Deeke documento que atesta terem sido desenvolvidos os trabalhos de execução do Busto, como molde em gesso, modelo em cera, forma em gelatina e modelo em cera, novo modelo de Feddersen, 2º modelo cera e retoque, trabalho no bronze de Feddersen, retoque no busto de Feddersen e Busto Hering, Retoque cera busto Hering, e patinar os dois bustos de bronze, nas oficinas de modelagem e fundição da Empresa Industrial Garcia, com início dos trabalhos em 11/10/1949 e término em 16/5/1950, cujos preços somados ao busto de Feddersen perfizeram Cr$ 13.000,00. Os subscritos da Lista de Contribuição para execução da “Herma e Busto” foram diversos e suas consignações, algumas significativas, outras denotando indiferença, encontram-se documentadas – in TABULARIUM NIELS DEEKE.”
Temos assunto para completar com a descrição de outras tantas atividades de Peter Christian Feddersen – como o ofício de construtor, por exemplo – as quais apresentaremos em postagens complementares, bem como sobre o seu busto que estava no Largo Coronel Feddersen desde a década de 1940 até, mais ou menos, o ano de 2005 e sumiu durante obra de revitalização da praça pu do Largo como sempre foi. Feddesern construiu, entre outras, edificações com estrutura enxaimel. Aguardem!
Leituras complementares – Clicar sobre o título escolhido:
- História do Bairro Itoupava Seca
- Estrada de Ferro Santa Catarina
- Comunidade Horto Florestal – Blumenau
- Primeira Usina Hidrelétrica de Santa Catarina
- Ponte do Salto
- Hercílio Deeke