Rui Car
10/03/2017 11h37 - Atualizado em 10/03/2017 08h32

Salário mais alto é sempre a melhor escolha para a carreira?

Muitas empresas já perceberam esse fenômeno

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Você estuda e investe na carreira pensando em crescer cada vez mais. Mas o que é exatamente crescer? Pode ser, sim, um maior salário, mas também pode envolver benefícios que nem sempre são mensuráveis em dinheiro: flexibilidade de jornadas, novos desafios, transferência para o exterior, carro da empresa, ajuda de custos ou até mesmo um novo cargo mais prestigiado entre seus pares.

 

Muitas vezes, o imponderável está até no clima do ambiente de trabalho. Quem já passou por diversas empresas sabe muito bem como estar em uma equipe agradável e entrosada faz diferença na própria qualidade de vida.

 

É claro que o salário deve ser levado em conta. Entretanto, precisa ser pensado como um dos itens de satisfação – não necessariamente o principal.

 

Pesquisas recentes mostram, aliás, que em casos de anúncios de vagas, o oferecimento de salários altos atraem profissionais não necessariamente comprometidos com o trabalho. Gente que se candidata apenas pensando no quanto vai ganhar no fim do mês – sem compactuar com os ideais da missão da empresa.

 

Foi o que percebeu, na prática, a BRAC Uganda, uma organização ugandense sem fins lucrativos. Nos últimos anos, o comportamento de milhares de potenciais candidatos a emprego para cargos da área de saúde da instituiçnao foram acompanhados por Erika Deserranno, professora assistente de economia de gestão e ciências da decisão da Kellogg School of Management.

 

Ela concluiu que quando as vagas de emprego eram anunciadas com altos salários, acabavam atraindo um número inferior de profissionais comprometidos com a missão social da organização.

 

Muitas empresas já perceberam esse fenômeno. É óbvio que a remuneração é um fator essencial a ser considerado pelo candidato à vaga, mas Erika nota que salários altos passam alguns sinais ao profissional.

 

Em outras palavras, uma boa oferta de remuneração pode indicar que a vaga é para um trabalho muito difícil de fazer, com poucas pessoas realmente interessadas em executá-lo ou mesmo para uma função que vai exigir uma dedicação descabida – e, consequentemente, um desequilíbrio entre vida social e profissional.

 

Apesar de variações objetivas dessa situação ocorrerem, sobretudo em virtude de diferentes taxas de desemprego entre os países, Erika acredita que se trata de um problema universal.

 

E para provar que, apesar do chavão, a máxima “dinheiro não é tudo” é verdadeira, um dos livros que podem ser baixados de graça no portal Na Prática, da Fundação Estudar, mostra justamente isso. Em ’14 Histórias de Mudança de Carreira’ há casos de gente que não parece ter colocado o salário em primeiro lugar na hora de definir a vida – como o estudante de medicina que virou ator e o executivo que, depois de passar por multinacionais, migrou para área social.

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