Rui Car
07/12/2017 10h45 - Atualizado em 07/12/2017 08h08

Será a massagem estomacal o segredo de uma boa digestão?

Nos últimos anos, a ênfase na saúde intestinal e digestiva viu um grande aumento

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Nos últimos anos, a ênfase na saúde intestinal e digestiva viu um grande aumento.

 

Estamos todos consumindo kefir e chucrute em busca de um intestino saudável, mas muitas pessoas ainda sofrem com problemas de digestão.

 

No entanto, existe uma técnica pouco conhecida que pode ser o segredo da boa digestão, conhecida como Tratamento Osteopático Visceral (VOT, sigla em inglês).

 

Esse tratamento consiste essencialmente em uma massagem realizada no estômago – mas não pense que se trata de uma experiência relaxante, como se você estivesse num spa, nem um procedimento estético capaz de deixar a sua barriga chapada.

 

Ele é geralmente realizado em pessoas com refluxo ácido ou constipação, com o intuito de aumentar a mobilidade do intestino.

 

Ao massagear o estômago, o objetivo é trabalhar a conexão entre o intestino e o cérebro.

 

Experimentei o tratamento com a Dra. Iona Bramati da IBC Care, que é especialista em VOT, e descobri com a técnica funciona.

 

O tratamento

A Dra. Bramati me conduziu para uma sala elegante, iluminada e espaçosa em uma linda casa no centro de Londres, onde todo o procedimento foi realizado.

 

Primeiro, ela me pediu para ficar de pé na frente dela, e levantar um pouco a minha camiseta.

 

Dr Bramati assesses Rachel's posture
A Dra. Bramati avalia a postura de Rachel
 

“Minha nossa”, diz ela.

 

“O que foi?”, perguntei já em pânico, pensando no que poderia estar tão errado comigo. Acontece que a minha postura natural projeta os meus quadris para a frente, criando um arco na parte inferior das minhas costas, fazendo com que o meu estômago pareça maior do que é, e isso não é legal.

 

Em seguida, me deitei na maca e a Dra. Bramati deu início ao tratamento, pressionando e massageando profundamente o meu estômago.

 

A sensação era muito estranha.

 

Geralmente, quando passamos por uma sessão de massagem, o estômago é deixado de lado, então é muito estranho ter alguém pressionando o meu intestino. Não chega a doer, mas é esquisito.

 

The treatment in progress
O tratamento prossegue
 

Eu consegui sentir seu toque nos meus órgãos, e comecei a ficar confusa. Não sabia se era sensação de fome ou vontade de ir correndo para o banheiro.

 

Eu me virei de lado para que a Dra. Bramati pudesse trabalhar em um ângulo diferente, antes de me levantar para continuar o tratamento de pé.

 

O procedimento certamente é bem incomum, e muitas pessoas nem sabem que ele existe.

 

“O conhecimento do tratamento osteopático visceral ainda não está amplamente disseminado”, diz a Dra. Bramati.

 

“Algumas pessoas estão cientes de que os estresses psicológicos podem influenciar a homeostase do trato gastrointestinal, afetando o eixo entre o intestino e o cérebro, e tornando-se, consequentemente, o precursor de doenças funcionais do trato gastrointestinal, como a síndrome do cólon irritável”.

 

Como funciona o tratamento?

“A osteopatia visceral é utilizada para otimizar o fluxo sanguíneo e linfático nos órgãos internos, visando a restauração de suas funções.

 

“A motilidade interna das vísceras, tais como o movimento cardíaco, o movimento peristáltico e a circulação sanguínea e linfática, geralmente é ativada através de movimentos esqueléticos, como andar, correr ou se exercitar.

 

Dr Bramati
Dra. Bramati
 
 

“A osteopatia visceral utiliza uma mobilização não invasiva dos órgãos internos com o objetivo de restaurar a função normal do trato gastrointestinal, como o peristaltismo”.

 

A ideia é que, ao utilizar técnicas minimamente invasivas para massagear a região abdominal, seja possível restaurar o equilíbrio fisiológico visceral.

 

“É impossível desvincular a osteopatia visceral do toque”, diz a Dra. Bramati. “Nós, osteopatas, usamos nossas mãos para apalpar e tratar os desequilíbrios do corpo. Portanto, o toque pode ser uma das etapas do processo de cura”.

 

Comigo deu certo?

A minha digestão provavelmente poderia ser melhor, mas, como de modo geral não sofro de grandes males, então provavelmente não sou a melhor candidata ao tratamento. Além disso, só fiz uma sessão, e a Dra. Bramati afirma que, quanto mais sessões, melhores os resultados.

 

Quando saí do IBC Care, estava me sentindo estranhamente leve, mas não percebi nenhuma mudança notória na minha digestão depois disso. Talvez o meu intestino tenha funcionado melhor, mas não tenho como provar nada.

 

Curiosamente, 50 por cento dos clientes da Dra. Bramati são crianças autistas, e ela é a única osteopata no mundo que possui um diploma de doutorado em osteopatia visceral aplicada a crianças autistas que sofrem de problemas gastrointestinais.

 

A pesquisa conduzida por ela descobriu que esse tratamento pode ter um “impacto considerável e importante na qualidade de vida e no bem-estar das crianças autistas”.

 

Ainda resta descobrir se o VOT é a solução mágica que as pessoas que sofrem de problemas digestivos tanto buscam, mas estimular o intestino, certamente não faz mal a ninguém.

 

 

Rachel Hosie

The Independent

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