Rui Car
09/05/2017 15h10 - Atualizado em 09/05/2017 13h41

Seu filho ronca? Saiba o que você deve fazer

Roncos: quais são os tratamentos?

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Você já ouviu um ronco vindo do quarto do seu filho? Sua cabeça está deitada para trás, a boca aberta, ele parece estar adormecido e descansando. No entanto, é quase certo que quando acordar, estará cansado e de mau humor. Não é preciso entrar em pânico, mas vale a pena consultar um médico o quanto antes.

 

Roncos: os sinais que não enganam

O ronco, um transtorno relativamente comum nas crianças, se traduz em manifestações noturnas e diurnas. Durante o sono, a criança que ronca costuma ficar agitada, sofre de apneia, tende a acordar frequentemente, tem pesadelos, e sua excessivamente. Muitas vezes ela também pode urinar na cama. “A enurese, cujas causas continuam sendo misteriosas, é muito comum em crianças que roncam,” confirma o Dr. Couloigner. Ao acordar, a criança se sente cansada, tem dores de cabeça, e tem problemas para se concentrar na escola.

 

Embora a obesidade seja um fator de risco importante para a existência dos roncos no caso dos adultos, na maioria das vezes isso não se aplica às crianças. Malformações craniofaciais, doenças metabólicas e transtornos neuromusculares podem ser a causa deste problema, e requerem um tratamento em centro especializado, com um enfoque multidisciplinar. Na maioria das vezes a razão do ronco é o alargamento das amígdalas e adenoides.*

 

O ronco: o exame clínico

O diagnóstico dos roncos é feito por meio de um exame clínico minucioso, que pode ser realizado por um clínico geral. Ele fará uma série de perguntas relacionadas aos sintomas que levaram a criança à consulta, como respirar exclusivamente pela boca ou engolir com dificuldade – sinais de obstrução das vias respiratórias superiores – e sintomas que reflitam um sono fracionado, como fadiga, irritabilidade ou transpiração noturna.

 

Este exame será seguido por outro, realizado por um médico otorrinolaringologista para examinar se as amígdalas aumentaram ou se há anomalias dentofaciais, como palato estreito e em forma de ogiva. Uma radiografia do cavum ou nasofaringe (a porção nasal da faringe que se encontra atrás das fossas nasais e acima do palato mole) de perfil também pode ser útil para mostrar a hipertrofia das adenoides, conforme explica o Dr. Couloigner.

 

O nasofibroscópio, que permite uma visão clara da parte posterior da garganta e da caixa de voz (laringe), deve ser reservado para casos específicos, como o de pacientes jovens nos quais não é possível ver bem as amígdalas. Este exame é realizado por um médico otorrino com anestesia local.

 

Na França, diferentemente dos Estados Unidos, a Sociedade Francesa de Otorrinolaringologia (SFORL) não recomenda o uso rotineiro da polissonografia (gravação de diversas variáveis fisiológicas durante o sono) em um laboratório do sono. Embora esta seja a única técnica validada para estudar o sono, a verdade é que, segundo os médicos franceses, ela apresenta diversas limitações: além de seu alto custo, o estudo proporciona uma imagem instantânea que pode ser falsamente alarmante no caso de uma infecção na nasofaringe, e não mede o trabalho respiratório e nem a apneia respiratória (CO2 no sangue), essenciais para o diagnóstico de transtornos respiratórios obstrutivos. O estudo em crianças, portanto, deve ser limitado a três situações:

 

  • No caso de doença grave subjacente.
  • No caso de discrepância entre os exames clínicos e os transtornos respiratórios descritos.
  • No caso de alto risco cirúrgico.

 

A polissonografia também pode ser útil quando os pais não estão confortáveis com a ideia da cirurgia, já que pode tornar objetiva a necessidade da intervenção, conforme acrescenta o Dr. Couloigner.

 

Roncos: quais são os tratamentos?

O tratamento depende da causa dos roncos:

 

  • Para roncadores crônicos, que não exibem transtornos obstrutivos severos das vias respiratórias e que respiram exclusivamente pela boca, o tratamento consiste na eliminação das adenoides.
  • Para os roncadores crônicos que sofrem de transtornos das vias respiratórias, a eliminação das adenoides deve ser acompanhada da resseção das amígdalas: esta intervenção, mais dolorosa, causa uma dor similar à da angina, durante cerca de quinze dias, e é acompanhada por um risco considerável de hemorragia (1 a 3%). O procedimento é feito sob anestesia geral, de forma ambulatorial ou com hospitalização de uma noite.

 

Estas intervenções são eficazes em somente 60 a 80% dos casos. Por esta razão, recomenda-se fazer avaliações dentofaciais de maneira sistemática, para determinar se um tratamento de ortodontia é necessário, principalmente o alargamento do palato, no caso de ser estreito e ogival.

 

Outros tratamentos consistem na administração de corticoides para reduzir a inflamação das vias aéreas superiores, ou na turbinoplastia para reduzir o volume dos cornetos inferiores. Ambos os tratamentos são reservados para casos muito específicos. Já a septoplastia não é recomendada para corrigir os desvios do septo nasal nas crianças, de acordo com o Dr. Couloigner. Por outro lado, a redução das amígdalas é um procedimento controverso.

 

A nasofibroscopia, que permite ver a parte posterior da garganta e as cordas vocais (laringe), deve ser limitada a casos específicos, como quando não há hipertrofia das amígdalas. Este exame é realizado por um médico otorrino, com anestesia local.

 

O ronco das crianças sempre deve ser levado a sério. Embora costume ser benigno, quando os transtornos do sono são severos podem chegar a interferir no crescimento, tornando-o mais lento. Por isso, quando seu filho estiver dormindo, não hesite em entreabrir a porta do quarto e verificar se ele não está roncando.

 

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*As amígdalas e as adenoides são massas de tecido similares aos gânglios linfáticos do pescoço, da virilha ou das axilas. As amígdalas são as duas massas da parte posterior da garganta. As adenoides se encontram na parte superior da garganta, atrás do nariz e do palato mole, e não podem ser vistas sem instrumentos especiais.

 

Mises au point. Ronflement chez l’enfant:un symptôme fréquent à ne pas négliger- Vincent Couloigner, atendimento de Otorrinolaringologia do Hospital Necker-Enfants Malades (AP-HP). Intervenção no contexto de Entretiens de Bichat, no Congresso de Medicina realizado em Paris entre os dias 13 e 15 de setembro de 2012.

 

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