Rui Car
16/05/2017 09h05 - Atualizado em 16/05/2017 08h16

Sim, os pais também podem ter depressão pós-parto!

A depressão pós-parto afeta 1 em cada 10 pais

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Para muitos pais, o nascimento de um filho é uma das experiências mais felizes da vida, regado a sorrisos, abraços e fotos. Mas, para outros, a paternidade, e todas as mudanças que ela promove em suas vidas, pode levar a uma depressão pós-parto.

 

Embora já se saiba há tempos que as mães sofrem o risco de desenvolver problemas de ordem psicológica nesta época delicada, você ficará surpreso em descobrir que os pais também podem sofrer de depressão pós-parto.

 

Na verdade, de acordo com pesquisas recentes, cerca de 1 em cada 10 homens sofre de depressão após o nascimento de seus bebês. Alguns especialistas acreditam que o número de doentes talvez seja ainda maior, devido ao fato de que os homens são mais propensos a manter segredo sobre seus sintomas.

 

Além disso, muitos homens que admitem estar sofrendo de depressão pós-parto, encaram a descrença de pessoas que se recusam a acreditar que eles também passam por este problema. Em muitos casos, homens passam por essa dificuldade sem receber ajuda, porque as pessoas não dão o devido valor ao fato.

 

Parte disso também se deve a uma falta de consciência e capacidade de detectar os sintomas do problema. A causa mais provável é a relutância dos homens em admitir que há um problema, já que, em muitos casos, eles enfrentariam o estigma de uma sociedade que, em muitos casos, responderia às suas necessidades com um “seja homem”.

 

Como a depressão pós-parto é hormonal, acredita-se que os pais não deveriam ser afetados. Mas a questão é que nem sempre os hormônios femininos são os culpados pela condição.

 

De acordo com a NCT, assim como ocorre com as mães, não se sabe por que alguns pais são afetados e outros não. Em muitos casos, a depressão é desencadeada por eventos estressantes e emocionais. É claro que ter um bebê engloba as duas coisas.

 

A pressão gerada pela paternidade, o aumento das responsabilidades financeiras, as mudanças no relacionamento e no estilo de vida, combinados com a privação de sono e o aumento da carga de trabalho em casa, podem contribuir para um declínio do bem-estar de ambos os pais.

 

Um histórico de problemas de ordem psicológica, um parto traumático ou até mesmo um parceiro que sofre de depressão, também podem ser fatores contribuintes. Na verdade, pesquisas da NCT descobriram que quase três quartos (73%) dos pais se preocupam com a saúde mental de seus parceiros.

 

Os sintomas em homens que sofrem de depressão pós-parto são muito semelhantes aos que ocorrem com as mulheres, podendo incluir o sentimento de impotência, a dificuldade de criar vínculos com o bebê, falta de concentração, dificuldade de tomar decisões e falta de interesse ou alegria pelo bebê.

 

Em casos graves, alguns homens podem sentir um medo obsessivo ou ter pensamentos suicidas.

 

Mark Williams passou por isso. Mark sofreu com a depressão pós-parto por quase sete anos após o nascimento de seu filho, em 2004.

 

Mark Williams e sua esposa, Michelle [foto: Mark Williams]
 

Logo após o nascimento do filho, Mark viveu seu primeiro ataque de pânico.

 

“Isso começou depois que vi a Michelle e o bebê na sala de parto do hospital. Senti como se eles fossem morrer e tive um ataque de pânico”, disse ele ao Yahoo Style.

 

Logo depois, sua esposa desenvolveu um caso severo de depressão pós-parto. Ele acredita que este foi um fator contribuinte para o declínio da sua própria saúde mental.

 

Lutando contra a pressão de cuidar de sua esposa e do bebê, juntamente com o aumento das responsabilidades financeiras, Mark começou a sofrer com uma depressão debilitante.

 

“A depressão pós-parto da Michelle teve um impacto negativo sobre mim quando eu precisei sair do trabalho para cuidar dela. Eu tive problemas financeiros e precisava pagar a hipoteca, num isolamento total, que eu não sabia quando e se terminaria. Eu nunca tive depressão antes disso. Tudo que eu queria é que a Michelle melhorasse, por isso eu mal me preocupava comigo mesmo durante essa época”, ele explica.

 

A depressão avançou tanto que Mark começou a ter pensamentos suicidas.

 

“Eu não havia me planejado para aquilo, mas fiquei muito mal”, ele continua. “Era como se uma névoa pairasse no meu cérebro. Minha mente estava a mil o tempo todo. Foi o pior momento da minha vida. Sair da cama era como escalar uma montanha”.

 

 
Mark sofreu de depressão pós-parto por quase sete anos após o nascimento de seu filho, em 2004 [foto: Mark Williams]
 

Após anos de sofrimento, Mark acabou entrando em colapso, o que o forçou a procurar ajuda. Ele agradece sua recuperação à terapia cognitiva-comportamental, aos exercícios e técnicas de enfrentamento que aprendeu.

 

Em 2011, Mark descobriu o Fathers Reaching Out, uma campanha que visa conscientizar os pais sobre os problemas de saúde mental pós-natal, ajudando os novos pais. Segundo ele, este também foi um dos fatores decisivos em sua recuperação.

 

Agora, ele quer incentivar outros pais a procurarem ajuda tão cedo quanto possível.

 

“Quanto mais rápido começar o tratamento, mais rápida será a recuperação e mais tempo você terá para aproveitar o resto da sua vida”, ele diz.

 

Ele também acredita que pais e mães deveriam receber apoio nesta época complicada da vida, especialmente se já tiverem um histórico de depressão ou ansiedade.

 

“Às vezes, as dificuldades de um pai podem impactar a saúde mental da mãe, o que, sem o devido apoio, pode destruir o relacionamento e prejudicar o vínculo do casal com seu bebê”, ele explica.

 

“A prevenção poupa dinheiro e, mais importante, salva vidas. Muitos pais são diagnosticados com depressão quando o problema é detectado nos primeiros doze meses após o nascimento, a época mais provável para se ter depressão pós-parto”, ele continua.

 

“Devemos abordar a saúde mental no pré-natal de uma forma holística. A depressão masculina pode ser muito diferente da feminina. Precisamos que ela seja reconhecida o quanto antes”.

 

É preciso conscientizar as pessoas de que homens também podem ter depressão pós-parto [foto: Pixabay via Pexels]
 

A NCT diz que os homens devem ser apoiados e encorajados a falar sobre suas experiências, seja com sua parceira, familiares, amigos ou grupos de apoio.

 

“Reconhecemos o enorme impacto que a chegada de um bebê pode ter sobre os pais, assim como sobre as mães”, diz a Dra. Sarah McMullen, chefe de pesquisa da NCT.

 

“Problemas de saúde mental durante o pré-natal podem afetar homens e mulheres. Sendo assim, é crucial que a conscientização sobre as preocupações específicas dos pais seja feita. Muitas vezes, os novos pais se sentem desconfortáveis ao falar sobre seus sentimentos, mas devem ser encorajados a fazê-lo e a buscar o apoio do que necessitam”.

 

A NCT tem as seguintes sugestões para auxiliar no bem-estar mental de todos os pais:

 

  • Compartilhe seus sentimentos com pessoas que você confia. Sejam, familiares, amigos, um profissional ou conselheiro.
  • Tente tirar algum tempo para si mesmo, mantendo seu envolvimento em atividades sociais, hobbies e exercícios físicos. Qualquer tempo que você conseguir, já ajuda.
  • Faça algum exercício físico todos os dias, seja uma caminhada ou até mesmo natação. Os exercícios podem ter um efeito positivo sobre o humor e a sensação de bem-estar.
  • Embora muitos pais sofram com flutuações de humor de vez em quando, você deve perceber quando os sentimentos de infelicidade e mau humor persistirem. Caso tenha motivos para se preocupar com sua saúde mental ou a de sua parceira, procure ajuda de um profissional de saúde, que pode lhe indicar as soluções disponíveis.

 

 

Marie Claire Dorking

Yahoo Style UK

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