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Foi no tapete da porta de casa que a agricultora Lúcia Kohl Dalmolin, de Mirim Doce, flagrou uma cena que se tornou viral nas redes sociais. A cachorrinha Emy, da raça pinscher, interagia de forma intensa com uma borboleta da família Nymphalidae, a mesma das borboletas-monarcas. Mas o que parecia uma “amizade improvável”, na verdade, era uma estratégia da borboleta, uma forma de se alimentar de suor e outras substâncias ricas em sais minerais para complementar sua dieta.
A imagem correu as redes de forma intensa. O vídeo, publicado pela primeira vez no dia 17 de março teve milhares de curtidas e compartilhamentos por conta da “fofura” da relação entre o pinscher, de apenas quatro meses, e a borboleta. “Nós estávamos almoçando e meu marido saiu na porta da casa, viu essa cena e já começou a filmar. Eu postei na internet, mas nunca imaginei que ia repercutir desse jeito, imaginava que ia dar apenas algumas curtidas”, conta Lúcia.
A imagem espalhada como “o vídeo mais fofo do ano” traz também detalhes interessantes sobre a relação dos animais. Comportamentos desvendados por especialistas logo que viram o flagrante tomar as redes. O estudante de biologia da Universidade de Brasília, Mateus Sanches, foi um dos responsáveis por explicar o que de fato ocorria na cena através de sua página de divulgação científica, a InsetoLand.
“Tentei esclarecer que, na realidade, ali estava ocorrendo mais uma interação de alimentação pela parte da borboleta e não uma brincadeira, como muitos pensaram. A borboleta estava tentando sugar os líquidos que se acumulam na narina do cachorro, por onde ocorre parte das trocas de calor desses animais (provavelmente o suor deles)”, conta o divulgador científico.
Borboletas, mariposas e abelhas utilizam substâncias como essas para compor a alimentação e buscar o suor ou ainda as lágrimas de outros animais é uma estratégia de sobrevivência para adquirir esses sais minerais. “É um comportamento relativamente comum, mas ver isso acontecer é um pouco mais difícil. É mais fácil encontrar abelhas tentando sugar o suor humano. Borboletas e mariposas são mais ‘medrosas’”, define o estudante.
Independente da raridade, o vídeo fofo gerou muito mais repercussão do que a explicação científica sobre a cena. Mas, para Mateus Sanches, a empatia gerada pelo discurso da “amizade improvável” também faz com que as pessoas se preocupem mais com os animais.
“Muitas pessoas não têm curiosidade sobre os insetos e pensam que eles não fazem nada de legal. Conhecer e entender a complexidade e estratégias de vida desses bichinhos pode estimular uma curiosidade para um mundo de descobertas sobre eles”, reforça quanto à conservação.
“Uma das maiores belezas da biologia é isso: tentar compreender o diferente, sua história de vida, suas estratégias, sua forma de reagir ao mundo“