A conquista de IG destaca Vinhos de Altitude (Foto: Divulgação)
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Os Vinhos Finos de Altitude de Santa Catarina, produzidos nas regiões de montanha do Estado, conquistaram o selo de IG (Indicação Geográfica), nesta terça-feira (29), concedido pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
O registro é dado aos produtos que apresentam qualidade única e características do seu local de origem, como, por exemplo, do vinho do Porto, de Portugal, e da Champagne, da região de Champagne, na França. A qualidade dos vinhos produzidos nas regiões de altitude é reconhecida pelas características de solo, altitude, clima, variedades de uvas e técnicas de cultivo.
A conquista de IG destaca que os vinhos produzidos na região são diferenciados dos demais produzidos em outras regiões do Brasil e, com a conquista do selo, a produção catarinense tem mais potencial para agregar valor econômico e conquistar novos mercados.
“A indicação geográfica é um processo belíssimo, que reúne várias contribuições. É um reconhecimento nacional e internacional, de que aquele produto é único e possui características únicas”, afirma Mara Rúbia Romeu Pinto Muller, da Secretaria Estadual de Agricultura da Pesca e do Desenvolvimento Rural.
“Ficamos contentes quando um produto é reconhecido e os produtores podem se apropriar daquilo que sempre foi deles, apresentando Santa Catarina como referência de excelência em sua produção”, ressaltou Mara Rúbia.
“A concessão da IG coroa um trabalho de mais de 30 anos de pesquisa em torno da produção de vinhos finos em Santa Catarina”, lembra Edilene Steinwandter, presidente da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).
Edilene Steinwandter destaca o trabalho multidisciplinar desenvolvido ao longo deste período, envolvendo experimentos com variedades de uvas viníferas, estudos ambientais, entre outros, que resultou no estabelecimento de uma cadeia produtiva organizada no Estado.
Produtos reconhecidos
Os produtos reconhecidos são os vinhos finos, vinhos nobres, vinhos licorosos, espumante natural, vinho moscatel, e o brandy de Santa Catarina. São mais de 300 hectares de área cultivada e mais de um milhão de garrafas produzidas anualmente.
Motivados por tradições familiares e paixões pessoais, há três décadas, empreendedores iniciaram a implantação da cadeia produtiva dos vinhos de altitude em Santa Catarina. O Vale do Contestado e a Serra são as duas grandes regiões produtoras.
Esse momento foi motivado pelas pesquisas iniciadas pela Epagri naquela época, que permitiram o cultivo de uvas viníferas no Estado. O resultado desta iniciativa vem produzindo vinhos com intensa coloração, definição aromática e equilíbrio gustativo, características reconhecidas pelo mercado consumidor.
O selo do INPI reconhece os Vinhos de Altitude produzidos em área delimitada, que engloba municípios como Rancho Queimado, Anitápolis, Alfredo Wagner, Bom Retiro, Urubici, Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urupema, Painel, Lages, Capão Alto, Campo Belo do Sul, São José do Cerrito, Vargem, Brunópolis, Campos Novos, Curitibanos, Frei Rogério, Monte Carlo, Tangará, Fraiburgo, Pinheiro Preto, Videira, Rio das Antas, Iomerê, Arroio Trinta, Santo Veloso, Treze Tílias, Macieira, Caçador, Vargem Bonita e Água Doce.
São mais de 22 vinícolas associadas e mais de 80 viticultores que produzem vinhos de uvas viníferas e integram parte do território delimitado.
“Essa conquista representa um avanço muito significativo, na medida em que teremos um selo que garante o padrão de qualidade do produto, e que também possibilita um grande avanço na gestão e estabelece um padrão da viticultura do território de Santa Catarina”, afirma José Fernando da Silva Protas, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, uma das parceiras no processo que resultou na conquista.
“A Indicação Geográfica também representa a organização de vinhateiros do território que se empenham a explorar o alto padrão dos vinhos produzidos na região”, disse José Fernando da Silva Protas.
Valorização da gastronomia de Santa Catarina
Além da conquista de Indicação Geográfica para os Vinhos de Altitude, o Estado está representado por Indicações Geográficas de produtos como os Vinhos e Espumantes de Uva Goethe, dos Vales da Uva Goethe, a Banana da Região de Corupá e o Queijo Artesanal Serrano, no Campos de Cima da Serra.
“Pensando em valorizar a gastronomia e a agricultura familiar catarinense, o Sebrae/SC, com outros parceiros, desenvolve ações que buscam valorizar produtos e serviços típicos e tradicionais das diferentes regiões do Estado”, afirma o diretor técnico no Sebrae/SC, Luc Pinheiro.
“Essa é a quarta Indicação Geográfica registrada em Santa Catarina. R conquistas como essa nos deixam muito orgulhosos, provando o valor que esse reconhecimento nacional e internacional tem para o desenvolvimento da economia local e para a sustentabilidade dos pequenos negócios”, ressalta Luc Pinheiro.
“Com essa certificação, o produto deve ganhar ainda mais valor de mercado, promovendo a cadeia produtiva da região e estimulando o turismo e o desenvolvimento territorial”, explica o diretor técnico do Sebrae/SC.
O presidente da Vinhos de Altitude – Produtores e Associados, Humberto Conti, afirma que a conquista para o selo foi possível graças a um esforço conjunto.
“Foi um trabalho muito interessante e que só vem para valorizar os produtos catarinenses, realizado em conjunto com vários parceiros e coordenado pelo Sebrae/SC com muita competência”, disse. “É um reconhecimento de que produzimos um produto especial e de qualidade. Essa é uma grande conquista para Santa Catarina, diferenciando e mostrando o valor de nossos produtos”, ressalta Humberto Conti.
Busca pelo reconhecimento
Esse reconhecimento começou há cerca de oito anos, quando o Sebrae/SC, em parceria com a AMURES (Associação dos Municípios da Região Serrana), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Epagri, Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Secretaria Estadual de Agricultura da Pesca e do Desenvolvimento Rural e a Vinhos de Altitude – Produtores e Associados iniciaram o processo para conquista do selo de Indicação Geográfica para o produto.
Foram desenvolvidas pesquisas por diferentes instituições que comprovaram o potencial das regiões de altitude de Santa Catarina para a produção de vinhos finos, agora comprovados pelo INPI.
