Rui Car
09/12/2019 10h45 - Atualizado em 09/12/2019 08h53

Viúvo de 86 anos almoça em escola todo dia para afastar solidão: “estaria perdido se não viesse aqui”

Por aproximadamente 15 anos, Cyril e sua esposa almoçaram na cantina da escola, em meio às crianças e adolescentes

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E quando uma companhia de décadas e décadas vai embora, como ficamos? Cyril Aggett tinha 80 anos quando sua esposa, Shirley, faleceu, há seis anos. Ao voltar do sepultamento e fechar a porta da casa, agora vazia, depois de se despedir da família, foi imediatamente nocauteado pela solidão. O que o salvou foi a escola vizinha à sua casa, em Plymouth, na Inglaterra.

 

Por aproximadamente 15 anos, Cyril e Shirley almoçaram na cantina da instituição, em meio às crianças e adolescentes. Depois da morte da esposa, o idoso não teve forças para ir até o local. Foi um telefonema da equipe da escola, preocupada em saber se estava tudo bem, que fez com que Cyril voltasse a almoçar por lá.

 

“Quando vim aqui pela primeira vez, eu estava no fundo do poço”, conta ele ao jornal local Plymouth Live. “Recebo uma xícara de chá, meu almoço e um bom serviço. Todos conversam comigo, a equipe administrativa é brilhante e, mesmo quando minha esposa esteve doente, eles levavam a comida até ela”.

 

Há cerca de um ano, Cyril passou por um período difícil, sem vontade de levantar da cama. “Eu não levantava antes das duas da tarde. Acho que Shirley teria dito: ‘Mexa-se!’ Vir até à escola me tirou de minha concha de novo”, relata. A escola vai até preparar alguns alimentos congelados para Cyril ter o que comer durante as férias. “Na verdade acho que eles nem deveriam tirar férias”, brinca ele.

 

“Viver sozinho pode ser bastante solitário”, confessa o sapateiro aposentado. “Venho aqui e vejo as crianças, muitas conversam comigo, adoro a companhia e o barulho. Quando saio e volto para casa, não há mais nada. É realmente um caos, e é bom. Eu estaria perdido se não viesse aqui”.

 

Cyril tenta combater a solidão através da música. “Acabei de comprar um aparelho de som novo. Agora posso tocar meus LPs dos anos 1920 aos 1970”, diz. “Se me entedio, apenas ponho a música para tocar e curto um pouco. É o tipo de música que eu gosto, não essas coisas modernas”.

 

O jornal veiculou a história de Cyril como uma forma de conscientização sobre o problema da solidão na terceira idade. O Plymouth Live está fazendo uma campanha de Natal para, através do alistamento de voluntários e de arrecadação de fundos para refeições, oferecer oportunidades de interação social para idosos da cidade. Quase um quinto da população do Reino Unido tem 65 anos ou mais. Em algumas regiões, essa parcela chega a um terço.

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