Tem gente que gosta de cachorro, tem gente que prefere gatos, mas tem quem crie todo tipo de animalzinho em casa. Muita gente já teve iguana, cobra, hamsters e porquinhos-da-Índia. Teve até um tempo que ter um ratinho de laboratório era moda!
Mas e de ferret, você já ouviu falar? Talvez o conheça pelo nome brasileiro, de furão, um bichinho parecido com um roedor, mas que na verdade pertence à família dos texugos.
Dizem que os furões foram domesticados há muito tempo e que além de serem bonitinhos, já foram usados na caça. Isso porque são bichinhos meio curiosos e eram ótimos para desentocar coelhos e outros roedores. Inclusive, isso teria dado aos furões mais uma utilidade: espantar pragas de cereais.
Desde meados da década de 1970 começou a ficar popular criar furões como animais de estimação nos Estados Unidos, e o hábito começou a se espalhar. Por lá e pela França, são pets que só perdem em popularidade para os gatos e cachorros.
No Brasil, também tem seus adeptos. Como o advogado André Troesch Oliveira, que em novembro de 2016 trouxe o Mustela dos Estados Unidos, mesmo sabendo do alto custo de um bichinho desses e do fato de que não vivem muito — a expectativa média de vida de um é entre 7 e 8 anos.
Troesch explica que sempre ouvia que os furões eram fedidos, mas que a coisa não é bem assim, ainda que tenham seu cheirinho característico. O Mustela é um bichinho asseado, cuja gaiola precisa ser limpa sempre, apesar de bem bagunceiro.
André também precisou realizar mudanças em sua rotina para se adequar ao novo amiguinho: manter portas fechadas na cozinha e nos banheiros, além de usar sempre capas nos sofás, por que seu bichinho é tão atentado que quer se enfiar em qualquer vão. Fora da gaiola, que precisa ser um lugar confortável, o Mustela só fica se tiver companhia de um adulto. Apesar de independentes, os ferrets requerem atenção, um pouquinho de chamego e cuidados.
Além de caros, os ferrets precisam de rações especiais que não custam barato. Uma embalagem de 5 kg custa aproximadamente R$ 280 e dura, em média, 4 meses. A veterinária Juliana Guarnieri, que desde 2000 – data em que os primeiros furões começaram a chegar no Brasil – já teve 8 ferrets e hoje possui 3: a Nina, a Gina e o Gino. Além de apaixonada pelos bichinhos, Juliana é pós-graduada em animais silvestres e exóticos.
A especialista conta que antes de chegar ao Brasil, os ferrets precisam ser castrados. Como isso é feito de forma muito precoce, há correntes que acreditam que isso pode trazer problemas de saúde. Por aqui, criar é ilegal, então todos os ferrets precisam ser importados com autorização do IBAMA, que exige a microchipagem e a transação com nota fiscal. Comprar sem atender a estes requisitos pode render multa e processo.
Entre os cuidados com estes animaizinhos estão a vacina contra raiva e cinomose, além de medicação preventiva de pulgas. É recomendado, também, um check-up com um especialista a cada seis meses. “No geral, a manutenção é barata, mas quando ele tem alguma doença ou necessita de cirurgia, os valores são bem altos”, explica Juliana.
“Se você é uma pessoa que não tem tempo, vai deixá-lo sozinho na gaiola e ficar 5 minutos por dia com ele, não tenha um furão. Se não quiser limpar sempre a gaiola, não tenha também”, explica o dono do Mustela. Juliana coloca, na lista de recomendações, a informação de que é importante pesquisar, antecipadamente, a existência de um veterinário especialista por perto para casos de emergência. “Se possível, sempre se deve adquirir mais de um furão para que interajam e brinquem entre eles”, acrescentando que se adaptam a cães e gatos, mas de forma gradativa. “Mas evite o contato dos ferrets com hamsters, aves e coelhos”, recomenda a veterinária.