Rui Car
28/01/2019 08h54

Análise: São Paulo é presa fácil para o Santos e preocupa a dez dias da Libertadores

No primeiro grande teste do ano, time mostra problemas que a simples entrada de Hernanes não será capaz de resolver

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Por Alexandre Alliatti - Globo Esporte

Por Alexandre Alliatti - Globo Esporte

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Não havia motivo para empolgação nas duas boas vitórias do São Paulo na largada do Campeonato Paulista. E não há razão para desespero na derrota para o Santos – 2 a 0, neste domingo, no Pacaembu. Mas o torcedor tricolor provavelmente acorda nesta segunda-feira mais desconfiado do que esperançoso. E está correto. A atuação no clássico, o primeiro grande desafio da temporada, foi muito, muito ruim.

 

 

São Paulo perdeu para o Santos em tudo que se pode perder. O adversário, que não é exatamente um coletivo de supercraques, teve evidente supremacia técnica. E ficou mais com a bola, e chutou mais a gol, e teve mais chances claras de marcar, e teve domínio territorial. O Tricolor marcou mal, atacou pouco e não conseguiu ser um time reativo às investidas do oponente. Sucumbiu diante de uma equipe que, com menos de um mês de treinos no ano, não teria motivos para ser tão superior.

 

Números do jogo

Posse de bola: Santos 53% x 47% São Paulo

Finalizações: Santos 12 x 7 São Paulo

Chances reais de gol: Santos 8 x 2 São Paulo

 

A equipe de André Jardine foi a campo ciente de que o Santos tentaria dominar o jogo com posse de bola – é o modo Jorge Sampaoli de praticar futebol. Mas a ciência não levou o time tricolor a encontrar maneiras de quebrar o estilo do adversário.

 

 

Nenê não consegue vitória pessoal. Defesa do Santos anula o São Paulo — Foto: Marcos RibolliNenê não consegue vitória pessoal. Defesa do Santos anula o São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Nenê não consegue vitória pessoal. Defesa do Santos anula o São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

 

Jardine escalou o time com Nenê posicionado na linha mais ofensiva, ocupando o lado esquerdo, com Pablo como vizinho pelo meio e Helinho aberto na direita. Everton, com isso, ficou mais atrás, trocando de posição com Nenê em alguns momentos. Era uma estratégia que poderia dar ao time diferentes qualidades: a intensidade de Everton, partindo de trás e ajudando na marcação, e a qualidade de Nenê, mais próximo do gol.

 

Escalação inicial do São Paulo na derrota para o Santos — Foto: GloboEsporte.comEscalação inicial do São Paulo na derrota para o Santos — Foto: GloboEsporte.com

Escalação inicial do São Paulo na derrota para o Santos — Foto: GloboEsporte.com

 

Mas ficou só na ideia mesmo. O São Paulo quase nada fez. A defesa do Santos engoliu o ataque tricolor – Pablo esteve sumido, totalmente dominado por Gustavo Henrique, e Helinho mais correu do que criou pela direita, enquanto Nenê também não conseguia resolver na esquerda.

 

A equipe de André Jardine ficou sem a bola e sem capacidade de reação quando a recuperava. E permitiu que o Santos atacasse. Tiago Volpi fez duas boas defesas antes de Luiz Felipe, de cabeça, superar Arboleda na pequena área e fazer 1 a 0, quase no fim do primeiro tempo.

 

 

Era evidente que se fazia necessária uma mudança. E Jardine optou pela alternativa mais natural: Diego Souza. Helinho deixou o time, e o camisa 9 entrou centralizado, entre Nenê e Pablo. Mais uma vez, não funcionou. Tudo que o São Paulo conseguiu foi ter mais a bola e rondar mais a área santista em comparação com o primeiro tempo. Mas jamais pressionou. E levou o 2 a 0 – gol de Derlis González, em contra-ataque.

 

 

Cabe uma ressalva fundamental: Hernanes entrará nesta equipe. Mas a mera presença do jogador, por melhor que seja (e é!), não poderá resolver tantos problemas, caso eles se repitam. Hudson, capitão do time, foi tanto sincero quanto cirúrgico ao diagnosticar, depois do clássico: o São Paulo já demonstrou qualidades neste começo de ano, mas tem muito a melhorar.

 

Até porque já tem Libertadores da América em dez dias. Em 6 de fevereiro, o São Paulo começa a enfrentar o Talleres, da Argentina. E é duelo eliminatório.

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