Rui Car
06/05/2019 14h16

Anderson Silva minimiza resultados: “Transcendi essa coisa de peso de vitória e derrota”

Ex-campeão peso-médio já esteve invicto por 17 lutas

Assistência Familiar Alto Vale
Canal Combate

Canal Combate

Delta Ativa

Antes de ler o que Anderson Silva tem a dizer, é válido contextualizar: em outubro de 2012, no Rio de Janeiro, o Spider nocauteava Stephan Bonnar. Eram 17 vitórias seguidas até ali. Depois disso, o lutador curitibano, que completou 44 anos no último dia 14 de abril, lutou sete vezes, e o panorama é bem diferente: foram cinco derrotas, uma vitória e um “no contest” (luta sem resultado).

 

Em entrevista exclusiva ao Combate, em meio ao camp de treinamento para sua participação no UFC Rio 10, marcado para o próximo sábado, Anderson Silva tirou o peso dos resultados ruins. Nome presente em qualquer discussão sobre quem é o melhor lutador de MMA de todos os tempos, ele quer mesmo é dar show para os fãs, como fez em sua última luta, em fevereiro, quando perdeu para Israel Adesanya.

 

– Tem tantas coisas que você acaba aprendendo em lutas como essa com o Adesanya… Você começa a perceber que quando chega nesse estágio não tem muito a perder. Os seus fãs não querem mais saber se você vai vencer, perder, empatar, ou não, eles querem ver sua performance, suas expressões marciais dentro do cage. Isso é uma coisa que poucos conseguiram fazer, então me sinto um cara feliz e privilegiado.

 

Com 44 lutas ao longo de uma carreira de mais de 20 anos, Anderson Silva garante que as cobranças externas também não têm mais influência em sua vida.

 

– Acho que consegui transcender essa coisa de peso de vitória e derrota, e também tem uma coisa muito pessoal, de ficar ligando para o que as pessoas falam: “Ah, perdeu”, “agora vem de dez derrotas”… Quando você ama o que faz, não interessa se perdeu ou ganhou. Lógico que todo mundo quer vencer, mas é um esporte individual, então têm coisas que você não tem controle.

 

Anderson Silva vem de derrota para Israel Adesanya, em fevereiro, na Austrália — Foto: CombateAnderson Silva vem de derrota para Israel Adesanya, em fevereiro, na Austrália — Foto: Combate

Anderson Silva vem de derrota para Israel Adesanya, em fevereiro, na Austrália — Foto: Combate

 

Sobre a luta com o nigeriano – agora campeão interino dos médios – em fevereiro, na Austrália, Anderson Silva negou as impressões de que tenha estado mais motivado do que em compromissos anteriores, e também garantiu que não acompanhou as repercussões que foram elogiosas a seu respeito.

 

– Passou como mais uma luta. O desafio de você poder estar lutando, sempre se testando, é legal, você amar o que você gosta, fazer o que você gosta com amor é muito legal (…). Não fico olhando essas coisas (de repercussão), acabou a luta e fui fazer minhas coisas, continuei cuidando da minha empresa, das coisas que tenho fora da luta.

 

Logo após o duelo em Melbourne, que terminou com vitória de Adesanya por pontos, Conor McGregor foi às redes sociais e sugeriu uma luta com o brasileiro, prontamente aceita por Anderson. Spider ainda citou que gostaria de enfrentar Nick Diaz de novo, e quando o UFC ainda estava programado para Curitiba, cidade em que o lutador despontou nas artes marciais. No fim, Anderson enfrentará o americano Jared Cannonier, nono colocado do ranking, seis posições acima da sua.

 

– Não desafiei o Conor, o Conor me desafiou. E aí aceitei o desafio dele, acho que será uma grande luta se o Dana colocar para acontecer. São dois grandes atletas, e um desafio incrível, tanto para ele como para mim. Eu porque tenho que conseguir chegar num peso que seja viável para que essa luta aconteça, e para ele o desafio de lutar com um cara que vai supostamente dar um trabalho. O Nick Diaz não sei por quê não quis lutar, não tenho essa informação, mas faria sentido porque nossa luta foi “no contest”. E aí o Dana me ofereceu a luta com Cannonier e lógico que aceitei, porque estou no ritmo e o tempo é o grande controlador de toda a situação de todos nós, porque a única coisa que a gente não tem controle é sobre o tempo. Poder lutar agora de novo, bem, com ritmo… Fiquei dois anos sem lutar, ritmo para mim é importante.

 

 

Anderson Silva, aos 44 anos, tem um cartel com 34 vitórias e nove derrotas — Foto: CombateAnderson Silva, aos 44 anos, tem um cartel com 34 vitórias e nove derrotas — Foto: Combate

Anderson Silva, aos 44 anos, tem um cartel com 34 vitórias e nove derrotas — Foto: Combate

 

Com 35 anos, Jared Cannonier tem um cartel de 11 vitórias e quatro derrotas, mas fez carreira no peso-pesado (até 120kg) e no meio-pesado (até 93kg). Ele desceu para os médios (até 84kg) na última luta, quando nocauteou David Branch no segundo round.

 

– Ele é um cara que tem bastante experiência, um cara duro, que não anda para trás, pega muito duro, tem uma resistência física e uma técnica muito boa. Será uma grande experiência e um grande desafio para todos.

 

E depois dessa luta, veremos Anderson Silva de novo em ação? “Com três ou quatro lutas em contrato”, segundo o próprio lutador, aposentadoria não é um assunto imediato em seu planejamento. Alguma data?

 

– Aí a gente vai ter que perguntar para um Buda, alguém que tenha uma bola de cristal (risos). As pessoas pensam um monte de coisa, se eu ficar parando para pensar no que as pessoas pensam, não vivo. Independentemente do que as pessoas pensam, continuo fazendo o que gosto e o que amo.

 

Se tem uma coisa que Anderson Silva ama é lutar no Brasil. Ele fará sua terceira luta no Rio de Janeiro. Fora isso, lutou no país só antes de entrar para o Ultimate.

 

– Gosto muito de ter o desafio de poder lutar no Brasil, porque o Brasil é diferente, o público tem uma energia diferente, a energia aqui envolve toda a arena. E poder dar tudo de volta que os meus fãs brasileiros me deram é fantástico, poder lutar aqui é incrível.

 

Anderson Silva faz seu camp de treinamento no Rio de Janeiro, na escola de boxe de Cezario Bezerra — Foto: Zeca AzevedoAnderson Silva faz seu camp de treinamento no Rio de Janeiro, na escola de boxe de Cezario Bezerra — Foto: Zeca Azevedo

Anderson Silva faz seu camp de treinamento no Rio de Janeiro, na escola de boxe de Cezario Bezerra — Foto: Zeca Azevedo

 

Anderson Silva, que mora em Los Angeles, escolheu se preparar para o UFC Rio 10 na capital carioca. Ele se acostumou a levar todo o time para os Estados Unidos, e agora tem sido mais fácil a preparação.

 

– É mais fácil fazer aqui do que em Los Angeles, porque está todo mundo aqui e tem que transferir toda a galera para lá. É uma logística maior, então a gente optou por ficar aqui, tenho casa aqui, então é mais fácil.

 

E voltar a morar no Brasil não é hoje uma opção na vida do lutador. Los Angeles, onde já abriu uma academia, é de fato a casa da família Silva.

 

– Não acredito que isso venha a acontecer, tenho a minha empresa lá, meus projetos que estão dando super certo, a gente tem um filme saindo agora na China, tenho dois projetos gigantes com o Netflix que a gente está desenvolvendo, então não me vejo voltando nem tão cedo para o Brasil.

 

Serviço do UFC 237

Na próxima sexta-feira, dia 10, a pesagem oficial terá transmissão ao vivo do Combate.com às 9h (de Brasília), com a aferição do peso de cada lutador e as confirmações dos confrontos. Mais tarde, às 17h30, começa a transmissão da pesagem oficial, com as encaradas, com transmissão do CombateSporTV e Combate.com.

 

No sábado, dia 11, o UFC 237 terá início às 19h15, mas a transmissão do Combate começa às 18h15. O SporTV e Combate.com acompanham ao vivo as duas primeiras lutas, e o Combate.com cobre todo o evento em Tempo Real.

 

UFC 237
11 de maio de 2019, no Rio de Janeiro
CARD PRINCIPAL (23h, horário de Brasília):
Peso-palha: Rose Namajunas x Jéssica Bate-Estaca
Peso-médio: Jared Cannonier x Anderson Silva
Peso-pena: José Aldo x Alexander Volkanovski
Peso-meio-médio: Thiago Pitbull x Laureano Staropoli
Peso-leve: Francisco Massaranduba x Carlos Diego Ferreira
Peso-meio-pesado: Rogério Minotouro x Ryan Spann
CARD PRELIMINAR (18h15, horário de Brasília):
Peso-leve: Thiago Moisés x Kurt Holobaugh
Peso-galo: Irene Aldana x Bethe Correia
Peso-leve: BJ Penn x Clay Guida
Peso-mosca: Luana Dread x Priscila Pedrita
Peso-meio-médio: Warlley Alves x Sérgio Moraes
Peso-galo: Raoni Barcelos x Carlos Huachin
Peso-galo: Talita Bernardo x Melissa Gatto

Justen Celulares