Rui Car
10/06/2017 10h20 - Atualizado em 10/06/2017 08h35

Após denúncia, Inter prepara defesa e não vê motivo para exclusão da Série B

Colorado foi denunciado pelo STJD pela uso de documentos adulterados no caso Victor Ramos

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Após receber a denúncia do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pelo uso de documentos adulterados no caso Victor Ramos, com possibilidade até de exclusão da Série B, o departamento jurídico do Inter viveu uma tarde de reuniões para ajustar a defesa nos tribunais. Em meio a uma novela jurídica que pode ter desdobramentos gravíssimos para sua história, o clube mantém a confiança na absolvição no julgamento, marcado para a próxima terça-feira, às 15h, no Rio de Janeiro.

 

Vice jurídico do Inter não crê em punição severa (Foto: Reprodução/RBS TV)Vice jurídico do Inter não crê em punição severa (Foto: Reprodução/RBS TV)

Vice jurídico do Inter não crê em punição severa (Foto: Reprodução/RBS TV)

 

Em contato com o GloboEsporte.com, o vice jurídico Gustavo Juchem afirmou que o clube já esperava que a denúncia confirmasse a sugestão do relator do inquérito, o delegado Mauro Marcelo. O advogado garante que não há “justificativa” para que o Inter seja excluído de uma competição.

 

A argumentação colorada se sustenta em dois pilares: o inquérito comprovou que a adulteração não partiu dos advogados colorados e que não havia ciência de que os documetnos haviam sido adulterados. Além disso, Juchem citou como positivo que a denúncia não citou o comportamento dos advogados do clube.

 

– Estamos trabalhando na linha de defesa, o tempo é muito curto. Temos o prazo mínimo de três dias entre intimação e julgamento, mas já era esperada a denúncia. O ponto positivo é que a procuradoria entendeu, como vínhamos afirmando, que não havia qualquer ilicitude no comportamento dos advogados e ainda que houvesse não poderiam eles ser julgados pela Justiça Desportiva. E a denúncia do Inter ficou restrita ao suposto uso de documento falso. Não houve falsificação por parte do Inter e nem ciência do uso do documento adulterado. Vamos sustentar nossa absolvição. Se comenta exclusão da competição. Essa é a punição mais severa possível. Que iria de uma multa a uma suspensão temporária. A pior é a exclusão. Não vemos motivo para isso. Me parece que não há justificativa. Não há viabilidade – afirma Juchem.

 

O Colorado foi enquadrado no artigo 61 do Código Disciplinar da Fifa, incisos 1 e 4, que prevê multa e até exclusão da competição que disputa (no caso, a Série B). Já o ex-presidente Vitorio Piffero responderá pelos artigos 184, 234 § 1º c/c 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O dirigente pode levar um gancho de 180 a 720 dias sem poder atuar como dirigente, além de multa de até R$ 100 mil.

 

Ex-presidente também foi denunciado

O ex-presidente colorado Vitorio Piffero também foi denunciado e acabou enquadrado nos artigos 234 (uso de documento falsificado) e 258 (conduta antidesportiva) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Piffero pode levar um gancho de 180 a 720 dias sem poder atuar como dirigente, além de multa de até R$ 100 mil. Em contato com a RBS TV, o ex-presidente foi lacônico:

 

– A defesa está a cargo do Inter. Após concluído o processo, me pronuncio se for o caso.

 

Denunciado, Vitório Piffero não quis se pronunciar sobre caso Victor Ramos (Foto: Eduardo Deconto)Denunciado, Vitório Piffero não quis se pronunciar sobre caso Victor Ramos (Foto: Eduardo Deconto)

Denunciado, Vitório Piffero não quis se pronunciar sobre caso Victor Ramos (Foto: Eduardo Deconto)

 

Os e-mails usados pelo Inter

Na luta contra o rebaixamento na Série A em 2016, o Inter entrou com um pedido no STJD para fazer parte como interessado do processo que apurava a suposta escalação irregular do zagueiro Victor Ramos. O clube alegava que a transferência do zagueiro, que pertencia ao Monterrey, do México, para o o clube baiano foi ilegal. E para comprovar sua denúncia, anexou ao processo uma troca de e-mails entre o diretor de registros da CBF, Reynaldo Buzzoni, e a direção do Vitória.

 

Orgronograma da troca de emails caso Victor Ramos (Foto: Reprodução SporTV)Orgronograma da troca de emails caso Victor Ramos (Foto: Reprodução SporTV)

Orgronograma da troca de emails caso Victor Ramos (Foto: Reprodução SporTV)

 

Nas mensagens, o diretor da CBF teria orientado o Vitória a adotar procedimentos internacionais para inscrever o zagueiro e não nacionais, como foi feito. A alegação do clube gaúcho era de que isso caracteriza uma irregularidade, passível de punição. Duas perícias, no entanto, uma feita no Rio de Janeiro e outra em São Paulo, apontaram que os e-mails foram adulterados. Segundo um dos laudos, quando comparados aos originais, os e-mails apresentados pelo Inter “exibem inúmeras alterações em relação ao seu conteúdo, uma vez que sofreram modificações capazes de descaracterizar o seu sentido original”.

 

O inquérito do STJD aponta que os e-mails originais partiram do ex-diretor do Vitória, Anderson Barros, em 29 de fevereiro de 2016, e que passaram por empresários e advogados antes de chegaram ao Inter (veja o caminho abaixo). O primeiro a fazer adulterações nas mensagens teria sido o empresário do próprio jogador, Fransico Godoy. O Inter protocolou as mensagens no STJD no dia 7 de dezembro, só 81 minutos depois de recebê-las.

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