Rui Car
18/03/2017 18h00 - Atualizado em 18/03/2017 09h19

Barcelona diz que “nunca teve interesse”, e nega contratação de joia da base do Grêmio

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A joia Manu não irá para o Barcelona. A garantia é da própria direção do clube catalão. Em contato com Zero Hora, o diretor de futebol do clube, Raúl Sanllehí, negou veementemente a possibilidade de levar a promessa de 10 anos, que deixou de treinar na Escolinha do Grêmio na semana passada após passar por um período de testes no CT do clube catalão em fevereiro.

 

— Francamente, estamos chocados, e cansados, dessa polêmica artificial. Nunca tivemos interesse neste jogador, muito menos planejamos apresentar alguma oferta ou proposta para ele ou sua família. Tudo o que fizemos foi atender ao seu pedido para treinar conosco durante suas férias, e, obviamente, só após receber permissão do Grêmio, o seu clube. Nós nunca procederíamos de qualquer outra forma, respeitamos completamente a Fifa e suas regras. Não vamos permitir que nos tentem usar o nosso notório reconhecimento mundial como clube de forma a tentar ganhar publicidade gratuitamente. Portanto, nos negaremos a comentar futuramente tal falácia — afirmou Sanllehí.

 

O Grêmio acredita que alguém tenha tentado usar o Barcelona para forçar uma valorização da criança de 10 anos.

 

– Cumprimos o ritual correto e vimos um jovem jogador indo para a Espanha por informações da sua família. Isso nos cria um mal estar. A origem disto é bom aparecer, qual o real interesse disto. Queremos a permanência do garoto na Escolinha – lamentou o presidente Romildo Bolzan.

 

Apesar das ameaças na imprensa de recorrer à Fifa contra o aliciamento de uma de suas joias, o Grêmio também trabalha com um outro cenário, avaliado até como mais provável. O clube tomou conhecimento da origem da viagem do garoto para a Espanha. O convite não veio da Europa. Um empresário, de Porto Alegre, entrou em contato com Mazinho para pedir uma vaga para o menino realizar testes no Barcelona.

 

Em entrevistas nesta quinta-feira, Mazinho reforçou que apenas pediu ao Barcelona que recebesse o menino para um período de treinos, sem a promessa de permanência. O Grêmio também trabalha com a informação de que o clube espanhol realmente não está interessado em Manu, nem sinalizando uma oportunidade em alguma de suas escolinhas. Os catalães enviaram emails para a direção gremista, agradecendo pela permissão concedida a Manu de ficar 15 dias em suas dependências.

 

Confira os emails com o pedido de autorização:

 

O agradecimento do Barcelona pela liberação de Manu para o período de treinos

Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal
 
Estas comunicações reforçam a ideia de que o clube catalão não arriscaria produzir tantas evidências da presença do menino no Barcelona, se a ideia seria exatamente tentar “roubar” o garoto. Desde que sofreu uma condenação na Fifa, em 2014, justamente por aliciar jovens talentos, o Barça reforçou os cuidados com os testes de menores de idade.
 

José Raimundo Ferreira ainda está ocupando seu apartamento na Zona Sul de Porto Alegre. Segundo o advogado da família, Felipe Russowsky, o caso de Manu será avaliado hoje com mais profundidade.

 

– Vamos avaliar toda a dimensão do que o Grêmio está fazendo, para nos pronunciarmos no momento correto.

 

Do ponto de vista legal, a legislação nacional é bastante rígida para os clubes brasileiros. Somente a partir dos 14 anos é possível assinar contrato de formação, válido por três anos. Aos 16, é permitido formalizar o vínculo profissional, também por três anos, com possibilidade de renovação por outros dois. Em alguns estados, a federação de futebol permite que os clubes registrem meninos desde os 10 anos. No RS, o limite é 14. Mesmo assim, o Grêmio assina um contrato com todos os seus jovens talentos. Ainda que não tenha força legal até a idade mínima prevista em lei. O clube usa esta estratégia de ter um “vínculo moral” com suas promessas, mesmo sem validade jurídica.

 
 
A Fifa também é bastante criteriosa. A entidade não permite que clubes do Exterior levem brasileiros menores de 18 anos. Nacionalmente, o Movimento de Formação do Futebol de Base, responsável por regular as interações entre os clubes com categoria de formação de jogadores, criou um código de ética que deu mais segurança. Atualmente, nenhum jogador pode ser inscrito em uma federações estadual sem a anuência do clube que liberou o atleta anteriormente.
 
 
E esta é mais uma dificuldade no caso de Manu. Por atuar nos campeonatos estaduais sub-11, o jovem foi inscrito como jogador gremista na liga que organiza o torneio. Só isso já o inviabiliza de mudar para outro time no Brasil.
 
 
— Nenhum clube vai recebê-lo, grande ou pequeno — reforçou um dirigente que trabalha com categorias de base ouvido por ZH.
 
 
 
Zero Hora
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