Rui Car
30/05/2017 08h21

À base da força, Jean, volante do Vasco, é o maior ladrão de bolas deste início de Brasileiro

São 13 desarmes certos

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Bruno Marinho - Extra

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Não foi por falta de incentivo que Jean não tentou ser meia ou atacante. Seu Gilson, ex-zagueiro, treinava o filho na própria escolinha no Distrito Federal e de vez em quando colocava o garoto para jogar mais perto do gol adversário. Não adiantava. Pouco tempo depois, lá estava o menino na metade defensiva do campo, correndo atrás de mais um desarme com disposição incomum. Pelo visto, roubar bolas parece ser o dom do jogador do Vasco. Maior ladrão do último Estadual, ele já lidera a estatística no Campeonato Brasileiro. Sem vergonha de brilhar mais pela raça do que pela técnica, conquistou seu espaço no time de São Januário e no coração da torcida.

 

São 13 desarmes certos. Apenas Gilberto, também do Vasco, e Marcão, do Atlético-GO, roubaram tantas bolas. Aos 22 anos, faz da condição física privilegiada uma de suas maiores armas. Jean é muito forte e quando explode, tem arranque suficiente para alcançar os rivais e ser certeiro nos carrinhos. Tanto é que, apesar da função basicamente destruidora no time de Milton Mendes, não figura nem entre os 50 mais faltosos da competição.

 

– Ele sempre foi assim. Chega tranquilo em qualquer atacante. Eu falo para ele: espera, deixa o outro dar o tapa e depois vai, você alcança – afirmou o ex-jogador de clubes no interior de Paraná e São Paulo, e de Brasília.

 

Outra arma de Jean é a disciplina. Desde muito cedo que o garoto resolveu que se tornar jogador era seu objetivo de vida, lembra o pai. Tanto que, ainda na base, topou fazer um caminho pouco comum para jogadores brasileiros e foi parar no Estudiantes, da Argentina, onde treinou com Verón. Um problema cardíaco na adolescência por pouco não acabou com o sonho, mas não passou de susto.

 

Seu maior desafio agora é tentar minimizar sua deficiência com a bola nos pés. Contra o Bahia, por pouco não foi expulso ao cometer falta depois de errar na saída de bola. Se os recursos com técnicos não são vastos, ele procura compensar com disposição.

 

– Sempre disse a ele que todo time precisa de um jogador assim, do carregador de piano. Até mesmo os maiores times do futebol brasileiro tiveram esse jogador. No Vasco, ele marca assim e ajuda o Douglas a deitar e rolar – defendeu o pai do volante, contratado por indicação do técnico Cristóvão.

 

Em São Januário, sua titularidade deve ser posta à prova em breve. Nesta terça-feira, o Vasco apresenta Wellington, emprestado pelo São Paulo até dezembro. A partir da nona rodada, Bruno Paulista, também deverá ter condição de jogo e aumentar ainda mais a concorrência na posição de primeiro volante. Assim como luta para tirar a bola dos adversários, Jean terá de batalhar para manter sua vaga no time principal.

 

Jean ao lado do pai, Gilson, em São Januário
Jean ao lado do pai, Gilson, em São Januário Foto: Arquivo pessoal
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