Rui Car
30/07/2018 12h30 - Atualizado em 30/07/2018 08h53

Catar sabotou candidaturas rivais para sediar a Copa, denuncia jornal britânico

"The Sunday Times" diz ter posse de documentos que comprovam operação arquitetada por qataris

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O Catar sabotou as candidaturas rivais para sediar a Copa do Mundo de 2022, de acordo com uma longa denúncia publicada neste domingo pelo jornal britânico “The Sunday Times”. Os principais alvos da operação foram as campanhas de Austrália e Estados Unidos – a Inglaterra também estava no páreo na ocasião, embora com menos força.

 

Segundo a reportagem, diversos documentos fornecidos por uma fonte que fez parte do Comitê do Catar comprovam o plano arquitetado pelos qataris para difamar a candidatura dos adversários com informações falsas.

 

 

A prova mais concreta seria um e-mail – entitulado “Estratégia” – enviado por Michael Holtzman, presidente da “BLJ Worldwide”, empresa contratada para comandar a candidatura do país árabe. O e-mail foi endereçado a Ahmad Nimeh, um dos chefes da campanha Qatar 2022.

 

Khalifa Stadium Catar, um dos estádios construídos para a Copa 2022 (Foto: Divulgação)Khalifa Stadium Catar, um dos estádios construídos para a Copa 2022 (Foto: Divulgação)

Khalifa Stadium Catar, um dos estádios construídos para a Copa 2022 (Foto: Divulgação)

 

– De acordo com os e-mails, eles recrutaram jornalistas, blogueiros e outras figuras para circular histórias negativas, espionar rivais, espalhar notícias inteligentes para pessoas chaves e criar protestos – explica a denúncia.

 

Um trecho do e-mail enviado em maio de 2010 diz o seguinte, segundo a reportagem:

 

– Nos últimos quatro meses, nós comandamos uma extensa campanha para minar as candidaturas rivais para a Copa de 2022, em particular Austrália e Estados Unidos.

O Catar também teria contratado um professor americano por U$ 9 mil (R$ 33,4 mil) para que publicasse um estudo informando o impacto negativo que uma Copa do Mundo teria nos Estados Unidos. Vale lembrar que uma das exigências da Fifa na escolha da sede de um Mundial é o apoio popular no país.

 

O “The Sunday Times” informou que procurou os chefes da candidatura do Catar, mas que não houve resposta. No entanto, após a publicação da denúncia, os qataris se defenderam.

 

– O Comitê Supremo rejeita qualquer alegação publicada pelo The Sunday Times. Nós fomos minuciosamente investigados e fornecemos todas as informações relacionadas à nossa campanha. Nós seguimos à risca todas as regras da Fifa no processo de candidatura para sediar a Copa do Mundo de 2022 – informou.

 

Inglaterra pressiona

A notícia acendeu uma fagulha de esperança nos ingleses, que pedem um posicionamento da Fifa com relação às acusações. Em entrevista à “Rádio BBC”, Damian Collins, ministro da Cultura e do Esporte da Inglaterra, cobrou a apuração dos fatos.

 

– Isso requer uma investigação independente apropriada, a Fifa deveria deixar claro que isso vai acontecer. Se os qataris quebraram as regras, eles deveriam sofrer sanções – afirmou o ministro.

 

A imprensa britânica parece também ter tomado o partido. Em sua capa, o jornal “Daily Star”, conhecido por conteúdos um tanto quanto sensacionalistas, estampou a seguinte manchete: “Inglaterra: nós vamos sediar a Copa do Mundo de 2022”.

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