Rui Car
11/07/2017 08h19

Chumbo trocado: o duelo de Bota e Vasco nos bastidores por Rios e Valencia

Trama envolve polêmicas com agentes

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Globo Esporte

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Às 23h de domingo, Andrés Rios jantava com a família na Argentina para se despedir e celebrar o acerto com o Botafogo. Às 8h10 de segunda-feira pegaria o voo da Gol de número 7658 com destino ao Rio de Janeiro. No entanto, os planos mudaram na madrugada. Por volta das 3h, já com a proposta do Vasco recebida e aceita, o atacante enviou uma série de mensagens ao empresário Nicolas Puppo, que até então tratava de sua transferência para General Severiano.

 

– Vou entender se você quiser brigar comigo, me bater. Mas não pude deixar passar essa chance. Peço desculpa de todas as maneiras possíveis. Não sei mais o que dizer. Não encontro palavras, nunca passei por essa situação, mas o Martín me trouxe uma oferta, e preciso pensar na minha família.

 

Leo Valencia e Andrés Rios: protagonistas de um duelo nos bastidores entre Botafogo e Vasco (Foto: Infografia )Leo Valencia e Andrés Rios: protagonistas de um duelo nos bastidores entre Botafogo e Vasco (Foto: Infografia )

Leo Valencia e Andrés Rios: protagonistas de um duelo nos bastidores entre Botafogo e Vasco (Foto: Infografia )

 

O empresário Martín Guastadisegno foi quem tratou tudo com o Vasco e levou a Andrés Rios a proposta cruz-maltina. E ela era superior à do Botafogo em US$ 150 mil (cerca de R$ 490 mil), incluindo salários, luvas e comissões no período de um ano. Puppo, entretanto, conversava com o Botafogo tendo em mãos uma procuração assinada pelo jogador.

 

Em outro voo, Rios chegou ao Rio de Janeiro na segunda-feira para fazer exames e foi anunciado pelo Vasco. Enquanto isso, o outro grupo de empresários garantiu ao Botafogo o ressarcimento das passagens compradas.

 

O caso Leo Valencia

A ida de Rios para o Vasco foi outro episódio numa disputa do Cruz-Maltino com o Botafogo no mercado. Tudo começou com Leo Valencia, meia chileno que está acertado com o Alvinegro. O jogador vinha sendo oferecido à diretoria vascaína desde o início do ano. No início, não despertou interesse, mas, com o clamor da torcida, os dirigentes mudaram de ideia e fizeram proposta.

 

Valencia foi oferecido ao Vasco por pelo menos quatro pessoas diferentes, dizendo representar dois agentes: Fernando Felicevich e Edison Pereira. A diretoria gostou dos termos apresentados por Felicevich e fez proposta.

 

– Tanto eu quanto a diretoria do Vasco agimos de maneira correta mas, infelizmente, no futebol existem pessoas como Fernando Felicevich, que não cumpre sua palavra e trabalha de forma desonesta. Ele disse que a proposta estava ok e que não teria nenhum tipo de problema, que o jogador se apresentaria ao Vasco depois da Copa das Confederações, mas não cumpriu sua palavra. Pior. Pegou a proposta e enviou ao empresário André Cury para fazer leilão com o Botafogo – afirmou Marcos Leite, que intermediou as conversas entre Vasco e Felicevich.

 

Empresário de Valencia, Felicevich trabalha com André Cury no Brasil (Foto: Agência Reuters)Empresário de Valencia, Felicevich trabalha com André Cury no Brasil (Foto: Agência Reuters)

Empresário de Valencia, Felicevich trabalha com André Cury no Brasil (Foto: Agência Reuters)

 

Neste momento, entra outro personagem da história. André Cury é o representante de Felicevich no Brasil. E o Vasco não chegou a acordo com ele. Na sequência, Cury começou a negociar com o Botafogo e fechou o negócio.

 

Quando as primeiras notícias sobre o acerto com Alvinegro foram divulgadas, representantes do Vasco entraram em contato com Felicevich, que colocou Valencia no telefone e negou o acordo. No fim, o Cruz-Maltino ainda foi procurado para cobrir a oferta do rival – cerca do dobro em salários -, mas recusou.

 

– O Vasco se recusa a pagar 75% do valor do primeiro ano em forma de comissionamento, pois acha que isso é um roubo. O Vasco se recusa a comprar direito econômico de agente. Isso não é permitido pela Fifa – afirmou Eurico Brandão, vice-presidente de futebol do Vasco.

 

Para Cury, o problema foi o Vasco não tratar desde o início com ele, mas direto com Felicevich, colocando outros intermediários – ele citou Marcos Leite e José Renato.

 

– Eu e Felicevich temos uma parceria de anos. É um amigo pessoal. Ele (Euriquinho) escolheu o caminho dele. Foram avisados 30 vezes. O Vasco faltou ao respeito comigo. Tenho o direito de levar o jogador com quem trabalho para onde eu quiser. No momento, acho o Botafogo melhor que o Vasco em todos os sentidos.

 

Balão?

A relação dos dois negócios não é à toa. O Botafogo teve problemas parecidos para fechar com Rios. Segundo Martín Guastadisegno, agente do atacante e também de Cristaldo, outro alvo do Glorioso, o presidente alvinegro, Carlos Eduardo Pereira, se recusou a negociar com ele. Por outro lado, o empresário fez elogios à postura do Vasco.

 

– Eu tentei ligar para o presidente do Botafogo, e ele disse que não queria negociar comigo. Se não fala comigo, não faz negócio. A culpa é do presidente do Botafogo. Eu queria agradecer ao Vasco, que se comportou bem, ligou para mim diretamente e fechou o negócio em dois dias – disse Guastadisegno.

 

Carlos Eduardo Pereira recebeu críticas do empresário de Andrés Rios (Foto: Satiro Sodré/SSPress/Botafogo)Carlos Eduardo Pereira recebeu críticas do empresário de Andrés Rios (Foto: Satiro Sodré/SSPress/Botafogo)

Carlos Eduardo Pereira recebeu críticas do empresário de Andrés Rios (Foto: Satiro Sodré/SSPress/Botafogo)

 

Rios havia sido oferecido ao Vasco há cerca de dois meses, mas só nos últimos dias o negócio esquentou. E a ida de Valencia para o Botafogo teve sua parcela para que tudo avançasse. A postura alvinegra incomodou os cruz-maltinos.

 

– É bom para eles verem que pau que dá em Chico dá em Francisco – disse uma pessoa ligada à diretoria cruz-maltina.

 

O presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, se negou a comentar o episódio com Rios.

 

– Não vou comentar uma contratação do Vasco.

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