Rui Car
12/11/2018 12h30 - Atualizado em 12/11/2018 07h58

Com mais concorrentes, Paulinho tenta provar que ainda ‘dá caldo’ na seleção brasileira

Como tem 30 anos, ele não sabe se estará em alto nível na Copa de 2022

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Duas Copas do Mundo já estão no currículo. Nelas, duas frustrações. Cicatrizes diferentes, já que o 7 a 1 nem se compara à queda diante da Bélgica. Mas o que se repete quando se trata de Paulinho é a necessidade de provar a utilidade para a seleção brasileira nos compromissos que se sucedem aos Mundiais.

 

Depois de 2014, a resposta demorou, mas veio. Agora, no pós-Copa-2018, Tite esperou quatro jogos para dar ao jogador do Guangzhou Evergrande uma nova chance de recomeço. Titular na Rússia, Paulinho é um dos chamados para os amistosos contra Uruguai, sexta-feira, em Londres, e Camarões, dia 20, em Milton Keynes, também na Inglaterra.

 

— Em todo recomeço, deve-se analisar o que foi feito de bom e ruim. As experiências em 2014 e 2018 devem ser usadas para este novo ciclo. Sempre há uma expectativa de servir a seleção da melhor forma possível — disse o jogador, ao GLOBO.

 

Como tem 30 anos, Paulinho não sabe se estará em alto nível na Copa de 2022, no Qatar. Essa incerteza e o surgimento de concorrentes talentosos — como Arthur, Paquetá e, na convocação atual, Allan — são fatores que contribuem para o aumento do nível da dificuldade de seguir na seleção. Paulinho entende a política recente de testes.

 

— É o início de um novo ciclo e, por serem jogadores capacitados, terão a oportunidade de lutar por seus espaços, como também tive a minha em outro momento — disse o volante, que elogiou Arthur e prevê, pela precisão dele nos passes, chance alta de sucesso no Barcelona.

 

Paulinho traz à seleção brasileira característica singular para um volante: a capacidade de infiltração e presença na área adversária. Foi assim, por exemplo, que ele fez o gol contra a Sérvia, na primeira fase da Copa da Rússia.

 

Faz tempo que Tite conhece esse atributo do jogador, já que foi campeão com ele da Libertadores e do Mundial, nos tempos de Corinthians. A relação entre os dois tranquiliza Paulinho para as missões que virão pela frente.

 

— Independentemente da minha característica, sinto ter a confiança do treinador e isso é muito importante. Penso em poder contribuir sempre da melhor forma e, se ele e a comissão técnica entenderem que o melhor é explorar essa característica, estarei à vontade para realizá-la — disse o volante, que tem 23 jogos e oito gols durante a gestão de Tite na seleção brasileira.

 

Depois da passagem ruim pelo Tottenham, da Inglaterra, e de não ter correspondido às expectativas na Copa-2014, Paulinho se viu como uma carta fora do baralho. Na China, ele encontrou o espaço para recomeçar e voltar à seleção. Mas tão surpreendente quanto ser contratado em 2017 pelo Barcelona foi a decisão de, um ano depois, voltar ao Guangzhou. Paulinho cita que aceitou a proposta por uma “conjuntura profissional e familiar”.

 

No campeonato nacional deste ano, fez 15 gols em 19 jogos. Essa opção, porém, o tira das principais competições de clubes do planeta e o coloca em um nível de exigência maior para justificar as convocações.

 

— O crescimento da liga chinesa existe, com maior internacionalização. A chance de estar melhor condicionado para servir a seleção é maior — argumentou.

 

O amistoso contra o Uruguai será a primeira chance de mostrar que a estratégia de recomeço dará certo novamente para Paulinho. Uma coincidência que pode servir de motivação no reinício de jornada é o retrospecto positivo contra os uruguaios. Na Copa das Confederações-2013, foi dele o gol que classificou o Brasil na semifinal. Nas Eliminatórias, já com Tite no comando, Paulinho fez três na goleada por 4 a 1, em pleno Estádio Centenário.

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