Conheça o grupo que pediu para camisa alusiva a Marielle deixar o memorial do Corinthians

A decisão foi tomada pelo presidente Andrés Sanchez, após forte pressão de conselheiros do clube. Os principais articuladores da medida foram os membros da chapa Fiéis Escudeiros, que na última segunda-feira enviaram uma carta a Sanchez solicitando “a imediata exclusão de quaisquer alusões de cunho político, religioso ou de outra natureza não relacionadas às conquistas ou sua história no âmbito esportivo” do memorial do clube.

A Fiéis Escudeiros foi a segunda chapa com mais votos (274) na última eleição, em março do ano passado.

A força política do grupo ficou comprovada não apenas neste episódio da retirada da camisa do memorial, mas também na queda do ex-diretor de marketing Luis Paulo Rosenberg, em fevereiro.

Conheça abaixo quem são os fiéis escudeiros e como eles atuam nos bastidores do Timão.

A Fiéis Escudeiros conta com 25 conselheiros, como todas as chapas, mas trata-se de um grupo bem maior, formado por conselheiros vitalícios e outros associados corintianos que costumam frequentar o Parque São Jorge.

Na eleição, os escudeiros não apoiaram abertamente nenhum candidato à presidência, embora sejam mais ligados a Paulo Garcia, que foi o segundo colocado no pleito, com 401 votos a menos do que Andrés Sanchez.

– Teve integrante da chapa que votou em outro candidato, embora a afinidade maior seja com o Paulo – afirma Antônio Jorge Rachid Júnior, conselheiro vitalício do Timão e um dos organizadores da Fiéis Escudeiros.

O grupo é muito influente nos bastidores, tendo representantes na mesa do Conselho e nas comissões do órgão. Além disso, o presidente do Conselho de Orientação (CORI), Roberson Medeiros, também é membro da chapa.

– É importante destacar que não temos ninguém na diretoria, o que mostra nossa independência. Nós mesmos financiamos nossa campanha – comenta Rachid.

Embora a chapa não se coloque como parte da situação nem da oposição, os escudeiros costumam apoiar a gestão Andrés Sanchez nas principais votações do conselho, como aprovação de balanços e orçamentos.

Por outro lado, também adotam postura crítica em relação a alguns temas. Foi assim no início do ano, quando o grupo protestou contra a campanha de marketing Corinthianismo, que apresentava elementos religiosos, além de outras ações do ex-diretor Luis Paulo Rosenberg. Os fiéis escudeiros assinaram uma carta com duros ataques a Rosenberg, que acabou pedindo exoneração do cargo dias depois.

A atuação destes conselheiros faz com que eles sejam comparados com o “centrão” da política nacional por membros de outras correntes do clube.

No Facebook, a chapa se define como “um grupo independente, acima de tudo defensores e escudeiros do Corinthians, que não precisam e não vivem do clube, mas o tem como uma paixão e querem se dedicar ao seu desenvolvimento, utilizando o conhecimento adquirido em diferentes áreas de competências.” O grupo diz ser formado por advogados, contadores, dentistas, empresários, publicitários e profissionais de outras áreas.

A chapa esteve ligada ao escândalo de compra de votos na última eleição. Em um áudio enviado num grupo de WhatsApp com membros da Fiéis Escudeiros, Rachid prometeu regularizar sócios que estivessem inadimplentes em troca de votos:

– Bom dia, amigos, fiéis escudeiros. Vocês todos já devem saber que a diretoria lá mudou a regra do jogo, né? Na última hora. Então é o seguinte: se algum de vocês, na relação de votos tem alguns inadimplentes, que com certeza votarão na nossa chapa, eu vou ficar no clube lá até mais ou menos umas duas horas. Deve terminar lá pelas quatro, não sei, para tentar colocar alguém em dia. Quem achar que isso vale a pena. Mas com certeza de voto, né? Porque não vão pagar para os outros votar (sic) em inimigo, não é verdade? Então, quem achar que dá, que vale a pena, vai me passando WhatsApp. Eu vou fazer o possível para colocar o maior número – declarou na gravação.

Na ocasião, Rachid afirmou que falava em nome de Paulo Garcia.

Por conta do episódio, a comissão eleitoral do Corinthians pediu a impugnação da candidatura de Garcia, que conseguiu reverter a decisão na Justiça.

A comissão também sugeriu que Rachid, então secretário geral do clube, fosse investigado pela Comissão de Ética alvinegra. O conselheiro vitalício não sofreu nenhuma sanção.

Veja abaixo o nome dos 25 membros da chapa Fiéis Escudeiros: