Rui Car
16/04/2024 14h41

Conheça o único atleta brasileiro que joga na elite do futebol argentino

Natural de Búzios, estância no litoral do Rio de Janeiro, ele se mudou com 16 anos para o país vizinho

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Lenny Lobato, do Vélez, é o único brasileiro atuando na Argentina (Foto: Divulgação / Vélez)

Lenny Lobato, do Vélez, é o único brasileiro atuando na Argentina (Foto: Divulgação / Vélez)

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O atacante Lenny Lobato, 23 anos, é o único brasileiro atuando na elite do Campeonato Argentino. Natural de Búzios, estância no litoral do Rio de Janeiro, ele se mudou com 16 anos para o país vizinho para fazer um teste no Vélez Sarsfield, de Buenos Aires. E mesmo com seu sotaque carioca intacto e o vasto repertório de gírias brasileiras, as raízes do jogador são 100% argentinas. Até por conta disso, o coração do jogador fica dividido no clássico Brasil x Argentina.

 

Meu pai, minha mãe e toda a minha família são argentinos. Meu tio é torcedor fanático do Vélez e alguns dos meus parentes são sócios vitalícios do clube. Inclusive, minha avó era famosa aqui“, contou Lenny em entrevista à Trivela

 

Nélida Lobato foi uma dançarina e atriz de muito destaque dos anos 1970. Ela se casou com Éber Lobato, de quem herdou o sobrenome nacionalmente conhecido, e deu à luz a Adrián, que mais tarde se casaria com Gabriela Romanelli, mãe do atleta. Lenny não conheceu a avó, que morreu aos 47 anos, mas o carisma da vedete argentina o acompanha até hoje no futebol.

 

Sempre nas transmissões citam a minha avó. Acho isso engraçado. Mesmo que eu não tenha tido oportunidade de conhecê-la, sei que foi uma muito importante para o teatro e minha família sempre diz que ela era uma muito boa“, disse.

 

Em meados de 1995, após uma viagem para o Brasil, Adrián e Gabrielle se mudaram para o litoral carioca. Em 2001, nasceu o filho do casal, que logo na infância já apresentava muita facilidade com a bola.

 

Antes do Vélez, o atacante fez testes em equipes brasileiras, e vestiu a camisa do Madureira (RJ) nas categorias de base. A saudade de casa e a pouca idade foram determinantes para que ele procurasse oportunidades fora do país, com a ajuda da família e, principalmente, do tio Alejandro Chiossi, apaixonado pelo El Fortín.

 

Quando perguntei pra minha mãe se não tinha como fazer um teste num time argentino, ela mandou mensagem para o meu tio. Foi ele quem me ajudou com tudo. Cheguei a fazer teste em outras equipes, mas não deu certo, porque eu não tinha a identidade daqui. O Vélez me ajudou com todos os trâmites (legais) e acabei ficando. Meu tio já era fanático e agora tem mais um motivo pra torcer“, revelou aos risos.

 

Resquícios do 7×1 e coração dividido por seleções

 

Lenny entendeu o tamanho da rivalidade Brasil x Argentina no futebol já nas primeiras semanas de Vélez. Isso porque o jogador chegou ao país dois anos depois do maior vexame da seleção canarinha, a derrota por 7×1 para a Alemanha, pela semifinal da Copa do Mundo de 2014. 

 

Cheguei pouco tempo depois daquilo lá, então eu era alvo das brincadeiras. Meus companheiros ficavam me zoando, mas era tranquilo. Por mais que haja rivalidade, os argentinos gostam muito dos brasileiros e me receberam muito bem aqui“, relembrou.

 

Muitas vezes o atacante se vê dividido entre o amor pelas duas seleções, principalmente por ter se inspirado em Messi desde a infância. Ainda assim, reconhece que sua formação verde amarela foi fundamental para despertar o desejo de ser jogador. 

 

É um dilema. Quando estou no Brasil me sinto argentino e quando estou na Argentina me sinto brasileiro, mas eu amo as duas seleções. Sofro muito quando elas se enfrentam“. 

 

Sonho de voltar ao Brasil

 

Distante da mãe há seis anos, Lenny não esconde a saudade e procura manter contato sempre que possível. Retornar ao Brasil está em seus planos, mas ainda é um sonho distante, sobretudo por ainda buscar espaço no time titular. O atacante entrou em seis jogos da temporada e ainda não fez gols.

 

Lógico que qualquer pessoa que joga futebol tem o sonho de ir para a Europa, mas eu não descarto nunca (voltar ao Brasil). Meu foco hoje é ajudar o Vélez, mas eu também tenho o sonho de jogar em um clube brasileiro grande, chegar a uma Libertadores. São sonhos que eu torço para realizar no dia de amanhã, mas enquanto isso tenho que ter paciência“, concluiu.

 

Fonte: Livia Camillo / Trivela
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