Da Seleção a construção civil: Renan se dedica a negócios após pausa na carreira

“Eu dei um tempo na carreira para tocar alguns projetos. Quis dar uma pausa para refletir um pouco, para saber o que estava certo, o que estava errado e para saber se eu quero continuar no futebol mesmo”.

Cobiçado pelo Benfica, de Portugal, em 2011, Renan acabou se transferindo para o Corinthians por cerca de R$ 5 milhões. Sem chances, rodou, por empréstimo, em diversas equipes em busca de sequência. A última delas, o Tigres do Brasil-RJ, na temporada passada. Após disputar o Campeonato Carioca de 2016 e ver o vínculo de cinco anos chegar ao fim com o Timão, percebeu que era a hora de repensar tudo, largar por um tempo as luvas e se dedicar a projetos paralelos. Hoje, por exemplo, aos 26 anos, é dono de uma construtora no município de Governador Celso Ramos, em Santa Catarina.

– A gente está construindo. Moro em Itapemba, mas construímos em Governador Celso Ramos. Uma coisa que a gente projetou tem tempo. Dei uma pausa no futebol, na minha mente. E, graças a Deus, está indo tudo certo, como eu planejava – conta.

Nascido em Nova Trento (SC), Renan chegou à base do Avaí em 2007. Ganhou destaque após virar titular durante o Campeonato Brasileiro de 2010. As atuações chamaram a atenção de Mano Menezes que enxergava nele potencial para ser um dos goleiros da seleção brasileira na Olimpíada de Londres, em 2012 – convocado contra os EUA, não chegou a entrar em campo. Mas, no Corinthians, caiu rapidamente no esquecimento depois de só atuar em três jogos durante a campanha do título brasileiro de 2011 e cometer algumas falhas. Uma nova convocação nunca mais voltou a ser cogitada.

– Eu tinha algumas propostas de clubes brasileiros e de fora, mas optei pelo Corinthians, por questão de ser um grande clube, de expressão mundial. Eu escolhi o clube e assinei por cinco anos. Não me arrependo de nada. Tive algumas escolhas, certas e erradas. Não tive a sequência que eu deveria ter. Não colocando a responsabilidade em ninguém. Mas, se eu tivesse sequência, eu teria deslanchado. Mas, enfim, não tive e não sei por qual motivo até hoje – disse Renan, que, pelo Timão, jamais voltou a campo depois daquele Brasileiro.

Em 2012, o goleiro foi cedido ao Vitória e, a partir daí, perambulou emprestado pelo Corinthians ao Estoril (Portugal), Guarani-SP, Botafogo-SP, Bragantino, Caxias-RS e, por último, o Tigres-RJ, em 2016. Sem nunca ter conquistado a regularidade, não esconde a frustração por não ter emplacado. Apesar disso, crê que ainda é cedo demais para um afastamento definitivo dos gramados e sonha, inclusive, com um retorno na próxima temporada após o “período sabático”.

– Resolvi dar essa parada para refletir melhor. Mas, se aparecerem algumas oportunidades, como estão aparecendo, e se for alguma coisa boa, eu vou voltar.

Início no Avaí

– Eu cheguei no Avaí em 2007. Em 2008, fui dispensado. Voltei em 2009 para jogar a Copa São Paulo e, depois, me integraram aos profissionais. No começo de 2010, joguei algumas partidas no Catarinense e comecei a deslanchar. Foi um ano muito bom para mim. Foi um período de muito aprendizado. Eu amadureci muito rápido. A gente acabou escapando do rebaixamento nas últimas rodadas e foi maravilhoso.

Convocação precoce e convívio com astros

– Eu fiquei sabendo que alguém do Avaí ia ser convocado, tinham comentado comigo. Só não imaginava que seria eu. Eu estava no auge. Tinha até alguns jogadores bem também no Avaí. Mas eu não imaginava, tinha jogado poucos jogos. Então, foi maravilhoso para mim. Pude conversar com várias estrelas do futebol mundial. Fui muito bem recebido. Desde o roupeiro até o treinador. Aproveitei o máximo de tempo, de experiência, com as grandes estrelas. Foi muito bom, mas pouco tempo, foram quatro, cinco dias. Acredito que foi uma das maiores experiência da minha carreira.

“Faltou paciência” no Corinthians

– Na minha opinião, a torcida sempre me apoiou, mas faltou paciência de todas as partes. Três jogos é muito pouco para avaliar um atleta. Mas são águas passadas. Se eu tivesse uma sequência maior no Corinthians, seria totalmente diferente do que foi. Ou poderia ter tomado o mesmo rumo, ninguém sabe o futuro.

O grande erro

– Em 2012, eu fui para o Vitória. Estava numa sequência muito boa. Quando eu estava começando a crescer, rompi o ligamento cruzado do joelho. Aí deu uma atrapalhada. Essa lesão me prejudicou muito, interrompeu a minha sequência. Aí voltei e apareceu o Estoril. Quando eu cheguei, me informaram que não teria como eu jogar. Eu fiz a escolha errada. Me disseram que quase não teria chances. Talvez seja a coisa que eu mais me arrependa, ter ido para o Estoril.

Frustração?

– Olha, cara, para te falar a verdade, trabalho não faltou. Eu não responsabilizo ninguém. Mas eu fiz um plano de vida no Corinthians, que era no meu contrato de 5 anos, mas poderiam ser 10 anos lá. Mas procurei me preparar, não só como jogador de futebol, que me proporcionou tudo. Mas é claro que as frustrações vêm. Só não sabemos o motivo. Talvez se eu tivesse me preparado mais ainda, poderia ter sido diferente. De repente se eu tivesse ido para outro clube. Mas, enfim, só tenho que agradecer a Deus.

Pausa na carreira

– Agradeço muito ao pessoal do Tigres-RJ. Fui uma experiência muito boa jogar o Campeonato Carioca. Tive apenas uma falha, que foi contra o Vasco. Acabou o estadual, voltei para o Corinthians, mas fui afastamento novamente, como sempre acontecia. Treinava separado, junto com o Flamengo de Guarulhos. Aí eu decidi vir para casa quando o contrato acabou. Tinha outros projetos. Ai dei uma pausa no futebol. Aqui, abrimos uma construtora, estamos construindo. Mas não encerrei a carreira de vez, porque estou com 26 anos. Pretendo voltar. Mas esse ano estou com os meus projetos aqui.