Mesmo com os quase três meses de salários atrasados, os jogadores do Botafogo decidiram deixar de lado os problemas extracampo para focar no principal objetivo nesta reta final do Brasileirão: a luta contra o rebaixamento. Após a derrota por 4 a 1 para o Santos, no último fim de semana, lideranças do elenco e o comando do futebol alvinegro entenderam que era o momento de encerrar o protesto, e as entrevistas coletivas voltaram para a sala de imprensa nesta terça-feira.
Em 5 de setembro, os atletas comunicaram que não dariam mais entrevistas na sala de imprensa em protesto pelos constantes atrasos. Hoje, o Botafogo deve parte dos vencimentos de agosto e setembro inteiro, além de direitos de imagem. Nesta quinta, vence mais um mês.
Na conversa entre atletas, comissão técnica e o diretor de futebol Anderson Barros, chegou-se à conclusão de que “nada mais importa”. As forças estão totalmente voltadas para a luta contra a degola. Fazer tudo dentro da normalidade e encerrar o protesto, que teve duração de dois meses exatos, deu-se para mostrar que o foco é um só.
Imaginou-se num primeiro momento que a ida de Joel Carli para a sala de imprensa era um indicativo de que o Botafogo havia conseguido recursos para quitar os atrasos com o elenco. Mas isso ainda não aconteceu. Pessoas influentes têm captado ajuda para solucionar o problema, mas o grupo e o comando do futebol bateram o martelo pelo retorno ao local tradicional das entrevistas ainda entre o fim de semana e a segunda-feira.
Com a situação crítica, a proximidade da zona do rebaixamento e consequente pressão, todos concordaram que não há mais espaço para protestos. Embora o manifesto tivesse como um de seus objetivos principais resolver a questão não apenas dos jogadores, mas sobretudo dos funcionários, a interrupção deixa claro que tudo ficou em segundo plano diante do atual quadro na equipe.
Salvar o Botafogo é prioridade.
Além da esperança de que haja um acerto financeiro antes do clássico com o Flamengo, já que justamente nesta quinta clube completará três meses de atraso caso não pague parte de seu débito, o Botafogo tem dia de definição em relação à vice-presidência de futebol.
Ricardo Rotenberg, atual vice comercial e de marketing, é um dos cotados. Dentro do clube, há quem defenda que Nelson Mufarrej acumule a pasta. Existe ainda outra possibilidade, esta considerada a mais remota, da formação de um comitê para administrar o carro-chefe do Botafogo.
A vice-presidência de futebol está vaga desde terça-feira, quando Gustavo Noronha, único que ocupou a pasta durante o mandato de Mufarrej, foi exonerado.
Fragilizado por derrotas e pela interminável dificuldade financeira em 2019, o Botafogo se fortalece a poucos dias de um dos jogos mais importantes do ano: o clássico com o Flamengo, marcado para às 20h desta quinta-feira, no Nilton Santos.