Rui Car
09/05/2019 12h30 - Atualizado em 09/05/2019 09h12

Diego Hypolito: ‘Tinha vergonha porque na minha cabeça ser gay era ser um demônio’

Hypolito ainda disse que se sentiu muito sozinho

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“Nunca mais vou deixar de viver o que eu sou. Eu sou gay”. Assim, o ginasta Diego Hypolito assumiu que é homossexual. Aos 32 anos, o medalhista de prata da Rio-2016 decidiu abrir o coração e confessou em entrevista ao site “UOL” sobre a sua opção sexual. O atleta contou como sofreu por não conseguir expor quem era de verdade, principalmente em um meio cheio de preconceito.

 

“Fui criado na igreja, tenho uma tatuagem de Jesus crucificado no braço, até hoje frequento cultos da Bola de Neve todas as quintas-feiras. Eu tinha vergonha porque na minha cabeça ser gay era ser um demônio, um ser amaldiçoado que vive em pecado. Quando eu tinha uns dez anos, um treinador foi dizer para a minha mãe que ela devia mudar minha educação para que eu não virasse gay. Ela veio falar comigo, preocupada. Eu era muito inocente, nem sabia o que era isso. Mas isso me marcou”, disse ao portal.

 

O ginasta contou um episódio que viveu com Michel Conceição, que dividia quarto com ele no alojamento da seleção brasileira, em Curitiba. O amigo o levou a uma boate gay, mesmo sendo algo proibido na equipe.

 

“Queria falar uma coisa para você”. Eu tinha 19 anos quando mandei essa mensagem para o celular do Michel Conceição, no quarto que a gente dividia no alojamento da seleção brasileira em Curitiba. Eu estava na cama de cima do nosso beliche, Michel estava embaixo. “Eu já sei o que é”, ele mandou. Meu coração gelou. Mas segui em frente. “Eu acho que sou gay… Na mesma noite, ele me levou a uma balada gay, mesmo sendo proibido sair à noite na seleção. Eu fui todo disfarçado: boné, óculos escuros, capuz. Isso se repetiria nos anos seguintes, era ridículo'”. contou.

 

Hypolito ainda disse que se sentiu muito sozinho e não tinha com quem compartilhar os seus sentimentos.

 

“Eu vivi a solidão de não ter ninguém com quem eu pudesse compartilhar os dilemas de ser uma pessoa gay numa sociedade preconceituosa. Por mais que todo mundo tenha a impressão de que tem muito gay na ginástica, não tem. Todo mundo me zoava, zombava do meu jeito. Eu tinha o sonho de conseguir uma medalha olímpica e faria de tudo para chegar lá, até esconder quem eu era. Eu tinha certeza que se um dia eu saísse do armário publicamente, perderia patrocínios e minha carreira seria prejudicada”

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