Rui Car
13/02/2017 15h40 - Atualizado em 13/02/2017 13h43

Dívida ‘misteriosa’ de R$ 30 milhões com Odebrecht pode fazer Botafogo perder jogadores

Até agora, nenhum centavo foi pago

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Uma fatura milionária cujos bastidores são guardados a sete chaves ameaça o futuro do Botafogo. Quase R$ 30 milhões de uma dívida que o clube tem com a Odebrecht que envolve como garantias de pagamento os direitos econômicos de 88 jogadores entre atletas que ainda estão em General Severiano, como o goleiro Jeferson, e outros que já deixaram o Rio, caso de Vitinho, Gabriel, volante, e o lateral Gilberto. Contraída em fevereiro de 2014, a dívida deveria ter sido paga até o ano passado. Mas até agora, nenhum centavo foi pago.

 

A Odebrecht parece não querer receber, embora esteja em grave crise institucional e financeira desde o início da Lava-Jato. Não só o clube nunca foi acionado para receber, como jogadores envolvidos nas garantias não foram procurados para tratar do assunto. O Blog entrou em contato com empresários responsáveis pela carreiras de alguns dos atletas cujos direitos foram empenhados e nenhum deles sequer tinha conhecimento de tal negociação.

 

Passivo da gestão de Maurício Assumpção, não se sabe qual foi o motivo do empréstimo. O contrato foi assinado e é válido, mas estranhamente não passou pela aprovação do Conselho Deliberativo do clube. Mais estranho ainda é o fato de a Odebrecht não ter feito qualquer gesto na tentativa de receber o dinheiro.

 

Quando os milhões entraram na conta do Botafogo, a Odebrecht estava em meio a uma briga com o Flamengo para que o mesmo assinasse com o Maracanã, administrado pela construtora. Sem a assinatura com pelo menos dois clubes, a concessão poderia ser contestada. O Fluminense já havia garantido contrato de longa duração, mas faltava o rubro-negro. O então chamado Engenhão, agora Nilton Santos, seria uma opção para o clube, mas era administrado pelo Botafogo. Na época, suspeitou-se que o valor seria uma forma de fidelizar o clube alvinegro aos interesses da empreiteira, mas nada foi provado.

 

Não se sabe, também, quem intermediou o empréstimo milionário. Nas investigações da Lava-Jato, o nome do Botafogo é citado como apelido do deputado Rodrigo Maia, botafoguense e filho do prefeito César Maia, responsável pela construção do então chamado Engenhão. A obra foi finalizada pela Odebrecht, após saída de um consórcio anterior formado pelas empresas Delta, Racional e Recoma.

 

O valor devido está devidamente declarado nos balanços financeiros do Botafogo. Em 2014, eram 23.729 milhões. No de 2015, último publicado, o valor já estava em R$ 28.769 milhões. Não se sabe em qual empresa do grupo Odebrecht estaria declarado o valor emprestado ao clube. Na declaração do clube, a rubrica aparece em nome de Odebrecht Part.

 

Procurada, a Odebrecht se nega a dar qualquer informação sobre o empréstimo. A reportagem procurou a empresa pelo menos duas vezes no último ano para tratar do assunto, mas não teve qualquer informação. A atual gestão do Botafogo prefere não falar sobre a dívida, pois alega que também é vítima do problema. O ex-presidente do clube, Maurício Assumpção não foi localizado.

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