Rui Car
07/05/2018 15h40 - Atualizado em 07/05/2018 13h40

Em 32 minutos, 14 toques: Maraca lotado conforta Guerrero do drama da suspensão

"Duro é não ter feito nada e receber um castigo"

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Aos 11 minutos do segundo tempo, Paolo Guerrero saiu com os jogadores que estavam no banco de reservas para aquecer. Destacou-se dos demais. Primeiro, pela corrida solitária enquanto os demais andavam. Segundo, porque levantou o Maracanã.

 

– Acabou o caô, o Guerrero chegou – gritaram 60 mil pessoas.

 

Após a partida, com 2 a 0 no placar, era possível notar uma mistura de sentimentos nas expressões e nas palavras de Paolo Guerrero. A todo momento olhava para cima, dentro da zona de imprensa no Maracanã. Parecia suplicar a Deus que lhe ajude a continuar a carreira. Embora ressalte sempre que “está muito confiante”, nem todos no Fla e que acompanham o caso compartilham esse sentimento. O peso do pedido da Agência Mundial Antidoping (WADA) pode fazer a diferença no julgamento derradeiro de Guerrero.

 

– O mais duro é não ter feito nada e receber um castigo – dizia Guerrero.

 
 

Normalmente de poucas palavras, Guerrero ficou mais de 20 minutos atendendo a diversos jornalistas, inclusive alguns peruanos que vieram acompanhar a semana decisiva da carreira. Ainda brincou quando foi questionado se estava com saudades de dar entrevistas (“Estou falando demais, é?!”).

 

Suspenso originalmente por um ano, o peruano entrou aos 13 minutos do segundo tempo – em pouco mais de 30 minutos participou de 10 lances, com 14 toques na bola. De cara mostrou o toque refinado que o diferencia da maioria dos jogadores da posição. Dominou e logo girou para deixar Vinicius Junior na boa no contra-ataque. Em outro lance, ajeitou de peito para Éverton Ribeiro, a quem procurou novamente devolvendo esticada de bola no ataque.

 

Guerrero pouco fez perto da área. Bateu com perigo uma falta – que passou perto do gol de Danilo Fernandes – e isolou um cruzamento rasteiro de Geuvânio. A maior contribuição, ironicamente, veio quando ajudou a defesa. Quando o Internacional ameaçava pressionar para empatar a partida, o peruano tirou a bola da área de cabeça e na dividida da sequência do lance lançou na frente Éverton Ribeiro, autor de um golaço.

 

Guerrero posa para selfies (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)Guerrero posa para selfies (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Guerrero posa para selfies (Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

 

Contrato até agosto, sonho de Libertadores

O contrato de Guerrero com o Flamengo vai até o dia 10 de agosto. Ele evita falar no assunto. O Rubro-Negro quer novo acordo por tempo mais curto: até o fim do ano, prorrogável por mais uma temporada. Guerrero e seus agentes negociam por três temporadas. O acerto não é simples. Mas o jogador manifesta desejo de continuar no Flamengo, apesar dos desgastes da relação – os motivos: o período de contrato suspenso e certa frieza do apoio público do clube na defesa pela inocência.

 

– Estou aguardando a decisão, que vai ser importante para mim. Confiante que vai dar tudo certo, sou inocente. Quero ganhar os jogos enquanto estiver aqui, participar da Copa pelo meu país e voltar para o Flamengo e ganhar essa Libertadores, que é esperada por todos os rubro-negros – afirmou Guerrero.

 

A comissão técnica planejava usar Guerrero por período menor que os 32 minutos. Mas o resultado do primeiro tempo – 0 a 0 – e a vontade do jogador foram determinantes para Maurício Barbieri antecipar os planos. O peruano se sente bem fisicamente, embora não esteja no nível ideal, como lembrou o treinador. Com placar de 1 a 0 em Campinas, o jogo de volta no Maracanã, na próxima quinta-feira, pode servir para Guerrero atuar por mais tempo. Até mesmo retomar a vida no Flamengo como titular.

 

– Estava me preparando na Argentina, estou bem fisicamente. Aqui acabei de me preparar bem. Quando o Maurício quiser vou estar à disposição. Mas essa decisão vai ser do treinador. Vou respeitar o que ele decidir – afirmou o atacante do Flamengo.

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