Rui Car
03/02/2020 14h06

Empresário condenado no “Caso Fifa” teve apoio de Felipão em carta

José "Lázaro" Margulies confessou vários crimes e devolveu mais de R$ 40 milhões aos EUA

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O empresário José “Lázaro” Margulies, réu confesso no escândalo que ficou conhecido como “Caso Fifa”, foi sentenciado na semana passada pelo Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York, a uma pena de dois anos em liberdade condicional por uma série de crimes relacionados a corrupção no futebol.

 

A punição dada pela juíza Pamela Chen, a mesma que condenou José Maria Marin, foi exatamente a pedida por seus advogados, que conseguiram evitar uma pena em regime fechado.

 

Documentos do caso tornados públicos nesta semana pela Justiça dos EUA revelam que Lázaro, como era conhecido, contou com depoimentos favoráveis de pessoas importantes no Brasil. Entre elas o ex-técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, o presidente da TV Cultura, José Roberto Maluf, e o presidente da rádio Jovem Pan, Marcelo Leopoldo e Silva de Carvalho.

 

O empresário, nascido na Argentina e radicado no Brasil desde os anos 1960, admitiu ter intermediado o pagamento de cerca de US$ 80 milhões (cerca de R$ 340 milhões hoje) em propinas para cartolas de futebol. Margulies também admitiu ter recebido suborno, e ao confessar seus crimes aceitou devolver US$ 9,7 milhões (R$ 41,5 milhões na cotação atual) para o governo dos EUA, onde o “Caso Fifa” corre porque foram usados bancos e empresas americanas para movimentar dinheiro ilegal.

 

 

Carta de Felipão em favor de Margulies — Foto: ReproduçãoCarta de Felipão em favor de Margulies — Foto: Reprodução

Carta de Felipão em favor de Margulies — Foto: Reprodução

 

Na carta enviada para a juíza Chen, Felipão se refere a Margulies como “um grande amigo”, a quem ele conhece “há cerca de 25 anos”, quase toda a sua carreira “como técnico dos principais clubes e seleções do Brasil e do exterior”.

 

Felipão escreve ainda que “o Sr. José sempre ajudou a mim e aos clubes nas relações internacionais, sempre trabalhou de maneira proativa e transparente para que pudesse encontrar as melhores soluções para os problemas e situações que se apresentassem”.

 

Scolari, que assinou a carta no dia 5 de julho de 2019, quando ainda era técnico do Palmeiras, também conta que, após vários contatos profissionais, tornou-se amigo pessoal de Margulies e pôde conhecer sua família, “pela qual tenho grande admiração e respeito”.

 

 

Tribunal Federal do Brooklyn em Nova York — Foto: Don Emmert/AFPTribunal Federal do Brooklyn em Nova York — Foto: Don Emmert/AFP

Tribunal Federal do Brooklyn em Nova York — Foto: Don Emmert/AFP

 

José Lázaro Margulies, que chegou a estar na lista de procurados da Interpol, também recebeu o apoio, sempre por meio de cartas enviadas para a juíza do caso, de José Roberto Maluf, presidente da TV Cultura, e de Marcelo Leopoldo e Silva de Carvalho, presidente da Rádio Jovem Pan.

 

Os dois executivos lembraram da atuação de Magulies como empresário de artistas e músicos antes de se envolver com futebol e elogiaram sua conduta pessoal e profissional.

 

O rabino Shappie Albern, diretor da Associação Israelita de Beneficência Beit Chabad do Brasil, também assinou um documento no qual afirma que Margulies “está sinceramente arrependido de tudo o que fez”.

 

Quando admitiu seus crimes, numa sessão do Tribunal Federal do Brooklyn em dia 25 de novembro de 2015, Margulies fez questão de declarar:

 

– Eu gostaria de acrescentar o seguinte à minha declaração: eu estou arrependido dos problemas que eu causei para minha família, para o mundo do futebol e para os Estados Unidos. Ao aceitar minha culpa, eu estou dando o primeiro passo para reparar esses problemas.

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