No ofício enviado à CBF comunicando o abandono da Série B, Cláudio Honigman, presidente da Elephant, empresa que administrava o Figueirense, afirmou estar sendo alvo de um “complô” por parte de conselheiros do clube. Segundo ele, a disputa por poder já lhe rendeu até ameaça de morte.
O documento foi enviado à entidade no último domingo, dois dias depois de se negar a assinar a rescisão do contrato de arrendamento de sua empresa com o clube. O pedido do dirigente, no entanto, não foi atendido. A ação está suspensa por uma liminar judicial obtida a pedido de conselheiros que retomaram o controle do Figueirense após rescisão unilateral do contrato.
No comunicado, de duas páginas, além de alegar crise política e financeira, Honigman coloca a responsabilidade do pedido de abandono nos jogadores do clube. Segundo ele, os atletas o ameaçavam de não entrarem em campo por estarem sem receber salários, o que configuraria um segundo W.O, e a consequente exclusão do time do campeonato. A alegação do dirigente não se comprovou. Os atletas atuaram no jogo desta terça contra o Bragantino, em Florianópolis, mesmo com os salários atrasados.
A reportagem também apurou que não é fato que os atletas cogitaram um segundo W.O. na competição. O grupo não discutia adotar esta medida como forma de reivindicação.
Nos bastidores do clube, acredita-se que Honigman tomou tal atitude para forçar uma retomada das discussões com os conselheiros quanto à rescisão do contrato. O dirigente queria receber R$ 3 milhões, além do perdão das dívidas acumuladas pelo clube na sua gestão.
A CBF enviou ao STJD o comunicado de abandono feito por Honigman. Foi aberto um procedimento para analisar a validade do ato. Se tivesse sido aceito, o abandono provocaria a suspensão do clube de qualquer competição organizada pela CBF por um período de dois anos.
Saque na contas
Em entrevista à CBN de Santa Catarina na tarde desta terça-feira, o presidente do conselho Deliberativo, Francisco de Assis Filho, que assumiu o controle do clube, afirmou que no período em que a suspensão dos poderes de Honigman ainda não estava valendo, o ex-gestor “sacou tudo e colocou na conta dele”, referindo-se às contas bancárias do Figueirense.
O blog apurou que somente em um das contas, havia R$ 258 mil que seriam usados para pagamento de fornecedores.
A reportagem não conseguiu contato com Cláudio Honigman.