Rui Car
05/10/2018 11h11 - Atualizado em 05/10/2018 08h52

Ex-goleiro do Liverpool Bruce Grobbelaar diz: ‘Não sei quantas pessoas matei’

"Se foram muitas? Sim"

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Conhecido por suas excentricidades no campo, o ex-goleiro do Liverpool Bruce Grobbelaar tem um passado sombrio. Em uma entrevista reveladora ao jornal britânico “The Guardian”, o ex-jogador falou da época em que era um jovem soldado no exército da Rodésia na guerra pela independência do Zimbabue. Sem cerimônias, o ex-arqueiro, admitiu ter matado um número indeterminado de inimigos, relembrou a tragédia de Heysel e ainda respondeu sobre as alegações de que estaria envolvido em manipulação de resultados.

 

“Quantas pessoas matei? Não sei dizer. Se foram muitas? Sim. Por isso é que procurei viver a minha vida no presente. Só posso dizer que estou arrependido pelo que fiz. Não posso mudar o passado”, contou o ex-jogador no lançamento da sua autobiografia “Life in a Jungle” (em português, algo como “A vida em uma selva”).

 

 

Ao buscar na memória, Grobbelaar recorda do primeiro homem que matou. O ex-jogador conta alguns detalhes daquela noite.

 

“Foi ao anoitecer. Quando o sol está se pondo, começa a ver sombras nos arbustos. Não consegue ver muito até ver o branco dos olhos. É você ou ele. Dispara e se esconde. E você ouve o som de disparos. Ouves vozes do teu lado: ‘Ei, fui atingido.’ Assobia para que eles se calem ou então nos arriscamos a morrer. Quando acaba o tiroteio, vemos corpos por todo o lado. Na primeira vez, tudo o que tens no estômago te vem à boca”, relembra.

 

O ex-goleiro Grobbelaarfez revelações sobre sua vida como soldado da guerra
O ex-goleiro Grobbelaarfez revelações sobre sua vida como soldado da guerra Foto: REprodução / The Guardian

O goleiro ainda contou outros episódios que testemunhou na guerra, como o de um soldado rodesiano que cortava as orelhas dos inimigos que matava e as guardava em jarros. Outro caso foi em que dois soldados se suicidaram ao mesmo tempo, porque estavam condenados a fazer mais uma comissão de seis meses. Com tudo isto que viveu, Grobbelaar diz que o futebol lhe salvou a vida:

 

“O esporte me afastou dos pensamentos negros sobre a guerra”, afirmou.

 

Já quando jogava na Inglaterra, Grobbelaar viveu outro momento traumático, a tragédia de Heysel, durante a final da Liga dos Campeões, em 1985, entre a Juventus e o Liverpool. Ouve confrontos entre adeptos dos dois lados, mais a queda da grade de uma bancada ocupada por italianos, provocou a morte de 39 pessoas. O goleiro era o jogador que estava mais perto do local onde tudo se passou:

 

“Foi pior do que a guerra. No mato, você sabia o que podia acontecer. Em Heysel, era gente inocente. Foi horrível ouvir os corpos a caindo”, recordou.

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