Rui Car
09/11/2017 12h30 - Atualizado em 09/11/2017 08h27

A Fala Infeliz de Guto Ferreira

Então, a resposta não estará nos microfones

Assistência Familiar Alto Vale
Maurício Saraiva - Globo Esporte

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Coloque-se no lugar do treinador do Inter e dê o devido desconto ao que ele disse após o empate com o Luverdense em Lucas do Rio Verde. Estava pressionado, bombardeado de perguntas pouco confortáveis, o que é parte do seu ofício. Para livrar-se delas, disse que não era ele que tomava gols, estava fora. Uma fala infeliz, indelicada e que certamente deixa desconfiada a boleirada. Há uma tese da antiga de que alguns treinadores do futebol brasileiro vivem no modo “eu ganho, nós empatamos, eles perdem”. No caso de Guto, ele quis descolar do empate, embora também não fosse de bom tom seu orgulho por nunca ter perdido no estádio Passo das Emas como treinador. É pouco, combinemos. 

 

Guto Ferreira está pressionado pelos desempenhos ruins do Inter, a despeito da liderança alcançada cuja gordura está sendo derretida há cinco rodadas. O América-MG tem jogo teoricamente fácil em casa contra o ABC hoje. Se ganhar, alinha-se ao Inter e vai perder nos critérios.

 

Está faltando fôlego na reta final, o que não comprometerá o acesso, mas deixa de lado os colorados com toda razão. O investimento é alto, a diferença de qualidade técnica, não menos, e as performances e as explicações pós-jogo parecem vir de alguém que dirige um time do tamanho dos outros da Série B. Não é assim. O Inter não deve cometer o pecado capital da soberba como fez em 2016, crer que sobe porque é Inter. Ao mesmo tempo, não pode perder de vista o oceano que o separa dos demais em investimento e estrutura. Será cobrado proporcionalmente à grandeza. Só seria diferente se diminuísse de tamanho. Não conheço um colorado que topasse ver seu clube do coração virar ex-grande só para não ser cobrado como o Inter está sendo.

 

Então, a resposta não estará nos microfones. Guto Ferreira precisa dar jeito no time para que ele jogue melhor. Mude o desenho, treine outra alternativa, o que não tem faltado é tempo de trabalho para o técnico. Subir, vai subir. Deste jeito, porém, não vejo nenhuma certeza de que a direção bancará o atual técnico para 2018.

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