Rui Car
21/11/2019 09h52

‘Flamengo e River são dois colossos do futebol sul-americano’, diz presidente da Fifa

Infantino aderiu ao discurso de que os times de fora do mercado europeu têm condições de se aproximarem à elite mundial

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A Libertadores 2019 tem tudo a ver com os planos da Fifa. Além de dar vaga para o Mundial de Clubes deste ano, a decisão de Lima tem tudo para ser o passaporte para que o campeão compareça à primeira edição reformulada do Mundial, em 2021, na China. Apesar de não estar presente na capital peruana para o Flamengo x River Plate de sábado, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, está de olho no desfecho do torneio sul-americano.

 

Infantino aderiu ao discurso de que os times de fora do mercado europeu têm condições de se aproximarem à elite mundial nos quesitos técnicos, financeiros e de popularidade. Flamengo e River Plate são dos dois clubes atualmente credenciados para tal, na visão do dirigente máximo do futebol:

 

– Estamos falando de dois colossos do futebol sul-americano.

 

Em entrevista ao JOGO EXTRA após a passagem por Brasília para a final do Mundial Sub-17, o presidente da Fifa ainda falou sobre o movimento recente que culminou com a criação de uma associação mundial de clubes, da qual participam, por exemplo, Real Madrid e Boca Juniors.

 

A reunião que deu o pontapé inicial ao grupo ocorreu na Fifa, sem conhecimento prévio com a Conmebol, o que gerou desconforto no cenário sul-americano. As confederações continentais prezam pelo papel de intermediárias entre a Fifa e os filados. Essa associação mundial será tema de conversa no Conselho da Conmebol nesta sexta-feira. Mas Infantino se exime de responsabilidade, dizendo que a iniciativa veio dos próprios clubes.

 

Qual sua avaliação do Mundial sub-17 em termos organizacionais e da campanha brasileira que culminou com o título?

Não estive no Brasil o tempo todo, mas fui acompanhando à distância os jogos e os aspectos relativos à organização. Devo dizer que foi uma organização muito boa. Envio os parabéns a todos os envolvidos num torneio que foi cheio de emoção e bom futebol.

Agora vem o Mundial de Clubes, uma das últimas versões desse formato do torneio. Quais são as ambições da Fifa para a competição no Qatar?

Se decidimos mudar foi porque entendemos que este formato está longe de ser o ideal. Mas é óbvio que vamos ser totalmente profissionais e estamos empenhamos em garantir, em conjunto com os nossos parceiros do Qatar, uma organização impecável para todos os torcedores, times, árbitros e demais que estarão lá em dezembro.

A final da Libertadores será entre River x Flamengo. De alguma forma, consegue saber a respeito dos dois times que podem estar no Mundial em 2021?

Não poderei estar em Lima. Desejo que seja uma final espetacular, digna dos dois finalistas, com um grande ambiente e sem incidentes. Que seja uma grande festa do futebol. Estamos falando de dois colossos do futebol sul-americano. São dois clubes que têm muitos milhões de torcedores nos seus países. Mas a minha ambição é que Flamengo e River venham a ter muitos mais milhões de adeptos espalhados pelo mundo, porque são clubes que têm potencial para conquistarem torcedores. O River Plate tem estado em grande nível nos últimos anos, sendo o detentor do troféu. O Flamengo atravessou período menos positivos nos últimos anos, mas esta temporada, em especial nos últimos meses com a entrada do novo treinador, tem feito grande jogos e grandes resultados.

Sobre o Mundial de 2021, houve alguma conversa com o presidente da Conmebol sobre a definição das vagas sul-americanas?

Tem havido conversas com os presidentes de todas as confederações, mas a opinião dos clubes, que são aqueles que estão diretamente envolvidos tem, naturalmente, também que ser levada em conta.

A Fifa teria alguma objeção à inclusão de campeões da Copa Sul-Americana, o torneio de segundo escalão, no Mundial de 2021?

A decisão é do Conselho da Fifa, mas claro que a opinião das confederações, tal como de outros stakeholders, deve ser levada em conta. Eu acho que num Mundial de Clubes que todos querem que seja uma competição fantástica devem estar os melhores dos melhores. E na América do Sul, normalmente, os melhores estão na Copa Libertadores.

 

Como vê a criação dessa associação mundial de clubes, criada há poucos dias? Qual o papel dela no cenário do futebol e nas decisões tomadas pela Fifa?

Eu tive oportunidade de saudar a criação dessa associação e a iniciativa do Real Madrid em juntar grandes clubes de todo o mundo para falarem de temas que interessam a todos. Fiquei particularmente satisfeito por estarem presentes à primeira reunião representantes de clubes de todos os continentes. Foi por isso que os clubes pediram para se reunir na sede da Fifa, em Zurique. E também porque um dos motivos que esteve na origem da criação da associação foi o novo Mundial de Clubes, que começará em 2021.

 

No primeiro encontro do qual o senhor participou, quais sugestões/pedidos foram colocados à mesa pela associação?

O tema em análise foi exatamente o novo Mundial. Os clubes consideram que é importante uma plataforma por meio da qual podem canalizar as suas ideias, expectativas e ambições. Falou-se também da rápida expansão que a associação quer ter, iniciando-se o processo de convidar outros grandes clubes de todo o mundo a juntarem-se a eles. Numa sociedade democrática e aberta, quando não temos nada a esconder e não temos medo, só podemos estar receptivos a participar do debate com quem quer encontrar as soluções para assuntos que interessam a todos.

 

Como essa associação pode reduzir a distância entre os clubes de outros continentes e os europeus tanto na parte técnica quanto nas finanças?

O fato de terem sido os próprios clubes a reconhecerem a necessidade de terem uma organização onde todos os continentes estivessem representados já quer dizer que há uma visão global dos assuntos. E isso para a Fifa é importante porque a nossa missão é desenvolver o futebol em todo o mundo. Minha visão é que num futuro não tão distante haja 40 ou 50 clubes muito fortes em todo o mundo, ao ponto de poderem ambicionar ganhar o Mundial de Clubes. Uma prova como o torneio pode ser um incentivo para que haja um maior investimento em clubes não só europeus, mas também de outros continentes. A competição ao mais alto nível contribui para a evolução e a perspectiva de disputar prova tão atrativa pode levar a que as próprias ligas de fora da Europa se tornem mais competitivas porque haverá mais clubes a querem qualificar-se para essa grande prova global.

 

Na última reunião do Conselho da Fifa, a CBF levou dois pedidos: a liberação obrigatória dos jogadores profissionais para as seleções sub-20 e sub-17. E também um mecanismo para que a licença de treinador dada no Brasil seja aceita mundialmente. Como enxerga esses dois pleitos e qual o andamento da discussão?

Foram duas propostas compreensíveis e bem apresentadas. Qualquer uma delas merecerá análise mais profunda quer pela administração da Fifa quer pelo comitês responsáveis, já que são assuntos complexos e voltarão à agenda em próximas reuniões do Conselho.

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