Rui Car
05/04/2017 13h48

Henzel programa retorno a Medellín: ‘Quero voltar lá e entender o que aconteceu’

"O dia 29 de novembro passou a ser o meu segundo aniversário"

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Um dos seis sobreviventes da queda do voo da Chapecoense, na madrugada do último dia 29 de novembro, o jornalista Rafael Henzel vai narrar hoje, às 19h15, na Arena Condá, o duelo entre o time catarinense e o Atlético Nacional, partida de ida pela Recopa Sul-Americana. Este era o confronto que deveria ter acontecido na final da Copa Sul-Americana de 2016, mas nunca ocorreu por conta da tragédia com o avião da LaMia — que caiu na província de Río Negro, na Colômbia, por falta de combustível, matando 71 pessoas, a maior parte membros da delegação da Chape.

 

— É como se eu realizasse um sonho. Há quatro meses e seis dias, nós estávamos para fazer esse jogo com o Atlético Nacional — relembra o jornalista da Rádio Oeste Capital FM, de Chapecó (SC): — É uma emoção forte. Será o primeiro capítulo. O segundo será lá, onde deveríamos ter chegado e jogado, todos os colegas que lá estariam comigo… Vai ser uma montanha-russa de emoções.

 

Rafael Henzel com a camisa do Atlético Nacional
Rafael Henzel com a camisa do Atlético Nacional Foto: Reprodução / Facebook

O coração ficará mais acelerado daqui a um mês, no dia 10 de maio, na partida de volta, no Atanasio Girardot, em Medellín. Antes de pisar no estádio onde quase cem mil pessoas homenagearam as vítimas do acidente, Henzel pretende ir ao local onde foi encontrado: as montanhas de Cerro Gordo, agora rebatizadas de Chapecoense.

 

— Está confirmado que vou para lá e já tenho um cronograma planejado de visitas. Quero visitar os bombeiros e médicos que me atenderam. Quero voltar ao morro e entender o que aconteceu. E, claro, agradecer por estar vivo, pelas pessoas que nos abraçaram. Vou finalmente conhecer Medellín — afirma ele.

 

Avião da Chapecoense caiu na Colômbia
Avião da Chapecoense caiu na Colômbia Foto: RAUL ARBOLEDA / STR

Camisa da Chapecoense

Na mala, a camisa da Chape será peça indispensável.

 

— Quando saí do hospital de lá, depois de sete dias na UTI, prometi voltar pisando firme e respirando fundo. Vou pagar essa promessa. E vestindo a camisa da Chape — assegura Henzel: — De repente, encontro os meninos lá (Ruschel, Neto e Follmann, jogadores sobreviventes) e revemos tudo juntos. A intenção é irmos os quatro e seria interessante chegarmos lá felizes. Vamos ver se conseguimos.

 

Física e psicologicamente, Henzel garante estar 100%. Ainda não pode voltar a jogar a habitual pelada com os amigos, mas, com uma agenda tão apertada de partidas da Chapecoense para narrar, nem teria tempo:

 

— Estou andando normalmente, só não jogo mais futebol. Eu quebrei sete costelas, tive pneumonia, um ferimento no pé esquerdo. Mas graças aos médicos colombianos e brasileiros, eu já tenho uma a vida normal. Isso é fantástico. O dia 29 de novembro passou a ser o meu segundo aniversário.

 

Delegação do Atlético Nacional em Chapecó
Delegação do Atlético Nacional em Chapecó Foto: Nelson Almeida / STF

 

O agradecimento e o carinho pelo povo colombiano serão eternos. Principalmente ao Atlético Nacional, pelo fair play jamais visto na história do futebol. Até mesmo jogar na Arena Condá foi um pedido do time colombiano, apesar de a capacidade ser de apenas 20 mil lugares — o regulamento exige, no mínimo, 40 mil.

 

— A vinda deles é espetacular. Primeiro, porque vamos disputar um título. E acima disso, será pela mínima gentileza e celebração que temos que fazer com eles, pelo que fizeram por nós lá. Eles tiveram a gentileza de enviar uma carta à Conmebol e pediram para que o confronto fosse aqui. Não temos ligação política, cultural e esportiva com Medellín. Tudo partiu da generosidade dos colombianos. Temos que homenageá-los — afirma Henzel.

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