Rui Car
24/05/2018 12h30 - Atualizado em 24/05/2018 09h15

Instabilidade física retarda brilho de Coutinho na seleção; hoje, no auge da forma, virou protagonista

Hoje, em forma, protagonizou a segunda maior transferência do planeta

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A última vez que Philippe Coutinho havia pisado na Granja Comary para se preparar para um Mundial havia sido em 2011. Na ausência de Neymar, era talvez o grande nome da seleção sub-20 que mais tarde seria campeã. Demorou mais do que todos esperavam para assumir o protagonismo também na equipe principal, mas sete anos depois e com 4kg a menos, é uma das grandes apostas de Tite na Copa da Rússia.

 

O brilho tardio no futebol europeu é reflexo da dificuldade que o garoto enfrentou para encontrar a forma ideal. A culpa disso em parte cai sobre a precocidade com que foi negociado para a Internazionale e promovido aos profissionais do Vasco. Vendido aos 16 anos, aos 17 estreava no time principal do Cruz-maltino, mesmo sem condições físicas para isso. Tinha 64kg em 2009, mas a pressa em São Januário para aproveitá-lo antes que fosse embora falou mais alto e ele foi submetido a um programa de crescimento.

 

Dois anos depois, já no clube de Milão, ele encontrava na equipe sub-20 que treinava na Granja Comary Casemiro e Danilo, companheiros na seleção atual. Os números na balança apontavam 72Kg, distribuídos em 1,71m. Nas fotos da época, o perfil pouco atlético não chamava atenção, mas comparadas às imagens atuais, salta aos olhos.

 

Pouco adepto dos exercícios na academia

Somente no Liverpool, para onde se transferiu em janeiro de 2013, que o garoto do Rocha, Zona Norte do Rio, conseguiu encontrar o equilíbrio físico que precisava. Antes, não conseguiu vingar na Internazionale, onde a imposição física do futebol italiano parecia ser demais para ele.

 

Quando foi emprestado ao Espanyol, conseguiu brilhar no Campeonato Espanhol, em uma liga de menos choque e mais técnica.

 

Quando chegou à Inglaterra, Coutinho ainda resistiu para seguir o melhor caminho para sua carreira e aí a responsabilidade pela demora para explodir é dele. Fábio Mahseredjian, preparador físico da seleção, revelou que o meia era um pouco avesso aos exercícios:

 

— Estive no Liverpool, conversei com o preparador físico de lá. Ele me disse que o Philippe Coutinho fugia um pouco, não gostava de academia, mas estavam em processo de fazê-lo entender a necessidade. Ele prontamente aceitou. Tanto que ele viu que era preciso levar um profissional para trabalhar com ele em Barcelona.

 

Hoje, em forma, protagonizou a segunda maior transferência do planeta.

 

Ainda mais decisivo após lesão de Neymar

Foram 4kg perdidos desde 2011, com ganho de massa magra. Philippe Coutinho está mais seco do que nunca, o que deixa a seleção brasileira confiante de que poderá suprir a carência do camisa 10 Neymar, ainda em processo de recuperação da fratura no pé direito.

 

Nos amistosos contra Rússia e Alemanha, coube a ele a maior responsabilidade de criar as jogadas ofensivas da seleção. O mesmo deverá se repetir na partida contra a Croácia, dia 3. Nela, deverá ser titular na função do camisa 10. Para o preparador da seleção, chegou a sua hora.

 

— Eu me lembro do primeiro treino com ele, quando o Dunga era treinador ainda, ele fazia coisas que não imaginava que pudessem ser feitas — lembrou Fábio Mahseredjian: — Ele tinha três em cima dele e saía com a bola limpa. Eu vejo o Coutinho em evolução no aspecto físico. Creio que vá chegar fisicamente muito melhor do que há dois anos.

 

Justamente graças a esse crescimento da força de Coutinho que o técnico Tite já cogita escalá-lo mais recuado no meio de campo. O treinador enxerga nele capacidade de criar e também marcar.

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