Rui Car
03/03/2017 11h11 - Atualizado em 03/03/2017 08h24

Jogadores decidem manter greve na Argentina, e AFA ameaça punir clubes

O Campeonato Argentino deveria recomeçar em fevereiro

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Globo Esporte

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Segue o impasse no futebol argentino. Após reunião de duas horas na noite desta quinta-feira, os jogadores do país decidiram manter a greve. Os atletas exigem o repasse imediato do depósito do governo pela rescisão do contrato de transmissão para o pagamento de salários atrasados de atletas. Por outro lado, a Associação de Futebol Argentino (AFA) emitiu uma resolução na qual garante a realização da rodada deste fim de semana e prevê sanções para os clubes que não entrarem em campo.

 

Após a paralisação prevista no calendário no fim do ano passado, o Campeonato Argentino deveria recomeçar em fevereiro. No entanto, a crise econômica e a enorme dívida dos clubes com os jogadores geraram o entrave. Todas as quatro divisões do futebol no país estão paradas, e o problema é maior entre as equipes menores. Alguns clubes não pagam seus jogadores há mais de cinco meses.  O governo deve US$ 33 milhões (cerca de R$ 99 milhões) à AFA pela rescisão do contrato de transmissão gratuita dos jogos na televisão. Os atletas pedem que o dinheiro seja destinado à quitação das dívidas.

 

Olé Argentina greve jogadores (Foto: Reprodução/Twitter Diário Olé)Jogadores decidem pela manutenção da greve na Argentina (Foto: Reprodução/Twitter Diário Olé)

 

Dois jogos estão marcados para esta sexta: Rosario Central x Godoy Cruz e San Lorenzo x Belgrano. As delegações de Godoy Cruz e Belgrano viajaram para Rosario e Buenos Aires, respectivamente, mas ainda não se sabe se os jogos acontecerão. Na noite desta sexta, atletas de vários clubes se reuniram na sede do sindicato dos futebolistas da Argentina (FAA) e decidiram pela manutenção da greve. Atletas como Gago (Boca Juniors), Maxi Rodríguez (Newell’s Old Boys), Ortigoza (San Lorenzo) e Cubero (Vélez Sarsfield) estiveram no encontro. Cubero foi o único a falar com a imprensa.

 
 

– Não há futebol. Se o dinheiro não estiver na conta dos jogadores, não vamos jogar. Os 350 milhões (de pesos) do governo serão divididos em distintas porcentagens entre os clubes. A alguns não vai dar para quitar as dívidas – declarou Cubero.

 

Em resolução divulgada após a decisão dos jogadores, a AFA declarou que neste fim de semana “começarão os torneios da Primeira, Primeira B, Primeira C e Primeira D” e a entidade “recorda que estabelecem seus regulamentos sanções para aquelas equipes que não apresentarem suas respectivas equipes nos dias e horários oportunamente designados”. Além dos dois jogos desta sexta, outras 13 partidas estão marcadas para os próximos sábado, domingo e segunda-feira. 

 

Vice-presidente da Comissão Normalizadora da AFA, entidade criada pela Fifa para administrar o futebol no país, Javier Medín garantiu que o dinheiro já foi liberado. E os clubes irão sofrer as consequências caso a greve seja mantida.

 

– O dinheiro já existe. Não há desculpa para a falta de pagamento. Deveriam entrar em um consenso. O cobertor é sempre curto, mas tanto os dirigentes dos clubes como a AFA fizeram um esforço. Se realizou a assembleia, chegamos a um acordo para que todos os clubes estejam em dia com os jogadores na semana que vem. As pessoas estão fartas e querem ver futebol. Há que começar a jogar. A máquina do futebol depende que se role a bola – declarou Medín, em entrevista aos canais ESPN e TyC Sports da Argentina.

 

AFA resolução sanções greve jogadores Argentino (Foto: Reprodução/AFA)Resolução da AFA: “Sanções para as equipes” (Foto: Reprodução/AFA)

 

Presidente do sindicato dos jogadores na Argentina (FAA), o ex-atleta Sergio Marchi assegurou a decisão da entidade: os jogadores não irão entrar em campo.

 

– Foi uma decisão unânime. A decisão é interromper as atividades porque não se pôde cancelar a dívida com os futebolistas, que têm entre quatro e cinco meses (de atraso). Estamos reclamando desde o dia 3 de janeiro, e os dirigentes dos clubes estiveram indiferentes – declarou.

 

Também nesta quinta, a AFA recebeu uma nota da Fifa com ameaças, entre elas uma possível suspensão por um mês. O principal motivo foi a mudança do artigo 87 de seu estatuto. A alteração determinou que o Colégio de Advogados de Buenos Aires seja responsável pela definição de habilitação dos candidatos para presidente e vice da AFA, e não o comitê de ética da Conmebol. Se a suspensão for confirmada, a Argentina ficaria fora dos jogos contra Chile e Bolívia, em março, válidos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, assim como os clubes na Libertadores e na Sul-Americana.

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