Rui Car
10/06/2017 08h31

Jogadores do Flamengo e Zé Ricardo se assustam com protesto, mas cobrança fica do lado de fora

O clube emitiu nota de repúdio pelo excesso contra os jogadores

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Acabou o amor. Dezenas de torcedores do Flamengo fizeram do longínquo e pacato Ninho do Urubu, em Vargem Grande, um caldeirão de protestos contra os atletas pelo atual desempenho. E prometem continuar a cobrança até serem recebidos para uma conversa. Os alvos principais foram o presidente Eduardo Bandeira de Mello, o técnico Zé Ricardo e o goleiro Muralha, que teve alface jogado em um dos carros dos atletas como símbolo da irritação. O trio, porém, chegou cedo no Centro de Treinamento.

 

Zé Ricardo foi um dos primeiros a chegar e não enfrentou a massa de rubro-negros na porta do local de trabalho. O mandatário também não foi identificado. O Flamengo repudiou os excessos contra o patrimônio do clube e dos atletas e a policia militar tentou conter o tumulto com bala de borracha e spray de pimenta. Do lado de dentro, não houve cobranças dos dirigentes. Os atletas se assustaram, mas focaram no treinamento. A conversa pré-treino foi rápida e sem tempo para lamentar.

 

A movimentação no Centro de Treinamento começou desde as primeiras horas da tarde. O reforço de segurança não foi suficiente para que, a cada carro de atleta que chegasse, os torcedores fossem impedidos de xingamentos e abalos nos veículos. Assustados, alguns jogadores passaram reto na entrada do CT e outros aceleraram. Ederson quase atropelou um segurança do clube e passou por cima do pé de um torcedor. Outros tentaram evitar a ira abrindo o vidro, como Conca, mas logo fecharam. O meio-campo Cuéllar entrou com um sobrinho, que do banco de trás se assustou com a cena.

 

Até o fim da noite, a multidão se dispersou. Um ônibus levou grupos de organizadas e carros particulares se multiplicaram com torcedores comuns. As torcidas Raça, Urubuzada e Fla Manguaça fizeram o primeiro movimento com faixas e coro contra o time. “Honrem o manto”, Investimento alto. Pouca resposta”, e “A gente da a vida. Deem o sangue” foram algumas mensagens expostas. O clube emitiu nota de repúdio pelo excesso contra os jogadores.

“Instituição democrática centenária, o Flamengo sempre irá reconhecer o direito legítimo de seu torcedor em protestar quando não estiver satisfeito com o desempenho do clube em todas as modalidades que disputa, em especial o futebol. Porém, o Flamengo nunca irá concordar e repudiará sempre com veemência, atos de violência direcionados a seus atletas e profissionais e/ou ao patrimônio destes, principalmente em local de trabalho, como o Centro de Treinamento George Helal”.

 

O zagueiro Juan foi mais ameno e lembrou que o episódio é frequente no Flamengo desde seu começo no clube. Disse entender a irritação do torcedor e não considerou o protesto justificado, apesar do tumulto causado pela entrada apertada do Centro de Treinamento.

 

– Parece que não teve ninguém agredido. Teve tumulto nos carros pela entrada meio apertada. Protestar faz parte. Estão no direito. Amam o clube mais que todos – afirmou, cobrando ação de autoridades para quem passar dos limites.

 

O experiente zagueiro disse que não falta vontade no time, que vive má fase técnica e tática. Mas absolveu Zé Ricardo e o goleiro Muralha.

 

– A expectativa é grande pelo elenco que formou e a estrutura que tem. Se espera muito. A gente já mostrou do que é capaz. A insatisfação vem um pouco disso também. As derrotas até aqui custaram caro. Principalmente na Libertadores. Agora é tentar chegar no topo da tabela do Brasileiro – avisou.

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