O Figueirense deu um passo importante na busca da reestruturação financeira. O plano de recuperação extrajudicial do clube foi homologado pela Vara Regional de Recuperações Judiciais, Falências e Concordatas de Florianópolis na noite desta sexta-feira (17).
A decisão permite ao clube equacionar as dívidas junto aos credores trabalhistas e cíveis. O presidente do Furacão, Norton Boppré, classificou a atitude como “trabalho sério” e vê a decisão como necessária para a readequação financeira do clube pensando no futuro.
“A restruturação do endividamento é uma questão sensível para os clubes de futebol do país. O Figueirense saiu na frente e mostrou novamente seu pioneirismo, que está no seu DNA. Outros clubes irão precisar readequar sua estrutura de capital e o Figueirense mostrou que é possível. Foi um trabalho sério, correto e agora colhe seus primeiros frutos”, afirmou o mandatário.
“Estamos prontos e animados para os próximos desafios. Nossa meta é recolocar o Figueirense entre as principais forças do futebol brasileiro e a partir daí alçar voos ainda maiores. Queremos entregar ao torcedor um clube financeiramente equilibrado e um time competitivo. Não tenho dúvidas de que ainda há muito a percorrer, mas estamos no caminho certo”, completa.
Todos os credores do clube, independente de terem ou aderido o plano de recuperação extrajudicial, terão de cumprir as regras, os prazos e as formas de pagamento.
Com isso, a dívida agora passa a ser paga em condições diferenciadas. Após um ano de carência, haverá um alongamento dos prazos para que serja realizado o pagamento – 10 anos para as dívidas trabalhistas e 15 anos para as dívidas cíveis.
“Iniciamos o projeto de soerguimento do Figueirense há pouco mais de um ano. A primeira fase do projeto foi um diagnóstico da situação financeira do clube, em seguida desenhamos cenários junto aos executivos e um plano de ação de como iríamos tratar a geração operacional de caixa e as alternativas para a equalização do alto endividamento encontrado”, afirma Leonardo Coelho, sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal, parceira do clube na reestruturação financeira.
“Foram considerados diferentes cenários: acesso a Série A, permanência na Série B e a queda do Clube para a Série C, o que possibilitou uma rápida readequação dos custos e despesas quando a projeção virou uma realidade para o Figueirense”, conclui.
Entenda o caso
O plano de recuperação extrajudicial do Figueirense é algo inédito no futebol brasileiro. O clube, que completou 100 anos em 2021, vê a situação como esperança para viver dias melhores.
O processo teve início ainda em março de 2021, quando o Furacão entrou com uma cautelar apontando que as atividades estavam em risco de encerrar imediatamente caso não parasse a execução das dívidas.
Na ocasião, o documento mostrava o valor mensal gasto, somando Figueirense FC e Figueirense Ltda. A primeira apontava uma folha de pagamento em torno de R$ 150, enquanto a empresa paga por mês R$ 60 mil. Outros R$ 120 mil a título de tributos também entram na conta final.
Um dia após ingressar com a ação, o pedido foi negado pelo juiz Luiz Henrique Bonatelli, da Vara Regional de Recuperações Judiciais, Falências e Concordatas de Florianópolis.
No entanto, dias depois, o TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina) reconheceu como legítimo o pedido do Alvinegro. A decisão foi do desembargador Torres Marques.
Momento atual
O Figueirense vive a maior crise de sua história. Na Série C do Campeonato Brasileiro, acumula R$ 165 milhões em dívidas, sendo R$ 81 milhões vinculadas ao Figueirense FC e R$ 84 milhões à Figueirense Ltda.
A partir de 2017, com a chegada da Elephant (empresa gestora até 2019), a situação piorou.
Fonte: ND+