Mal chegou ao Zenit e Malcom já pode deixar o clube. Mas não por conta de uma proposta milionária. De acordo com a agência de notícias russa “RIA Novosti”, o clube de São Petersburgo cogita vender o ex-corintiano, comprado na semana passada por 40 milhões de euros, após parte de torcedores do Zenit fazerem manifestações racistas.
A lamentável e condenável atitude ocorreu no último sábado, quando ultras (como são conhecidos n a Europa os torcedores mais radicais) do Zenit estenderam uma faixa irônica na qual se dizia: “Obrigado à direção por se manter leal às nossas tradições”. Uma alusão ao fato de que o clube não tem hábito de contratar atletas negros.
“Talvez o Zenit venda o Malcom já em janeiro (na próxima janela de transferências) devido aos problemas de racismo. Os torcedores do Zenit não o aceitam”, declarou uma fonte brasileira próxima da situação à agência RIA Novosti.
Zenit emite comunicado, minimiza acontecido e nega rumores de venda
O Zenit soltou emitiu um comunicado oficial reconhecendo a existência da faixa, mas diz que tudo foi mal interpretado pela mídia e minimizou o acontecido.
“O Zenit Football Club sabe que uma faixa foi revelada por um pequeno número de pessoas e que o significado desta declaração foi deturpado. E com base nessas deturpações, conclusões incorretas foram tiradas que não têm base na realidade. O Zenit tem uma longa tradição de convidar os melhores jogadores de todo o mundo para o clube, independentemente do seu passado, etnia ou nacionalidade. Há muito que o clube apoia e instiga iniciativas anti-racistas, inclusivas e de igualdade e continuará a fazê-lo agora e no futuro. Ao mesmo tempo, gostaríamos de expressar nosso profundo pesar de que os meios de comunicação no exterior e outros, incluindo clubes de futebol, tenham denunciado incorretamente o assunto, e esperamos que o avanço dessas organizações possa verificar completamente os fatos antes de fazer quaisquer declarações depreciativas ou acusações. O Zenit Football Club terá o prazer de convidar aqueles que comentarem a situação para assistirem a uma das nossas partidas em casa e experimentarem a hospitalidade que tão famosamente demonstramos durante a Copa do Mundo de 2018 e em outras competições e eventos internacionais.”
Depois de emitir o comunicado, em sua conta oficial no Twitter, o Zenit, após ser questionado pelo jornalista Leonardo Bertozzi, da ESPN Brasil, rebateu a notícia da possível venda em janeiro e disse que deseja que Malcom “continue por muito tempo” no clube.
Manifesto racista de ultras pressiona dirigentes
Além de manifestação na partida contra o Krasnodar, uma carta-manifesto assinada por várias torcidas do clube também seria outro motivo de pressão à diretoria do Zenit. Nela, existem critérios para contratações do clube. E, entre eles, o de não aceitar jogadores negros ou de “minorias sexuais”, entre outros argumentos racistas e/ou discriminatórios.
“Agora, os jogadores negros de futebol estão sendo impostos quase pela força ao Zenit. E isso causa apenas uma reação adversa. Deixe-nos ser o que somos”, diz um trecho do manifesto.
Além de Malcom, o Zenit conta com outro brasileiro no elenco: o lateral Douglas Santos, ex-Atlético-MG.
Carta-manifesto de organizadas do Zenit — Foto: Reprodução
Faixa irônica na torcida do Zenit — Foto: Reprodução