Rui Car
09/05/2018 15h40 - Atualizado em 09/05/2018 14h24

Na semana de UFC Rio 9, Jacaré elogia Gastelum: “Carismático. Até eu gosto dele”

Peso-médio brasileiro faz sua segunda luta após afastamento

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A quatro dias do UFC Rio 9, evento que marca a segunda luta de Ronaldo Jacaré após volta de lesão no ombro e cirurgia para retirada de apêndice, o brasileiro revelou ao Combate.com um pouco mais sobre suas expectativas para o confronto contra o americano Kelvin Gastelum. Se depender de Jacaré, essa será sua última luta antes do desafio ao cinturão dos pesos-médios, pertencente hoje ao australiano Robert Whittaker – que derrotou Jacaré no começo de 2017. O brasileiro surpreendeu ao revelar que chega a gostar do rival de sábado.

 

– O Gastelum é um cara carismático, sei que ele tem torcida aqui. Até eu gosto dele, fazer o quê?! Mas vamos lutar, ele vai estar na minha casa e não vai se dar bem, não. Tecnicamente, ele é muito bom. É um cara muito duro, usa bem o golpe à distância. Consegue encurtar rápido a distância e aplicar a mão esquerda com força. É um lutador complicado – afirmou Jacaré.

 

 

Ronaldo Jacaré x Derek Brunson UFC Charlotte (Foto: Getty Images)Ronaldo Jacaré x Derek Brunson UFC Charlotte (Foto: Getty Images)

Ronaldo Jacaré x Derek Brunson UFC Charlotte (Foto: Getty Images)

 

O adversário de Jacaré é treinado pelo ex-lutador brasileiro, Rafael Cordeiro, líder da Kings MMA, com quem Jacaré possui uma relação próxima. Em entrevista ao Combate.com, na última semana, o treinador chegou a afirmar que a luta de sábado será diferente para ele, por conta da boa relação com o compatriota, e garantiu que precisará “deixar os sentimentos de lado”.

 

Por parte de Jacaré, o carinho é o mesmo. Na metade de 2017, quando se mudou para os Estados Unidos, a sua opção inicial era treinar na Califórnia, com Cordeiro, a quem o lutador se refere como “um dos melhores técnicos do mundo”. Devido às suas crenças religiosas, no entanto, o atleta optou, de última hora, pela cidade de Orlando, na Flórida. Mas ao contrário de Cordeiro, quando questionado sobre a diferença de lutar contra Gastelum, Jacaré avisa que respeita o treinador, mas que o confronto é igual a qualquer outro.

 

– Tenho maior respeito pelo trabalho do Cordeiro. O Rafael vai fazer de tudo para o atleta dele vencer. Ele é um dos melhores do mundo, então deve estar montando uma excelente estratégia. Quase fui treinar com ele, sei que ele é um excelente professor, foi um grande atleta. Ele está no meio há muito tempo, conhece. Fico feliz de estar proporcionando essa experiência pra ele. Ele falou na entrevista que é diferente, e eu fico feliz de ser diferente. Mas para mim, é normal. Eu vim do judô. No judô você luta em um lugar a vida toda e daqui a pouco está enfrentando alguém daquela academia. O que vale é porrada – explica o brasileiro.

 

Vivendo em Orlando com sua família há quase um ano, Jacaré conta que abandou sua ideia de se mudar para a Califórnia e decidiu ir para Flórida durante suas orações. Religioso fervoroso, o atleta teve sua decisão influenciada pelo fato de sua Igreja ter uma sede no estado da Flórida. Com relação às mudanças em seus treinamentos, Ronaldo afirma notar grandes diferenças. Segundo o lutador, o emocional e a vontade excessiva dos brasileiros acaba, muitas vezes, comprometendo a qualidade do trabalho.

 

– Foi uma benção pra mim. O brasileiro é muito coração. Então, muitas vezes, a gente erra no treinamento. Treinamos muito duro. E isso acaba trazendo muitas lesões. Nosso coração e nossa vontade excessiva fazem com que tenhamos mais lesões. E isso não é bom para os atletas. O treino nos Estados Unidos é menos forte no sparring. Então ocasiona menos lesão. A tática é a mesma coisa, os brasileiros também são muito táticos. Nosso problema é o sparring, que não é muito direcionado – disse.

 

 

Ronaldo Jacaré enfrenta Kelvin Gastelum neste sábado (Foto: Getty Images)Ronaldo Jacaré enfrenta Kelvin Gastelum neste sábado (Foto: Getty Images)

Ronaldo Jacaré enfrenta Kelvin Gastelum neste sábado (Foto: Getty Images)

 

Durante seu afastamento dos octógonos, Jacaré chegou a revelar que pensou em se aposentar. No começo de 2018, em sua volta, no UFC de Charlotte, Estados Unidos, o lutador surpreendeu e emocionou os espectadores ao nocautear o anfitrião Derek Brunson ainda no primeiro round do confronto. Na comemoração, Jacaré não escondeu a emoção.

 

– Passaram milhões de coisas na minha cabeça. Eu estava pensando em desistir de lutar. E de repente tive a oportunidade de voltar. Só de estar ali lutando, saudável, eu já estava muito feliz. E quando veio aquela vitória, do jeito que veio, eu fiquei muito emocionado. Lembrei de tudo que eu tinha passado. Oito meses sem lutar, seis meses com o braço praticamente imóvel, depois a cirurgia de apêndice.

 

Entre as principais dificuldades do retorno, o lutador aponta a volta à antiga forma física como a pior. Sem poder fazer movimentos bruscos, Jacaré não conseguia sequer correr.

 

– O retorno aos treinamentos foi muito difícil. Tive que voltar devagar, não conseguia correr nem dez minutos no início. Corria dois e voltava andando pra casa, triste. Passaram muitas coisas na minha cabeça depois daquela vitória, mas eu estava muito feliz. O mais difícil mesmo foi voltar à antiga forma física. Porque não foi apenas o ombro. Com o problema no ombro, eu ainda podia correr, me movimentar. Mas quando tive o apendicite, foi um golpe.

 

Quanto ao apoio dos fãs, Jacaré se sente privilegiado e admite ter se apoiado nas mensagens de carinho dos admiradores para se manter animado durante sua recuperação. Por outro lado, as críticas nunca deixaram de existir.

 

– A minha maior vontade era provar pra mim mesmo que eu podia voltar em alto nível. Fiquei bastante feliz quando tive uma apresentação como aquela. As pessoas são muito cruéis às vezes, com o que elas falam pra gente. Eu não deixei isso me pegar muito não. Senti um pouco, mas não permiti que me prejudicasse. Os fãs são espetaculares. Eles levantam a gente de uma maneira inimaginável. Eu recebia muitas mensagens de ‘tô contigo, Jacaré’, ‘independente do resultado, sou seu fã’. Tinha uma galera que já me acompanhava do jiu-jítsu das antigas e falava ‘cara, você tem história”. Isso tudo foi muito importante pra mim. Fico muito feliz com esse carinho que eu recebi e ainda recebo da torcida – explicou.

 

O Combate transmite o UFC Rio 9 ao vivo, na íntegra e com exclusividade a partir das 19h (de Brasília) deste sábado. O Combate.com transmite as duas primeiras lutas do card preliminar em vídeo e acompanha o restante do evento em Tempo Real.

 

UFC 224
12 de maio, no Rio de Janeiro
CARD PRINCIPAL (a partir de 23h, horário de Brasília):
Peso-galo: Amanda Nunes x Raquel Pennington
Peso-médio: Ronaldo Jacaré x Kelvin Gastelum
Peso-palha: Mackenzie Dern x Amanda Cooper
Peso-galo: John Lineker x Brian Kelleher
Peso-médio: Vitor Belfort x Lyoto Machida
CARD PRELIMINAR (a partir de 19h15, horário de Brasília):
Peso-médio: Cézar Mutante x Karl Roberson
Peso-pesado: Alexey Oleynik x Júnior Albini
Peso-leve: Davi Ramos x Nick Hein
Peso-meio-médio: Elizeu Capoeira x Sean Strickland
Peso-meio-médio: Warlley Alves x Sultan Aliev
Peso-médio: Thales Leites x Jack Hermansson
Peso-meio-médio: Alberto Miná x Ramazan Emeev
Peso-médio: Markus Maluko x James Bochnovic

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