Rui Car
03/05/2019 17h00 - Atualizado em 03/05/2019 14h32

Nostalgia e alegria: Adriano passeia no tempo ao relembrar hexa e esquiva de aposentadoria

Imperador relembra título de 2009, conta histórias e deixa futuro em aberto

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Globo Esporte

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És! Nem cavalo aguenta. O Adriano que é sucesso de simpatia nas redes sociais se soltou também diante dos microfones. Uma década após a conquista do hexacampeonato brasileiro, o Imperador abriu o sorrisão que lhe é característico para relembrar a campanha de 2009 e falar do que pensa de passado, presente e futuro.

 

Futuro dentro do futebol. Pelo menos, no que depender dele. Mesmo três anos após a última partida oficial, em aventura relâmpago pelo Miami United, Adriano mantém os cadarços desamarrados, mas a chuteira pronta para ser calçada. Aposentadoria ainda é um tema sem parecer definitivo:

 

– Nunca penso em me aposentar. É que não tive uma proposta de um clube que eu possa me sentir bem e seguir, sei lá, dois anos. Então, prefiro não falar porque não sei se vou conseguir cumprir. Por isso, fico na minha e não dou muita entrevista. Sei que vão questionar muito isso.

 

 

 — Foto: Guilherme Oliveira — Foto: Guilherme Oliveira

— Foto: Guilherme Oliveira

 

– É claro que eu quero voltar, sabendo que não serei o que era antes. Até pelo meu tendão, que operei duas vezes, estou com a idade um pouco acima. Só falta uma oportunidade de um clube que eu me identifique e queira para poder fazer um teste. Não quero contrato nem nada. Mas me botar para treinar e ver se lá na frente dá certo.

 

E a saudade está evidente nas palavras e no olhar. Protagonista do último título nacional do Flamengo, o Imperador segue torcedor – lembra das redes sociais? O clube do coração vira e mexe faz parte das postagens -, mas longe da televisão. O coração aperta cada vez que cai a ficha de que o ídolo virou apenas mais um membro da chamada Nação:

 

– Às vezes, não assisto muito porque me bate uma saudade muito grande. Meus amigos até chamam para ver jogos do Flamengo, do Corinthians e não vou porque bate saudade. Fico até emocionado de ver e saber que participei de uma competição tão forte. Marca muito e faz muita falta.

 

 

 — Foto: Alexandre Durão — Foto: Alexandre Durão

— Foto: Alexandre Durão

 

As lembranças de uma década atrás, no entanto, seguem como combustível para Adriano. O sorriso largo sai naturalmente ao recordar histórias de 2009. Mensagens de Ronaldo Angelim e Zé Roberto rebobinam o filme da conquista na memória de um Imperador de uma época em que a saúde financeira não era das melhores, mas o Flamengo fazia valer outros valores em campo.

 

– Aquele grupo ali era muito unido. Não é porque fomos campeões, mas já passei em vários clubes e no Flamengo era totalmente diferente. Tanto que quando fui me despedir do pessoal para ir para a Roma foi algo que nunca vi na vida. Todo mundo chorando, pedindo para eu ficar. Você vê que tinha um carinho, uma coisa de irmão mesmo, de família. Foi um momento muito especial para mim. Só tenho a agradecer. Aprendi muito com esse grupo.

 

 
 

 — Foto: Agência EFE — Foto: Agência EFE

— Foto: Agência EFE

 

Em longo bate-papo com o Globo Esporte, Adriano deu sua opinião sobre a realidade atual do Flamengo, contou causos de 2009 e deixou em aberto o futuro. Confira:

 

Título de 2009

– O grupo que ganhou o título com certeza. Começamos muito mal o campeonato, passamos por uma dificuldade grande e conseguimos nos unir, nos reformar e dar a volta por cima. Era um grupo que queria de verdade obter resultado e conseguiu com muita luta. Muita gente não acreditava, até pela tabela. Era muito difícil. Graças a Deus, conseguimos vencer partidas importantes, houve resultados de times na frente nos permitiu encostas e nos deu um brilho de que era possível.

 

– O Andrade chegou e se o grupo se identificou. Isso foi muito bom. Depois do jogo contra o Santos (na Vila), nós ganhamos e ali mexeu conosco. Vimos o Andrade chorando, emocionado, e isso mexeu. Vimos que unidos poderíamos chegar ao título.

 

Flamengo foi o clube onde foi mais feliz?

– Não posso dizer o único clube. Foi um deles. Fui muito feliz também no Parma. O Prandelli foi o treinador que realmente me fez enxergar o futebol muito claro. Eu não tinha o hábito de fazer gol direito. Chegava na frente e queria chutar forte. Não tinha a experiência e quando cheguei ao Parma o Prandelli me deu uma instrução tática, de movimentação. Agradeço muito a ele.

 

– Então, foi Parma, Inter de Milão e Flamengo. O Corinthians também foi um clube que me tratou super bem. Sempre que vou a São Paulo sou muito bem tratado.

 

 

 — Foto: Agência Reuters — Foto: Agência Reuters

— Foto: Agência Reuters

 

Missão Libertadores

– Já tem muito tempo que o Flamengo tenta de novo esse título. Então, os jogadores acabam tendo uma pressão muito grande. Mas todo mundo sabe que o Flamengo consegue sobressair nas decisões. Não tenho dúvidas de que vão conseguir. Há jogadores que podem resolver. Vai ser um jogo difícil, contra um clube tradicional, que sempre deu trabalho. Mas o Flamengo bem preparado pode ganhar esse jogo.

 

Flamengo favorito no Brasileiro?

– A estrutura pode contar por ajudar o jogador a ter mais tranquilidade, mas depende mais do jogador. Situação financeira não afeta muito dentro de campo. Claro que você tem uma estrutura melhor para treinar, jogar, mas depende mais dos jogadores mesmo. Depende deles sentirem realmente o que é o campeonato e querer realmente. Com um grupo se consegue conquistar tudo.

 

Jogador que chama a atenção no futebol atual

– Na verdade, não vejo muito. De vez em quando, eu olho. Fico agoniado, com a mão suando de vontade. Aqui no Brasil, sempre admirei o Diego. Sei bem da qualidade dele e é um jogador que eu posso falar por ter jogado junto. É um jogador que a qualquer momento pode desequilibrar. Para o atacante, é muito importante.

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