Rui Car
02/05/2019 14h16

O novo amor de Richarlyson

Jogador já pensa no crossfit como opção para quando se aposentar

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A dúvida sobre o que fazer ao encerrar a carreira no futebol, que povoa os pesadelos de grande parte dos jogadores, não atormenta Richarlyson. Aos 36 anos, ele sabe que seu presente ainda é com as bolas nos pés, mas que seu futuro tem tudo para estar no crossfit, um amor tardio, à segunda vista. Richarlyson conheceu a modalidade em 2016, quando a praticou rapidamente durante as férias. Paixão de verão, logo esquecida. O reencontro aconteceu em agosto do ano passado, e ele jura que, desta vez, é para sempre.

 

 

– No crossfit, não existe treino repetitivo. Às vezes é voltado para cardiorrespiratório, às vezes para força, outras, para flexibilidade e mobilidade. Não há rotina, não há monotonia. Acordo e já fico ansioso para dar 16h30, que é quando vou para o box treinar – conta, como um adolescente apaixonado que vê a hora de encontrar a pessoa amada e que já faz planos para o futuro a dois.

 

– Quem sabe depois que parar com o futebol… Tenho pensado nisso. Penso mais em competir do que em ter box. Nem que seja em categoria master, por causa da minha idade.

 

 

 

A coisa está tão séria que ele já até participou de mais de uma competição. Campeão mundial pelo São Paulo em 2005 e da Libertadores pelo Atlético-MG em 2013, Richarlyson está acostumado a ganhar. Primeiro, esteve num torneio entre equipes, como parte de um trio de crossfit. Depois, na primeira disputa individual, no Brazilian Showdown, em outubro do ano passado, ele tinha apenas dois meses de treino. Ficou em oitavo lugar na categoria iniciante, entre 77 competidores. Ali, viu que não tinha mais volta.

 

 

– Fui sozinho, conheci umas pessoas que me deram umas dicas e consegui esse resultado muito acima das minhas expectativas. É um mosquitinho que pica a gente, me apaixonei. Senti uma adrenalina totalmente diferente, da novidade. Fiquei ansioso, apreensivo, animado, tudo ao mesmo tempo. Lembrei do meu primeiro campeonato de futebol, o Paulista de 2008 pelo Ituano, quando tinha 16 anos. Senti aquela mesma palpitação de novo – derrete-se.

 

 

Conhecido por sua versatilidade em campo, onde atua de volante, meia ou lateral-esquerdo, Richarlyson chegou a encerrar a carreira por um breve período em 2014, quando o Vitória-BA, onde jogava, caiu para a Série B. Mas retornou pouco depois e ainda não pensa numa nova aposentadoria. Sem clube após o término do contrato com o Noroeste, há poucas semanas, mantém a forma num box de crossfit em Bauru, enquanto espera uma proposta do futebol.

 

 

A nova atividade teve efeitos rápidos em seu corpo e em sua mobilidade em campo. Para começar, ele cita o abdômen sarado e os bíceps, tríceps, ombros e trapézios mais musculosos do que jamais foram. Sua nutricionista, Andressa Caversan, conta que em apenas dois meses, entre setembro e novembro passados, o jogador perdeu três centímetros de circunferência abdominal, passando de 82cm para 79cm. A cintura diminuiu ainda mais, de 83,5cm para 79cm. Já a circunferência do braço aumentou de 30,4cm para 31,4cm, mostrando no “muque” o fortalecimento de Richarlyson. Além disso, houve uma redução de percentual de gordura de 8% para 7,5%, mas com ganho de massa magra, permitindo que ele mantivesse o mesmo peso de antes: 75,8 kg.

 

 

– No geral, só tive melhorias. A maioria dos jogadores tem encurtamento muscular, vários clubes estão adotando o pilates para minimizar isso. O crossfit me ajudou muito, ganhei flexibilidade, mobilidade. Futebol é um esporte de contato, e eu sinto a parte superior do meu corpo muito mais forte para enfrentar isso – afirma Richarlyson.

 
 

Formado em Educação Física, Richarlyson sabe da importância de uma boa preparação para evitar lesões, que poderiam atrapalhar sua vida em campo. Desde que intensificou os treinamentos no crossfit, começou a procurar especializações pensando em crescer na modalidade e poupar seu corpo. Fez um curso de levantamento de peso olímpico com o técnico da seleção brasileira de juniores e do Vasco da Gama, por exemplo.

 

Para Richarlyson, não há espaço para a monotonia no crossfit por causa da variedade de treinos e movimentos  — Foto: Lucas Bachini/Reprodução/InstagramPara Richarlyson, não há espaço para a monotonia no crossfit por causa da variedade de treinos e movimentos  — Foto: Lucas Bachini/Reprodução/Instagram

Para Richarlyson, não há espaço para a monotonia no crossfit por causa da variedade de treinos e movimentos — Foto: Lucas Bachini/Reprodução/Instagram

 

– Amo aprender e não tenho vergonha de perguntar nada. A maioria das pessoas acha que é só levantar a barra, mas não é. Existe todo um movimento correto para que você alcance melhores resultados sem sofrer contusões – explica ele, dando dicas para quem quer começar no crossfit.

 

– Procure um bom coach. Porque um bom treinador não te deixa pegar peso de cara, começa com bastão e vai aumentando aos poucos a carga. Mas, acima de tudo, tenha consciência do que o seu corpo pode aguentar. Pergunte sempre. E se desafie.

 

Seguindo seu próprio conselho, Richarlyson já está de olho no calendário de competições, decidindo quais serão seus próximos desafios no esporte e na vida.

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