Dizer isso horas depois de uma eliminação na Libertadores pode não soar bem aos ouvidos do torcedor santista, mas sejamos sinceros: dá para reclamar do time em 2017? Em outras palavras: analisando o elenco – e, consequentemente, a falta que uma peça chave faz quando se ausenta –, os momentos na carreira dos principais jogadores da equipe… O Peixe já não vem fazendo até mais do que o esperado?
Claro que há problemas pontuais a serem discutidos sobre a derrota por 1 a 0 para o Barcelona de Guayaquil, na quarta-feira, na Vila Belmiro, que interrompeu o sonho do tetra. Pode-se argumentar, por exemplo, que o Levir Culpi escalou mal. E, a partir daí, fazer diversas suposições, tecer teorias, pensar no que poderia ter acontecido se o jogador A estivesse em campo no lugar do jogador B.
Mas pare e pense no todo. Primeiro, as campanhas até aqui:
- Campeonato Paulista: foi o terceiro melhor da primeira fase e parou nas quartas de final para a Ponte Preta, que seria finalista;
- Copa do Brasil: parou nas quartas após um 4 a 4 no placar agregado com o Flamengo, que passou pelos gols marcados fora e também está na decisão do torneio;
- Libertadores: parou nas quartas após uma única derrota em 10 jogos, para um adversário que já eliminara o Palmeiras – o mais forte candidato ao título deste ano quando o torneio começou;
- Brasileiro: é terceiro colocado e briga por, no mínimo, classificação direta à próxima Libertadores.
Agora vamos analisar a tida formação ideal do Santos:
Vanderlei; Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, David Braz e Zeca; Alison, Renato e Lucas Lima; Copete, Ricardo Oliveira e Bruno Henrique.
À exceção de Vanderlei, que de tanto se destacar foi considerado até ausência nas últimas listas de Tite para a Seleção Brasileira, qual outro jogador está arrebentando? Bruno Henrique, que, apesar de expulso na Vila, vinha sendo o melhor atacante do time? Talvez.
Mesmo Lucas Lima e Renato, ausências sentidas diante do Barcelona, não vivem o auge de suas trajetórias. O camisa 10 vem alternando bons e maus momentos. Renato, aos 38 anos, é técnico, habilidoso, dizem até que “joga de terno”. Mas não é mais aquele cara decisivo, de quem a torcida possa esperar atuações deslumbrantes.
Victor Ferraz, outra baixa na eliminação da Libertadores, tem sido alvo frequente de críticas dos torcedores. Zeca, um dos mais promissores da Vila nos últimos anos, campeão olímpico pelo Brasil em 2016, sofreu com lesões neste ano. Está ainda buscando retomar a melhor forma.
Dos jogadores de frente, Ricardo Oliveira sofreu bastante no departamento médico – teve até caxumba e pneumonia na temporada. Não dava para esperar o nível do ano passado. Copete é esforçado, batalhador, mas está longe de ser brilhante.
Aí você olha para o banco: Vecchio, Jean Mota, Léo Cittadini, Kayke… Ok, jogadores para compor o grupo, ajudar eventualmente no decorrer de uma partida. Mas não para definir um título.
A frustração, ainda mais por uma eliminação em casa, é inevitável, e o Santos passará alguns dias ainda lambendo suas feridas. Mas deve levantar a cabeça. Mesmo o mais fanático torcedor do Peixe reconhece que, no fundo, no fundo, esse time já foi é longe demais.