Rui Car
27/07/2018 12h30 - Atualizado em 27/07/2018 08h34

Pai e filho, Joelson e Zidane atuam juntos pelo Serra e entram para a história

Confira outros casos que uniram famílias nos gramados

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Globo Esporte

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A quarta-feira foi de alegria na casa da família Silva. E também foi de festa no Estádio Robertão, com a primeira vitória do Serra na Copa Espírito Santo 2018, com o 3 a 1 conquistado sobre o Linhares (veja os gols).

 

Um componente familiar trouxe emoção ao fim desta partida. Aos 37 minutos do 2º tempo, o atacante Zidane pisou no gramado pela primeira vez como profissional. Vindo do time sub-20, o jogador com nome de craque é filho do meia Joelson, que já estava em campo. Com isso, os dois entravam para a história, pois foram pai e filho jogando juntos uma partida oficial de futebol, fato raro e inusitado até mundialmente.

 

Joelson e Zidane igularam o feito de algumas duplas de pai e filho, como Rivaldo e Rivaldinho, que em 2015 também jogaram juntos e até marcaram gols. É como diz o ditado: “Filho de peixe, peixinho é”. E o paizão orgulhoso deu as boas vindas ao próprio filho no esporte.

 

– Vínhamos conversando antes do jogo e ele me perguntava se iria entrar, e eu falava “não sei, vamos esperar”. Quando eu vi que chamaram ele eu fiquei muito feliz. Realmente a vitória foi muito importante, mas (foi bem melhor) emocionalmente pra mim jogar ao lado dele depois de tanto tempo esperando. Falei em parar umas três vezes, e ele sempre me falando pra esperar, minha esposa também falava. E hoje tive um orgulho e uma felicidade muito grande em poder jogar com ele.

 
 
 

O atacante Zidane, de apenas 19 anos, pode ter vivido ainda tão jovem uma das maiores alegrias da vida. Entrar em campo e jogar ao lado do pai é para poucos. E o coração quase “saiu pela boca”.

 

– Quando me chamaram meu coração bateu forte. Pensei: “vou realizar o meu sonho agora”, porque eu sempre tive vontade de jogar com ele. Ele sempre falava que ia parar de jogar, mas eu dizia “me espera, pra eu jogar do seu lado, depois você pode parar”. Hoje eu sinto muito orgulho, me sinto honrado e se ele quiser parar, ele pode parar, porque realizei o meu sonho.

 

Joelson tem 37 anos (completa 38 em outubro), ainda está em forma, mas começa a sentir os efeitos da idade. Mesmo assim, em 2018 , foi eleito o craque Campeonato Capixaba, e conduziu o Serra ao sexto título estadual de sua história.

 

Só que quando Zidane ainda era um bebê, Joelson balançava a rede do Fluminense, no Maracanã, em 1999, pela Série C do Campeonato Brasileiro (reveja o gol). Momentos bons, que ficaram na memória, e Joelson relembra a visita na concentração, que pode ter dado um incentivo a mais no começo da carreira.

 

– Eu tenho o maior orgulho de ser o pai dele e hoje ele está me dando o maior prazer ao entrar em campo. Em 1999 ele foi no hotel onde estávamos concentrados, e hoje ele está aí, um homem, rapaz grande, inteligente e com um futuro brilhante. Então para aqueles que viram ele bebê está aí o meu filho, e estou muito orgulhoso. E espero que ele siga firme e forte, porque o Serra vai ser um trampolim como foi pra mim e pra outros jogadores e que ele termine a carreira dele aqui de volta também.

 

 

 
 

Pais e filhos jogando juntos no Brasil e no mundo

No Brasil, o registro mais recente é o do craque Rivaldo, melhor do mundo em 1999, e que aos 43 anos, voltou ao futebol profissional após 16 meses aposentado, para jogar ao lado do filho Rivaldinho, em 2015. Ambos inclusive marcaram gols na mesma partida, pela Série B do Brasileiro.

 

Ainda em solo brasileiro, o zagueiro Bianor, que em 2018 disputou a Série D do Brasileiro pelo Nacional-AM, jogou ao lado do pai, o também zagueiro Ney Júnior, pelo Rio Negro-AM no ano de 2012.

 

 

Rivaldinho e o pai, Rivaldo, marcaram gols no mesmo jogo, pelo Mogi Mirim, em 2015 (Foto: Léo Santos/Agência Estado)Rivaldinho e o pai, Rivaldo, marcaram gols no mesmo jogo, pelo Mogi Mirim, em 2015 (Foto: Léo Santos/Agência Estado)

Rivaldinho e o pai, Rivaldo, marcaram gols no mesmo jogo, pelo Mogi Mirim, em 2015 (Foto: Léo Santos/Agência Estado)

 

Esse feito, porém, foi repetido por inúmeros jogadores, entre os mais famosos aparecem Arnor e Eidur Gudjohnsen, pela seleção da Islândia, em 1996 (único caso em seleção); e os suecos Henrik e Jordan Larsson, que atuaram em algumas partidas do Högaborg, da quarta divisão da Suécia, em 2013.

 

No Uruguai, dois casos recentes: Carlos Morales e seu filho Juan Morales atuaram juntos na derrota do Montevideu Wanderes para o Peñarol, em 2008; e o atacante Walter Pandiani assinou com o Miramar Misiones, junto com o seu filho, o defensor Nico Pandiani, onde atuaram juntos em 2013.

 

Inspiração pro nome veio na Copa de 98

O atacante Zidane nasceu em 1998, ano de Copa do Mundo e com a seleção francesa sendo campeã mundial logo em cima do Brasil. Daí veio a inspiração de Joelson em homenagear o craque francês dando o nome do camisa 10 e carrasco brasileiro ao próprio filho.

 

Pai “tiete” na arquibancada

Na próxima segunda-feira, dia 30 de julho, os papéis irão se inverter. Se antes de jogarem juntos, Zidane torcia pra Joelson das arquibancadas, chegou a vez do pai dar aquele “apoio moral” ao filho. Às 20h, no Kleber Andrade, o Serra encara a Desportiva Ferroviária, na grande decisão do Capixabão sub-20. Momento ideal para Zidane começar a cumprir a promessa que fez ao pai.

 

– Vou tentar fazer o máximo possível para poder jogar nos times que ele jogou, em times grandes, e tentar chegar até onde ele já chegou. Fazer de tudo pra chegar e se for da vontade de Deus vai acontecer – finaliza o jovem Zidane.

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