Rui Car
31/10/2017 07h20

Palmeiras: a diferença para o líder segue caindo

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Para quem torcia por proporções épicas no Dérbi do dia 5, em Itaquera, o empate do Palmeiras com o Cruzeiro, por 2 a 2, foi certamente frustrante. O roteiro que colocava o Alviverde com a possibilidade de ultrapassar seu rival na tabela justamente no embate entre ambos era, de fato, a narrativa mais emocionante possível.

 

Mas, para quem entende que o campeonato ainda tem chão até a rodada 38, e que, nos pontos corridos, todas as partidas têm peso matemático igual, o empate desta quarta-feira, no Allianz Parque, não foi um mal resultado. O Palmeiras, que já havia até desistido do campeonato, saiu do jogo mais perto do Corinthians do que entrou, pela quarta rodada consecutiva.

 

Evidentemente, a pressão sobre os alvinegros seria maior com o iminente risco de perda de lugar no topo. Mas, sendo bem prático, pouca coisa muda com o empate. A diferença segue cada vez menor e está agora em cinco pontos. O campeonato não acabaria na próxima rodada e vai continuar não acabando. Haverá ainda seis rodadas pela frente para ambos. E uma vitória palmeirense no Dérbi segue deixando o Corinthians em situação delicada.

 

Em 2017, sempre que dispoutou partidas decisivas, o Palmeiras se complicou. Perdeu para a Ponte, no Paulista, para o Barcelona-EQU, na Libertadores, e para esse mesmo Cruzeiro da última quarta, na Copa do Brasil. Obviamente, estou vendo a situação pelo melhor ângulo possível, porque assim me convém. Mas, dado o histórico do time nas partidas decisivas, enxergar o compromisso do próximo domingo como um jogo de três pontos, em vez de como o “jogo do título”, tem até seu lado bom.

 

O Palmeiras está disputando o título brasileiro. Responsabilidade, favoritismo e obrigação são todos do Corinthians, pela vantagem que abriu. Ao Palmeiras, conforme disse em outro texto neste blog, cabe a responsabilidade inerente de fazer sempre o seu melhor, rodada após rodada. E, no fim da última rodada, ou assim que a matemática permitir, a gente soma os números e faz as contas.

 

O Palmeiras não deixou o gramado do Allianz Parque aplaudido, nesta segunda, 30, por acaso. O empate foi um bom jogo, contra um dos times mais fortes do campeonato – e que entra em campo sem nenhuma preocupação, pois já ganhou a Copa do Brasil nesta temporada.

 

Exceto por um breve período em que se perdeu, após o segundo gol celeste, o time de Alberto Valentim, já sem a ansiedade e a afobação que marcaram a segunda passagem de Cuca pelo clube, jogou um futebol competente durante todo o tempo – apesar de Moisés e Dudu terem jogado bem abaixo de suas médias.

 

Os gols mineiros saíram em falhas pontuais de Mayke e Juninho. No ataque, Keno, Dudu, Guedes e Borja desperdiçaram chances claras. Mas, no geral, o Palmeiras foi bem.

 

Borja

 

Por falar em Borja, os dois gols do centroavante são sintomáticos de uma verdade bastante inconveniente para os palmeirenses: Cuca, infelizmente, estava atrapalhando o time.

 

Não que o colombiano, autor de três gols nos últimos quatro jogos – dois deles, golaços, vale frisar -, estivesse sendo perseguido pelo ex-técnico. Borja estava jogando mal demais. Mas é também verdade que Cuca não se esforçou para tentar dar ao colombiano as melhores condições de fazer o que sabe: empurrar a bola pra rede.

 

Se William não tivesse se machucado, é provável que Borja nem mesmo tivesse recebendo de Valentim chances de entrar em campo. Mas, já que decidiu por sua escalação, o técnico tem feito de tudo para dar ao seu camisa 9 conforto no gramado. Grato, o atacante tem correspondido com gols e dedicação.

 

O problema de Cuca neste ano foi o mesmo da torcida: relutar em aceitar que 2016 ficou para trás. O treinador voltou ao clube com a mesma mentalidade tática do ano passado. Mas Borja não é Gabriel Jesus. E, em vez de aceitar que seu homem de referência era outro e, portanto, o estilo de jogo também tinha de mudar, Cuca achou que era mais fácil tentar transformar Borja em Jesus – expediente repetido com Deyverson, também sem sucesso.

 

Assim como ocorre com seu messiânico xará, Jesus, só tem um. E Cuca, tão afeito a superstições quanto devotado ao Cristianismo, bem poderia ter colocado seu monoteísmo para jogar um pouco mais a favor do Palmeiras.

 

 

Diego Iwata/ESPN

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