Rui Car
16/04/2019 11h11 - Atualizado em 16/04/2019 09h00

‘Pelé Beijoqueiro’ vira febre em muros de diferentes países: ‘Admiração’

É uma obra do artista Luis Bueno e foi baseada em fotografia do Rei do Futebol abraçando e beijando o boxeador Muhammad Ali

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Paredes, tapumes e postes de Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e até Santiago, no Chile, e Londres, na Inglaterra, têm pelo menos uma coisa em comum: O Pelé Beijoqueiro. Ele já foi visto “agarrado” com David Bowie, Ringo Starr, Bob Marley, Mona Lisa, Amy Winehouse C3PO do filme Star Wars, o pintor Salvador Dalí e outros mais.

 

Idealizada pelo artista paulistano Luis Bueno, de 38 anos, a obra é baseada em uma fotografia de 1977 em que dois ícones do esporte mundial, Pelé, o Rei do Futebol, e Muhammad Ali, conhecido como o maior lutador de boxe da história, se encontram em um abraço e um beijo.

 

 

Pelé e Muhammad Ali nas proximidades do estádio do Pacaembu, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoalPelé e Muhammad Ali nas proximidades do estádio do Pacaembu, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

Pelé e Muhammad Ali nas proximidades do estádio do Pacaembu, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

 

Bueno conta que começou a fazer arte na rua quando estava fazendo mestrado em artes visuais. O artista também é professor do Istituto Europeo di Design, em São Paulo (IED-SP), e designer gráfico. “Fiz alguns trabalhos em graffiti e passei a trabalhar com a técnica de lambe-lambe. Fiz a série do Pelé em 2010 e foi um dos meus primeiros trabalhos nesta linguagem”, explica.

 

De acordo com ele, a obra é composta, primeiramente, digitalmente, depois impressa em vários módulos e, posteriormente, colada, geralmente em uma superfície vertical. Algumas versões são pintadas a mão ou sobre a impressão. Além disso, o tempo varia conforme o ineditismo e o tamanho.

 

“A colagem pode levar de alguns minutos, para peças pequenas, e várias horas, quando se trata de peças com vários metros de altura. Quando se trata de uma obra inédita, posso levar dias para produzir. Uma vez pronta, vira uma matriz que posso reproduzir em outras escalas. A pintura também varia de acordo com o tamanho”.

 

 

Pelé e Bob Marley em casa da Ilha de Marajó, no Pará — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoalPelé e Bob Marley em casa da Ilha de Marajó, no Pará — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

Pelé e Bob Marley em casa da Ilha de Marajó, no Pará — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

 

O Rei do Futebol é um ícone conhecido mundialmente e um retrato da cultura e do povo brasileiro para o artista, que quando questionado à respeito do significado da obra, diz ser algo em aberto e plural.

 

“Tenho grande admiração pela figura do Pelé, pela sua trajetória e pelo que ele representa para o futebol. O gesto do abraço e do beijo é um aspecto que por si só já levanta vários significados possíveis. O encontro com personalidades de origens diversas é também uma tradução da nossa formação cultural. Acho que ela depende dos olhares de quem vê e do que significam as personagens retratadas para cada um”, explica.

 

Para Bueno, a arte de rua dialoga melhor com o público e ganha outra dimensão. Isso sempre o atraiu e, por isso, escolheu colocar o Pelé Beijoqueiro “ao ar livre”. Além disso, o artista conta que as personalidades beijadas e agarradas pelo Rei são escolhidas de acordo com seu gosto pessoal e relevância cultural. Pelé já foi visto com David Bowie, Freddie Mercury, Bob Marley, Salvador Dalí e até personagens do filme Star Wars como C3PO e Chewbacca.

 

 

Pelé e C3-PO, do filme Star Wars, em poste da Rua Augusta, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoalPelé e C3-PO, do filme Star Wars, em poste da Rua Augusta, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

Pelé e C3-PO, do filme Star Wars, em poste da Rua Augusta, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

 

Pelé e Freddie Mercury, também na Rua Augusta, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoalPelé e Freddie Mercury, também na Rua Augusta, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

Pelé e Freddie Mercury, também na Rua Augusta, em São Paulo — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

 

O artista também conta que, quando começou, foi de maneira despretensiosa, em 2010 (Pelé com Mona Lisa), mas sabia que havia criado uma imagem forte e que o interesse das pessoas veio da interação entre os ícones.

 

“Isto se deve, em parte, à força dos ícones em si, mas também ao encontro, a justaposição e interação de personagens fortes numa mesma imagem. Acredito que o interesse vem dessas duas coisas: a atração que esses ícones naturalmente exercem que é multiplicada quando eles estão unidos num mesmo contexto estético”, diz.

 

A maioria dos “Pelés Beijoqueiros” está em São Paulo, cidade em que o artista vive, mas também existem em Santos, quando foi convidado, em 2015, para pintar na parede do Museu Pelé, na Rua Largo Marquês de Monte Alegre, no bairro do Valongo, e em cidades como Rio de Janeiro, Belém e no exterior, como Santiago, Paris e Londres. Entretanto, Bueno diz que, por ser uma obra lambe-lambe, é possível que outras pessoas façam.

 

“Meu trabalho já chegou em outras cidades do Brasil, da Europa, e também em Buenos Aires e Córdoba. Agora mesmo estou fechando um pacote de lambes que vai para Manaus”, finaliza.

 

 

Pelé e Dalí em Santiago, no Chile — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoalPelé e Dalí em Santiago, no Chile — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

Pelé e Dalí em Santiago, no Chile — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

 

Pelé e Mona Lisa em rua de Londres, na Inglaterra — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoalPelé e Mona Lisa em rua de Londres, na Inglaterra — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

Pelé e Mona Lisa em rua de Londres, na Inglaterra — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

 

Luis Bueno também é dono de um site em que é possível ver algumas de suas obras, além do Pelé Beijoqueiro. Por meio dele, também é possível encomendar fotografias, adesivos e prints em risografia.

 

Histórias da rua

O artista, além de gostar da dimensão que as ruas dão às obras, também gosta das histórias que escuta enquanto produz. Segundo ele, é comum que as pessoas puxem papo enquanto estão trabalhando e, uma entre algumas histórias que já aconteceram, está a de Valéria, uma mulher em situação de rua que pediu para que Bueno tirasse uma foto dela ao lado do Pelé Beijoqueiro com Salvador Dalí. A situação ocorreu em agosto de 2018.

 

“Valéria disse que estava aprendendo a ler. Ela conseguiu algumas cartilhas no lixo e tem estudado. Com algum esforço leu “Pelé” e “Bueno”, ficou muito feliz e pediu para que tirasse uma foto dela ao lado da obra”, conta.

 

Outra história que chamou a atenção de Bueno foi a do senhor Áureo. O artista estava colando Pelé e Ali, quando foi surpreendido pelo senhor que contou que havia jogado futebol com o Rei. “Áureo disse que tinha jogado com ele [Pelé] em Bauru na época de menino, quando ambos eram engraxates. Conhecia toda a família do Rei. Depois se formou em direito e veio morar em São Paulo, onde ficou”.

 

 

Segundo Bueno, Valéria é uma mulher em situação de rua que pediu para que ele tirasse uma foto dela com o Pelé Beijoqueiro — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoalSegundo Bueno, Valéria é uma mulher em situação de rua que pediu para que ele tirasse uma foto dela com o Pelé Beijoqueiro — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

Segundo Bueno, Valéria é uma mulher em situação de rua que pediu para que ele tirasse uma foto dela com o Pelé Beijoqueiro — Foto: Luis Bueno/Arquivo pessoal

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