Rui Car
31/08/2017 12h30 - Atualizado em 31/08/2017 08h31

Rueda, ao valorizar Berrío, vai ter de “tratar” de Éverton Ribeiro

"É um jogador precioso, não veio para ficar na reserva"

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Desde que passou a comandar o Flamengo, o técnico Reinaldo Rueda ainda não conheceu o sabor da derrota. Foram quatro partidas, com três vitórias, uma levando o time à final da Copa do Brasil, e um empate. Tanto entre jogadores, torcida, comissão técnica e diretoria, é consenso que o treinador melhorou o desempenho da equipe, principalmente na parte defensiva, e a tornou mais objetiva na hora de decidir. Bom no trato com os atletas, logo deu moral a um comandado conhecido, o ponta Berrío. Juntos, conquistaram a Libertadores de 2016 pelo Atlético Nacional. E ao ser decisivo na vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo, dando a “letra da vaca” sobre Victor Luís e centrando na medida para Diego marcar o gol da vitória, o camisa 28 colombiano conquistou do treinador a vaga de titular no ataque rubro-negro.

 

Para o comentarista da Rádio Tupi Washington Rodrigues, o Apolinho, Reinaldo Rueda tem mostrado competência ao arrumar melhor o Flamengo taticamente e torná-lo mais objetivo, mas vai precisar mostrar também ser bom no trato com egos e vaidades de jogadores. Isso porque Éverton Ribeiro, contratado no meio do ano, era até então o titular da posição, mas perdeu espaço no time principalmente pelo fato de não estar inscrito para a Copa do Brasil.

 

– Ele tem um pequeno problema interno agora que vai enfrentar, que é dizer que o Berrío é titular e o Éverton Ribeiro é reserva. Porque ele vai valorizar o Berrío, que é um jogador que tem muita força, velocidade e um péssimo relacionamento com a bola, ele e a bola estão sempre em discussão. Mas conhece o Berrío, porque foi jogador dele. Ao dizer que é titular, depois daquela letra que deu no lateral do Botafogo, isso aí para o ego do menino deve ter sido fantástico. Ele pode ter ganho esse jogador. Agora, ele vai ter que tratar do Éverton Ribeiro, porque é um jogador que não veio para ficar na reserva. Ao titularizar o Berrío, evidentemente vai sobrar alguém. Por isso eu digo que esse negócio que a tática quatro um, quatro um sei lá o quê, isso é secundário. O problema ali é gerenciar vaidades e conflitos. Agora, o Rueda tem uma missão: fazer a cabeça do Éverton Ribeiro para não perdê-lo. É um jogador precioso – disse o Apolinho no “Redação SporTV” desta quarta-feira.

 

Escalado para a partida da noite desta quarta, contra o Paraná, pela Primeira Liga, em Cariacica, Éverton Ribeiro vai atuar na posição de Diego, no meio-campo. O apresentador André Rizek acha que Rueda o vê mais nessa posição. No entanto, quando chegou ao Flamengo, o camisa 7 era a grande esperança para resolver o problema no ataque do lado direito, e por lá tem tido boas atuações no Brasileirão.

 

– Na Copa do Brasil isso não é problema porque o Éverton Ribeiro não pode jogar. Mas vai causar um problema na sequência – disse o comentarista do SporTV Carlos Cereto.

 

Berrío dá a Berrío dá a

Berrío dá a “letra da vaca” em Victor Luis, faz jogada decisiva em vitória do Fla sobre Bota na Copa do Brasil e ganha moral com Ruedal (Foto: Vitor Silva / SS Press / Botafogo)

 

O jornalista Márvio dos Anjos, editor de Esportes de “O Globo”, lembrou que Apolinho viveu experiência semelhante em ter de administrar egos no próprio Flamengo, quando assumiu o cargo de técnico da equipe em 1995, e o elenco tinha no ataque titular Sávio, Romário e Edmundo. Ao chegar, Washington Rodrigues deu moral ao meia-atacante Nélio, que estava afastado do elenco, treinando à parte, com a declaração “Meu time é o Nélio e mais dez”. Apolinho lembrou o episódio.

 

– Falei para ele: “Pega o colete, vai para o campo e vai treinar.” Treinou, terminou, eu falei para ele: “Capricha que você vai jogar.” Os olhos do Nélio brilharam. Jogar na Argentina, na minha estreia, contra o Vélez Sarsfield (pela Supercopa, equivalente à Copa Sul-Americana) . Ele treinou, viajou, escalei como titular, se matava em campo, ganhamos o jogo por 3 a 2. No finalzinho, tinha um ponta-esquerda do Vélez que corria mais do que notícia ruim, e o Nélio tinha que acompanhá-lo. Ele deu um pique aos 38 atrás do cara na diagonal, foi encontrá-lo na linha de fundo, saiu com o cara, se embolaram, e lá ele ficou deitado. Aí eu fui falar com ele, e ele me disse. “Acho que não vai dar mais.” Aí falei assim: “Nélio, vem cá, se soltar um leão aí, tu não sai correndo? Então, levanta e vai lá…” E ele jogou até o fim, e jogou comigo o tempo todo. Então, essa coisa que esse rapaz (Rueda) está fazendo, ele pode salvar o Berrío, transformar o Berrío num jogador importante, mas ele precisa tratar do outro para não perder – disse Apolinho.

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