Há uma semana a Chapecoense, em uma jornada insana da última rodada, sagrou-se campeã da Série B do futebol nacional. Junto do ineditismo da taça que já está na galeria Condá, um dado ficou ainda mais evidente: Santa Catarina é o único Estado do país onde os times do interior têm mais títulos nacionais que a Capital.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Brasil está dividido política e administrativamente em 26 estados e um distrito federal. Dentre todas essas unidades o Estado de Santa Catarina, futebolisticamente falando, apresenta uma vantagem (considerável) do interior em relação a Capital, no que diz respeito às conquistas nacionais: são oito títulos contra um.
O número que já era relevante passou a ser maior com a conquista da Chapecoense. A Capital, por outro lado, soma apenas um campeonato brasileiro da Série C, em 1998, com o Avaí.
De lá para cá apenas vice-campeonatos: o próprio Avaí, em 2016, na Série B. O Figueirense chegou muito próximo em mais oportunidades que o seu rival, mas em todas ficou com a segunda colocação: em 2001 e 2010, na Série B; além do vice-campeonato da Copa do Brasil, em 2007.
Interior coleciona taças
Desde que somos sociedade, sobretudo no Brasil há mais de 520 anos, estruturou-se uma relação de “rivalidade” entre o interior e a capital.
Seja pela condição socioeconômica, questão de oportunidade e até mesmo a imposição política prioritariamente posicionada em cidades capitais, refletem o que inflamou uma disputa intrínseca.
O futebol, esse mundo paralelo, acirrou a ideia de que capital e interior são adversários, também, no embalo das competições locais.
Em Santa Catarina, os times do interior unidos representam uma supremacia sobre Avaí e Figueirense. O Criciúma, com três títulos, é o recordista: 1 Série C (2006), uma Série B (2002) e uma Copa do Brasil (1991).
O JEC vem logo atrás com um título da Série B (2014) e um título da Série C (2011). O Brusque, em 2019, adentrou a marca com o título da Série D.
A Chapecoense, por último, adentrou esse panteão de campeões nacionais com o título da Série B, da última – e ainda não terminada – temporada.
Não à toa, é importante que se diga, o campeonato catarinense é apontado como o mais disputado no país uma vez que são, pelo menos, seis clubes que chegam com chance de título: os chamados cinco grandes (JEC, Tigre, Chape, Figueira, Avaí), mais o emergente Brusque.
Movimento oposto no Brasil
Pensar nos principais times do país é pensar também nas principais capitais. Os maiores campeões do Brasil são oriundos da capital. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, as quatro forças do futebol nacional, veem suas capitais dominarem os respectivos interiores.
Ligas secundárias como no Paraná, em Goiás, na Bahia, em Pernambuco, Ceará, idem, todas são dominadas por clubes endereçados nas respectivas capitais.
O mais próximo que a reportagem encontrou foi no Distrito Federal que, dessa forma, não é um Estado, onde o Brasiliense, que é de Taguatinga, possui dois títulos nacionais (Séries B e C), contra o Gama, que soma um título da Série C.