Rui Car
11/04/2017 14h40 - Atualizado em 11/04/2017 14h05

Secretária da Fifa defende Copa com 48 seleções e elogia Neymar

Disse que filha é fã do craque brasileiro

Assistência Familiar Alto Vale
SporTV

SporTV

Delta Ativa

Após a divulgação de um escândalo de corrupção, que culminou com dirigentes presos, a Fifa segue em seu processo de reformulação e conta com uma mulher como peça chave em sua nova fase. A senegalesa Fatma Samoura, atual secretária-geral da entidade, em entrevista ao “SporTV” abriu o jogo sobre diversos temas. A dirigente não se esquivou de nenhuma polêmica e elogiou a nova postura da CBF, que tem o seu último presidente, José Maria Marín, em uma prisão domiciliar, na cidade de Nova York.

 

– A Fifa está cooperando em 100% com as investigações norte-americanas. A decisão de quem é culpado ou inocente deixamos com a Justiça. Mas isso não prejudica nosso trabalho com a CBF. Eles estão passando por numa nova formatação dos mecanismos internos. E, para ser sincera, estamos bem contentes com as medidas que foram tomadas no âmbito de contabilidade e da transparência. Estamos agora ajeitando as últimas ferramentas que irão nos dar mais controle sobre a forma como o Fundo do Legado é gasto e, o mais importante, como esse projeto de legado vai se desenvolver em nossas áreas de foco.

 

Fátima Samoura (Foto: Reprodução SporTV)
Fatma Samoura não deixou de comentar a situação da CBF (Foto: Reprodução SporTV)
 

A secretária-geral não deixou de comentar sobre a atual fase do principal jogador brasileiro na atualidade: Neymar. Fatma revelou que sua filha é fã do atleta do Barcelona e acredita que, se ele continuar tendo belas atuações, será o melhor do mundo.

 

– Deixa eu levar essa questão para o lado pessoal. Minha filha está super animada com a classificação (do Brasil para a Copa), pois é ela é uma grande fã do Neymar. (…) Eu não posso antecipar isso, mas se ele continuar jogando como tem feito no Barcelona, acho que ele tem todas as chances de um dia ser reconhecido como o melhor do mundo. Não tenho a menor dúvida. 

 

Uma das principais mudanças que a Fifa está propondo é o aumento de seleções para a Copa do Mundo de 2026. Para a dirigente, a ideia é que seleções que não são da América do Sul e Europa tenham mais chances de conquistar o título

 

Fatima Samoura secretária-geral da Fifa em Kazan (Foto: Reuters)
Fatma Samoura, secretária-geral da Fifa, em Kazan, na Rússia (Foto: Reuters)
 
 

– Se você trabalha com a Fifa, ter mais pessoas jogando futebol é uma ambição. Assim você deseja que mais seleções possam se classificar para esse evento que ocorre de vez em quando, no caso, a Copa do Mundo. Sobre os países-sedes, quando você tem mais países participando, a festa para quem vai jogar dura por meses. E quando você percebe que 48 times não são 25% do total de associações filiadas à Fifa, para mim, vinda de um país que chegou às quartas de final da Copa de 2002, isso significa mais chances de um país africano ser campeão. Acredito que se você olhar por uma perspectiva africana, asiática ou americana, podemos ver coisas boas.  

 

Confira abaixo outros trechos da entrevista:

Uma mulher em um alto cargo da Fifa

– Definitivamente, a Fifa se acostumado a ser uma organização de homens, mas eu devo dizer que a minha chegada ao cargo tem sido muito bem recebida. Porque está trazendo a outra metade do mundo para o esporte que sempre foi dominado por homens. E isso só mostra o quanto futebol é um jogo global e o quanto a alta hierarquia dele está abraçando a diversidade. Logo, para a maioria das pessoas que estou lidando diariamente é una casa aberta. A Fifa hoje está melhor do que a Fifa de um ano atrás. Gostaria de dizer que todos os problemas que a Fifa enfrentou em 2015 já acabaram, mas ainda enfrentamos certa resistência interna para implementar reformas. Apesar disso, hoje posso dizer que em termos de controle interno nós estamos indo muito bem.

 

Admiração pelo futebol brasileiro

– Para o resto do mundo, o jeito como os brasileiros jogam é único. Eu tinha oito anos quando o Brasil se classificou para a Copa do México (1970) e vi o filme do Pelé jogando com Tostão, Jairzinho, muitas vezes e toda vez que vou até o Museu da Fifa e vejo essas imagens marcantes de um jovem time vindo de um lugar tão distante e capazes de confrontar os grandes criadores do jogo é algo para mim que sempre vou ter na minha memória. Acho que para 2,5 ou 3 bilhões de pessoas, não há Copa sem o Brasil.

 

Fátima Samoura (Foto: Reprodução SporTV)
Fatma Samoura está à frente da Fifa (Foto: Reprodução SporTV)
 
 

Copa do Mundo feminina

– Hoje, um dos maiores problemas que a Fifa enfrenta e também muitos países é a taxa de desistência no futebol feminino quando as jogadoras atingem a puberdade. Nas categorias inferiores, de 8 a 12 anos, existe uma grande massa de jogadoras. Mas quando vão para a faculdade, começam a ter uma vida própria como mulher. Além de sofrerem uma grande pressão social, que aumenta a desistência.  

 

Racismo no futebol

– Esse problema é difícil de resolver e requer diálogo aberto com as autoridades. Punições não resolvem os problemas. Se resolvessem, nós já teríamos eliminado o racismo há muito tempo. Leva tempo para as pessoas entenderem que um comportamento que elas consideram normal possa ser muito ofensivo a quem está do outro lado. É uma questão de educação.

Justen Celulares