Rui Car
21/03/2018 08h24

Sem dormir, D’Ale revela cobrança de fãs, mas pede apoio por “jogo perfeito”

Ele conhece o CT, os problemas que tivemos? Que trabalhamos sem luz e sem água?

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Para conter a crise, D’Alessandro. O capitão colorado foi o escolhido para conceder a última entrevista coletiva antes do Gre-Nal derradeiro. Apesar de incomodado com as críticas, pediu que o torcedor mantenha fé na equipe e apoie o time nesta quarta-feira para lutar pela improvável classificação às semifinais do Gauchão.

 

Após o trabalho realizado com os portões fechados na tarde desta terça, o camisa 10 chegou no início da noite. E falou sobre os mais diversos temas. No total, explanou durante quase 40 minutos sobre o momento do Inter.

 

 

D'Alessandro é a principal esperança do Inter (Foto: Tomás Hammes)D'Alessandro é a principal esperança do Inter (Foto: Tomás Hammes)

D’Alessandro é a principal esperança do Inter (Foto: Tomás Hammes)

 

Após a derrota por 3 a 0 na Arena, os comandados de Odair Hellmann precisam, pelo menos, devolver o placar para chegar à disputa de pênaltis. O elástico placar coloca o Inter em situação desconfortável. Apesar disso, a esperança permanece no vestiário.

 

– Temos que fazer um jogo perfeito. Primeiro, o primeiro gol. Pressionar o Grêmio quando pudermos, mas sem nos expor e ir passo a passo. Não adianta algo diferente ao que fizemos. Houve vários momentos diferentes. Acreditamos até o final – destaca.

 

Embora mantenha a fé, D’Ale tem convivido com o desconforto. Afinal, os insucessos recentes diante do maior rival também o abalaram. E, para contornar o momento delicado pelo qual a equipe atravessa vê como primordial a simbiose entre time e torcida durante os 90 minutos no Beira-Rio.

 

– Doeu perder o Gre-Nal. O torcedor não dorme e nós também. Ninguém dorme. Ele precisa entender o nosso momento e que precisamos deles. Eles comemoraram muito. Eu sou o que sou pelo torcedor. Neste momento, peço que nos acompanhem. Trabalho não falta, dedicação não falta. Tentaremos dar a volta por cima – declarou.

 

“Doeu perder o Gre-Nal. O torcedor não dorme e nós também. Ninguém dorme” (D’Ale)

Enquanto pedia uma trégua, D’Alessandro revelou a cobrança recebida após a derrota na Arena. Disse ter recebido inúmeras mensagens e ligações em razão dos insucessos. O meia evitou bater boca, mas garantiu que o grupo tem se esforçado para evoluir e buscar atingir os objetivos:

 

– O que recebi de mensangens entre domingo e segunda… Não é critica. Foi falta de respeito do torcedor colorado. Eu não os confrontarei. Nem tenho. Trabalhamos e buscamos mostrar que não estamos de sacanagem. Não houve corpo mole, não paramos de correr. Temos que reconhecer que enfrentamos uma equipe que trabalha há muito tempo, que tem ganhado títulos. O Inter está em reconstrução, com jogadores machucados, pessoas chegando. Uma estrutura que tem melhorado. As diferenças são muito notórias. Como foi atrás para nós.

 

Confira mais declarações:

Acreditar no time

“Os últimos dois Gre-Nais não foram o que torcedor e nós esperávamos. Mas ele precisa acreditar na história do clube, na força da camisa, do estádio. E no grupo também. Sei que o torcedor sempre se fez presente. Ano passado ele empurrou. Não podemos falar nada dele, mas, pô. torcedor! Tem que acompanhar na ruim. Precisamos deles. Sabemos que a missão é difícil. A vantagem do Grêmio é muito elástica.

 

Não merecíamos sair com o 3 a 0. Pelo segundo tempo, poderíamos perder, mas poderia ser menos. É a realidade que temos. Precisamos acreditar até o final. Temos que realizar um grande jogo e acreditar na classificação. Caso não acreditássemos, nem entraríamos em campo. Não faremos terra arrasada por perder dois Gre-Nais. Já disputei 30, 31. O histórico é muito favorável. Não só individual, mas na história. Temos mais. Os números estão aí. O grupo se doará. Não é fácil, mas não é impossível.

 

Quando você perde o Gre-Nal, acho que precisa um tempo para engolir o que passou. Não foi desculpa. Eu tinha que falar após o jogo. Não foi análise do jogo. Hoje estou com mais força. Não é fácil perder Gre-Nal. Você precisa de tempo para engolir. Precisava juntar forças para amanhã”

 

D'Alessandro mantém confiança no Inter (Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Internacional)D'Alessandro mantém confiança no Inter (Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Internacional)

D’Alessandro mantém confiança no Inter (Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Internacional)

 

Como reverter a vantagem

“A postura do segundo tempo no Beira-Rio ou primeiro tempo na Arena. Acho que até controlamos e fomos melhores que o Grêmio. Eles tiveram muita posse de bola. Nós não tivemos, mas o controle. O Grêmio não conseguiu criar muitas chances claras. Só uma, que foi o gol. Tivemos uma com dois minutos, a falta com o cabeceio do (Rodrigo) Dourado. O (Marcelo) Grohe defendeu. Depois a do Patrick. Se tivéssemos feito, o jogo seria outro.

 

Temos que fazer um jogo perfeito. Primeiro, o primeiro gol. Pressionar o Grêmio quando pudermos, mas sem nos expor e ir passo a passo. Não adianta algo diferente ao que fizemos. Houve vários momentos diferentes. No Beira-rio e na Arena. É detalhe, fase. Poderíamos empatar e virar aqui. Controlamos o segundo tempo aqui. Tivemos algumas chances. A história seria muito diferente. Não estou analisando. O Grohe fez uma defesa extraordinária com dois minutos. Bola parada decide jogos. Talvez fosse muito diferente. Aí entra confiança, momento. É verdade. Acreditamos até o final.

 

“Temos que fazer um jogo perfeito. Primeiro, o primeiro gol. Pressionar o Grêmio quando pudermos, mas sem nos expor e ir passo a passo”

A estratégia na Arena foi muito boa. O primeiro tempo fala isso. O Grêmio não teve chances claras. Controlamos, apesar de não ter chances claras. Saímos com qualidade. Fechamos laterais. Amanhã precisa ser uma mistura, mas não uma pressão baixa como fizemos no segundo tempo. E ficou muito mais fácil a eles. Acho que não será assim porque precisamos ser protagonistas. Temos que ser inteligentes sem nos expor. Quando puder pressionar e fazer o gol, tentar matar para diminuir a diferença.

 

Precisamos fazer o primeiro. Pecamos em alguns jogos na efetividade. Espero que amanhã seja 100%. Os Gre-Nais são jogos com muitas chances, mas quando tiver, tem que fazer. Um nos deixa mais perto do objetivo. Depois você não sabe o que ocorrerá. Com um gol cedo, podemos criar outra atmosfera”

 

Histórico

 

D'Alessandro quer nova postura no Beira-Rio (Foto: Diego Guichard / GloboEsporte.com)D'Alessandro quer nova postura no Beira-Rio (Foto: Diego Guichard / GloboEsporte.com)

D’Alessandro quer nova postura no Beira-Rio (Foto: Diego Guichard / GloboEsporte.com)

 

“Estou há três jogos sem ganhar. Não queria falar antes porque queria saber quantos o Inter não ganha. Eu não estava em 2016.

 

O Gre-Nal é algo à parte. Você quer ganhar. Ficamos 2,5 anos sem perder. Nas últimas decisões, ganhamos. Ganhamos fora, no Olímpico. O futebol hoje mudou. A fase mudou. Não é se apequenar.

 

Puxei o histórico, não individual. O mais importante é o do clube. Às vezes, você toca no assunto, mas respeito o histórico. E é favorável a nós, mas o momento é diferente. “

 

Cobranças

“O que recebi de mensagens entre domingo e segunda… não é crítica. É falta de respeito do torcedor colorado. Eu não os confrontarei. Trabalhamos e buscamos mostrar que não estamos de sacanagem. Não houve corpo mole, não paramos de correr. Temos que reconhecer que enfrentamos uma equipe que trabalha há muito tempo, que tem ganhado títulos. Tem uma base. O Inter está em reconstrução, com jogadores machucados, com pessoas chegando. Uma estrutura que tem melhorado. As diferenças são muito notórias. Como foi atrás foi para nós.

 

Trabalharemos. Iremos para cima no Brasileirão, mas nem sempre se ganha. Doeu perder o Gre-Nal. O torcedor não dorme e nós também. Ninguém dorme. O torcedor precisa entender o nosso momento e que precisamos deles. Eles comemoram muito. Eu sou o que sou pelo torcedor. Neste momento, peço que nos acompanhem. Trabalho não falta. Dedicação não falta. Tentaremos dar a volta por cima. E, caso não seja amanhã, seguirá com dedicação.

 

O Fernandão não está entre nós. Eu não minto. Eu fui colocado como protagonista. Se você lembra a coletiva, eu fui apontado como um dos que estava na zona de conforto. Prefiro não abordar. Respeito muito. É nosso ídolo mais importante. O respeitei muito quando trabalhei com ele, quando foi diretor e treinador. Só tenho palavras de respeito a ele.

 

O torcedor nunca esquecerá o Fernandão. Ele sempre reconhece o ídolo máximo do clube. Tem que ser assim. Isso (zona de conforto) foi uma frase que hoje não cabe neste grupo. Ninguém está na zona de conforto. Ninguém quer perder. Queremos ganhar e puxar para frente. O torcedor que fique tranquilo. Não falta trabalho.”

 

Futuro

“A possibilidade de eliminação está para os dois lados. Eles têm uma vantagem grande, mas temos que acreditar até o final. Temos que pensar em ganhar o jogo. Não podemos pensar no segundo sem marcar o primeiro. Precisamos ter equilíbrio e passar a confiança para o torcedor vir junto. Precisamos deles. Será importantíssimo não tomar. A partir daí, veremos como sai o jogo. Temos que acreditar no nosso trabalho. Não depende de perder um Gre-Nal ou não. Tem que ser feito e tomara que, independente do que ocorrer amanhã, continue. O ambiente é muito bom. Trabalhamos de uma forma que acredito poder ir longe na Copa do Brasil e fazer um Brasileirão bom. Não quero fazer terra arrasada.

 

Temos objetivos pela frente. Uma Copa do Brasil, que é importante. Times da Série A. Um Brasileirão que jogaremos com todos os grandes logo de cara. Precisamos estar preparados. Uma vitória amanhã nos dará tranquilidade para trabalhar, confiança e a sequência que precisamos. O trabalho é bem feito. Temos consciência do caminho. Perdemos dois, mas estamos no caminho certo. Se não for agora, será lá à frente que virá algo bom.”

 

Política

“Houve a situação do Fabiano que precisava explicar. Tirei porque ele não tinha que dar entrevista. Não que eu mande. Já vivi ano político no clube. Ela se envolve no futebol e fica chato, feio. Começa aparecer solução de fora. Todo mundo aparece e começa a falar. Esse não pode jogar, esse não presta. Com muitos eu trabalhei aqui, sentei do lado e não tinham a mínima condição de discutir comigo uma situação tática. Ouço e hoje parece que sabem tudo.

 

E os caras que estão aqui batalhando há muito tempo? Fica parecendo que querem o pior, que querem derrubar o clube. Fico impressionado porque não fizeram antes, mas agora têm a solução. Eu falo porque trabalhei com vários deles. Nunca falarei de política enquanto for jogador de futebol, mas me envolvi com eles. Já passei 10 anos no clube e posso falar. Trabalhamos muito. Futebol se ganha e se perde.

 

Não sou capitão porque sou amigo de alguém, por politicagem. Foi por trabalho e dedicação. E os caras que estão aqui merecem respeito. Fico chateado porque o colorado precisa apoiar. Falar no momento bom é fácil. Ele quer o Inter de que maneira? Como gosta do clube? Ele conhece o CT, os problemas que tivemos? Que trabalhamos sem luz e sem água? Eu deixo no ar para eles. Não sou eu quem deve abrir a porta. É o presidente. Mas, no vestiário, se quiserem, podem passar. Só não coloquem pilha no torcedor que estamos fazendo errado porque não é assim.”

 

Posicionamento em campo

 

D'Ale atuou como meia esquerda no sistema 4-1-4-1 (Foto: Diego Guichard)D'Ale atuou como meia esquerda no sistema 4-1-4-1 (Foto: Diego Guichard)

D’Ale atuou como meia esquerda no sistema 4-1-4-1 (Foto: Diego Guichard)

 

“Eu gosto mais de falar de futebol, tática, análise. Estou para ajudar. Só não posso de goleiro porque sou baixinho, mas estou aí. Ele precisou que eu fosse pela esquerda. Tínhamos a dúvida se jogaria Léo Moura, Madson, Ramiro. Me senti bem. Deixo de lado o individual para priorizar o coletivo pelo lado. Joguei muito pela direita com Abel (Braga), Dunga. Acompanho, mas chego muito menos à frente. Mas o trabalho será feito porque o treinador pediu. Se eu puder fazer, eu faço. Não tenho problema.

 

Atuei em alguns jogos atrás do atacante. Temos duas maneiras de jogar. O 4-1-4-1 ou o 4-2-3-1. Estou mais perto do gol no meio, com mais liberdade atrás dos volantes. Quando sou extrema, tenho que fechar, apoiar o lateral. Treinamos para isso. A realidade é essa. Chego, mas menos. Às vezes, tenho que acompanhar o lateral. Eu não posso deixar o lateral sozinho. Isso não incomoda. Eu priorizo o coletivo.”

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