Rui Car
10/05/2017 08h16

Sobreviventes refazem rota do salvamento e visitam morro de acidente da Chape

"Parece mentira. Viemos ver que é verdade", resume o zagueiro

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Sacrificante, emocionante e redentora. Não foi fácil, mas os sobreviventes de 29 de novembro voltaram ao Cerro Gordo, local do acidente com o avião da Chapecoense. Refazer a rota do salvamento trouxe um turbilhão de emoções a Neto, Alan Ruschel, Follmann e Rafael Henzel. Acima de tudo, porém, fez com que tivessem uma compreensão maior do tamanho do milagre que os deixou vivo em acidente que matou 71 pessoas.

 

 

Neto, Ruschel e Follmann posam com policiais (Foto: Cahê Mota)Neto, Ruschel e Follmann posam com policiais (Foto: Cahê Mota)

Neto, Ruschel e Follmann posam com policiais (Foto: Cahê Mota)

 

Acompanhado de familiares, o quarteto refez o caminho até o ponto onde caiu o avião ao lado de socorristas que fizeram o resgate. O trajeto de uma hora e meia desde o hotel onde eles estão hospedados, seguido da sinuosa trilha em mata fechada até o local onde foram encontrados fizeram com que os sobreviventes valorizassem ainda mais o fato de estarem vivos e saudáveis.

 

– É impossível ver tudo isso e pensar que ficaria vivo – repetia Neto com olhar perdido entre as montanhas.

 

Visitar o local do acidente era necessário na visão dos quatro para que pudessem sanar dúvidas sobre a noite do acidente: onde estavam ao serem resgatados? Quem os encontrou? O que disseram no trajeto até o hospital? Em quais condições?

 

– Precisávamos vir aqui para ver tudo, entender. Parece que nos contaram uma mentira e viemos para ver que realmente foi verdade – disse Neto.

 
 

Follmann é carregado no local do acidente (Foto: Cahê Mota)Follmann é carregado no local do acidente (Foto: Cahê Mota)

Follmann é carregado no local do acidente (Foto: Cahê Mota)

 

Follmann no local do acidente (Foto: Cahê Mota)Follmann no local do acidente (Foto: Cahê Mota)

Follmann no local do acidente (Foto: Cahê Mota)

 

O percurso delicado de caminhada até Cerro Gordo não foi empecilho para Follmann. Apesar das limitações por conta das próteses na perna direita e no tornozelo esquerdo, o goleiro repetia a todo instante que iria de qualquer maneira. E assim foi, sempre escoltado por Nelson Castrillon, primeiro a encontrá-lo.

 

No exato local onde foi resgatado, Follmann pediu privacidade e se emocionou com o olhar perdido pelo rastro deixado pelo avião entre o primeiro impacto e o ponto final. Em diálogo com seus heróis, descobriu que estava de ponta-cabeça e sentado – não deitado como imaginava. Soube ainda que permaneceu lúcido ao ser levado, disse que lutaria pela vida e recordou-se do acidente:

 

– Foi importante chegar aqui para vermos tudo que aconteceu. Sabíamos que tinha sido difícil, mas não tão difícil. É milagre. Não consigo pensar como o resgate nos tirou daqui, como conseguimos sobreviver a uma tragédia em um lugar desse. A vida passa rápido. Em um segundo, tudo muda.

 

 

Alan Ruschel no local do acidente  (Foto: Cahê Mota)Alan Ruschel no local do acidente  (Foto: Cahê Mota)

Alan Ruschel no local do acidente (Foto: Cahê Mota)

 

A passagem por Cerro Gordo durou cerca de uma hora, e os sobreviventes não perderam a oportunidade de passar por todos os pontos. Na base do espaço onde o avião se arrastou, há um santuário com imagens de santos e objetos encontrados nos destroços. O grupo fez uma oração no ato final. Mais serenos, todos posaram para fotos e atenderam crianças em busca de autógrafos.

 

A página de 29 de novembro nunca vai ser virada, mas já é mais bem compreendida por quem fez parte da história.

 

 

Santuário com imagens de santos e objetos encontrados nos destroços (Foto: Cahê Mota)Santuário com imagens de santos e objetos encontrados nos destroços (Foto: Cahê Mota)

Santuário com imagens de santos e objetos encontrados nos destroços (Foto: Cahê Mota)

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