Rui Car
10/05/2017 08h19

Sorriso e gratidão: Jakson Follmann reencontra policial que o resgatou

Goleiro sobrevivente volta a Medellín e recebe visita de herói

Assistência Familiar Alto Vale
Globo Esporte

Globo Esporte

Delta Ativa

A passagem da Chapecoense pela Colômbia é daquelas que redefinem os conceitos de heróis e guerreiros. A cada encontro, histórias incríveis de 29 de novembro vem à tona, como a que colocou frente à frente Jakson Follmann e Nelson Castrillón. Foi o policial quem ouviu as súplicas do goleiro em meio aos escombros do avião acidentado e o resgatou para, quase seis meses depois, substituir os gemidos de dor daquela madrugada por sorrisos e gratidão na volta a Medellín.

 

 

O encontro entre Follmann e Nelson aconteceu quase que de forma inesperada. Ciente da chegada dos sobreviventes à Colômbia, o policial foi por conta própria ao hotel onde está hospedada a delegação da Chape e, sem que nada estivesse marcado, cruzou com o goleiro no saguão. O reconhecimento, mesmo sem nunca ter visto claramente o rosto do policial, foi imediato. Emoção à flor da pele.

 

– Ele me surpreendeu. Foi até o hotel. No momento que dei um abraço nele, meu corpo congelou todo. Ele é um pai de família, um ser humano sensacional. Estou muito feliz por ele estar aqui hoje. Quero muito agradecer por tudo que você, Nelson, fez por mim aquela noite. Falo com orgulho que, hoje, estou bem. Estou muito feliz mesmo – comentou o goleiro.

 
 

Jakson Follmann e a noiva Andressa Perkovski posam com Nelson  (Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com)Jakson Follmann e a noiva Andressa Perkovski posam com Nelson  (Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com)

Jakson Follmann e a noiva Andressa Perkovski posam com Nelson (Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com)

 

Nelson Castrillon foi um dos primeiros socorristas a chegar ao local do acidente, cerca de 15 minutos após o impacto do avião no morro. Enquanto a maioria dos companheiros da guarda civil fazia buscas no alto do morro, onde se encontravam Alan Ruschel, Rafael Henzel, e os comissários bolivianos, Castrillon optou por ficar mais próximo da fuselagem. Acabou por encontrar Follmann. O reencontro consciente foi uma forma de completar a missão que iniciou naquele 29 de novembro.

 

– Fico muito alegre em ver que ele se recuperou. Isso me dá muito orgulho. Durante o resgate, independente de ser um estrangeiro, jogador, policial ou quem seja, eu daria a minha vida por essa pessoa. Nós o resgatamos e até hoje recebo os agradecimentos.

 

A conversa entre os dois heróis, cada um à sua maneira, foi pautada nas memórias que ambos compartilharam no fim de 2016. Follmann, com vaga memória sobre os principais acontecimentos daquela noite, fez questão de tirar todas as dúvidas. Ninguém melhor que Nelson para detalhar o que aconteceu em Cerro El Gordo.

 

– Ele queria saber muito sobre o que aconteceu naquele dia. Queria um resumo. O Follman só lembrava de quando as luzes se apagaram, depois acordou com muito frio e pedindo socorro. Quando chegamos, eu estendi a mão a ele e disse que podia ficar tranquilo, que ficaria bem. Só falava: “Me ajuda, por favor”, com um pouco de espanhol. Ele repetia que não queria morrer, me contou que se chamava Jakson Follmann, que era da Chapecoense e tinha 24 anos. Eu disse: “Fique tranquilo, você não vai morrer. Nós estamos aqui” – detalhou o colombiano.

 

De lá até esta terça-feira, o contato entre os dois personagens foi quase inexistente. O brasileiro confessa que só conhecia o policial por vídeos e, ainda assim, era difícil de ter uma lembrança do rosto de quem o resgatou. Nelson Castrillon, após o resgate, passou a seguir Follmann nas redes sociais e acompanhou todo o processo de recuperação do atleta.

 

Entre muitos agradecimentos e abraços, Jakson presenteou o policial com uma camisa de edição especial da Chapecoense e selou uma história que começou às escuras.

Justen Celulares