Rui Car
02/08/2017 10h20 - Atualizado em 02/08/2017 08h24

“Tem a possibilidade de eu encerrar a carreira ano que vem”, diz Jefferson

"O que eu sempre admirei foi o Dida"

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Foram duas cirurgias e 14 meses de recuperação para o goleiro Jefferson se recuperar de lesão no braço esquerdo e retornar ao gol do Botafogo. E a volta foi em grande estilo, pegando pênalti cobrado por Rafael Moura e fazendo grandes defesas no empate com o Atlético-MG por 1 a 1. A partida foi dia 9 de julho, pela 12ª rodada do Brasileirão. De lá para cá, o goleiro vem mostrando a mesma segurança de sempre e só foi poupado na última partida da competição, na derrota para o São Paulo por 4 a 3. 

 

Em entrevista ao “Tá na Área”, no ar nesta terça-feira, o goleiro falou sobre o drama vivido no longo período. Passou por dúvidas, inquietações – chegou a pensar em parar -, da sombra de Gatito Fernandéz, que o substituiu e também vive grande fase, do desejo de completar 500 partidas pelo clube e se tornar um dos que mais vestiram a camisa alvinegra. Dono de uma cafeteria, promete café de graça se o Botafogo for campeão da Libertadores. E revelou também ter preferido assinar contrato por apenas mais um ano, em vez de dois, porque admite a possibilidade de encerrar a carreira no ano que vem. De preferência, depois da disputa da Copa do Mundo na Rússia, da qual sonha participar pela seleção brasileira.
 

– A intenção do Botafogo era fazer de dois anos. Eu preferi fazer por mais um ano, até porque tem a possibilidade de talvez no ano que vem ser meu último ano. Eu quero ir passo a passo para esperar, ver o que vai acontecer também no ano que vem. A minha esperança é estar na Copa de 2018. Sempre trabalhei no Botafogo com objetivo, com alvos, com meta. Não quero fazer dois, três anos aqui no Botafogo e ficar por ficar. Tenho que ter objetivo. Quando eu não tiver mais objetivo, eu quero encerrar a minha carreira no Botafogo. Preferi fazer mais um ano para saber o que realmente vai acontecer no ano que vem. E tem a possibilidade de eu encerrar a carreira no ano que vem.

 

Jefferson Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)
Jefferson quer ir à Copa e estar entre os que mais vestiram a camisa do Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)
 

Leia a entrevista na íntegra:

 

A ansiedade para voltar estava muito grande?

– É verdade. Perdi muitas concentrações, jogos com o Botafogo. Mas aproveitei bastante também.

 

Nesse período, principalmente no início… Quando a recuperação estava no fim, você já ia muito ao clube, fazer fisioterapia, já estava na rotina meio que normal. Você ia aos jogos ou preferia não ir?

– Olha, no começo não. Até porque como eu sabia que ia demorar mais tempo para poder voltar, eu ficava muito constrangido. Porque você o time num ritmo frenético, aquele ritmo de competitividade, e você não está com a mesma energia, entendeu?  Você até está meio cabisbaixo. Então eu evitava de ir no jogo. 

 

Você sempre foi um grande líder também… Para você deve ter sido um sentimento difícil de ir, de contornar…

– Muito. Eu queria passar às vezes uma energia positiva para o grupo, mas não conseguia. 

 

Agora, você voltou, mas voltou… (no fundo, as imagens da defesa do pênalti contra o Galo)

– Eu falava comigo mesmo que eu tinha que estar tranquilo. Deus me passou muita tranquilidade, confiança. E eu usei simplesmente a minha experiência. Nesse momento, quando você fica muito tempo parado… Comecei a ver meus jogos, meus lances do passado. Às vezes, a pessoa quando fica muito tempo parada, acaba duvidando do seu potencial. Comecei a ver meus vídeos, meus lances, pensei: “Eu sou capaz de fazer isso novamente.” Minha esposa foi no jogo, ela não tem o costume de ir, chorou. Chorou quando eu peguei o pênalti também. Depois, quando a gente chegou em casa, foi muito difícil cair a ficha. Acho que até hoje é difícil de acreditar como foi a minha reestreia.

 

Em algum momento, nesses últimos 14 meses, pensou em parar?

– Pensei. Não no momento, mas pensei em parar se a segunda cirurgia não desse certo. Porque eu tinha mais praticamente mais seis, sete meses no Botafogo, e se a segunda cirurgia não desse certo, eu tinha a possibilidade de parar.

 

Em relação a essa disputa com o Gatito pela posição… Você sempre foi o dono da camisa 1 do Botafogo. Hoje continua sendo. Mas o Gatito também joga em alto nível. Eu enxergo você pela primeira vez disputando uma vaga no Botafogo. Vê dessa forma? E como tem sido?

– A disputa é saudável, ela é profissional, um respeitando o outro. Então, independente de quem jogar, claro que os dois querem jogar, mas independente de quem jogar, a gente vai se respeitar. Temos três grandes competições, sempre vai aparecer oportunidade para a gente estar mostrando o nosso potencial.

 

O seu contrato com o Botafogo você renovou por mais um ano, só que a gente esperava por mais tempo. Por que um ano?

– Boa pergunta. A intenção do Botafogo era fazer de dois anos. Eu preferi fazer por mais um ano, até porque tem a possibilidade de talvez no ano que vem ser meu último ano. Eu quero ir passo a passo para esperar, ver o que vai acontecer também no ano que vem. A minha esperança é estar na Copa de 2018. Sempre trabalhei no Botafogo com objetivo, com alvos, com meta. Não quero fazer dois, três anos aqui no Botafogo e ficar por ficar. Tenho que ter objetivo. Quando eu não tiver mais objetivo, eu quero encerrar a minha carreira no Botafogo. Preferi fazer mais um ano para saber o que realmente vai acontecer no ano que vem. E tem a possibilidade de eu encerrar a carreira no ano que vem.

Jefferson Botafogo Atlético-MG (Foto: JORGE RODRIGUES/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO)
Jefferson defende pênalti na sua volta ao gol contra o Galo (Foto: JORGE RODRIGUES/ELEVEN/ESTADÃO CONTEÚDO)
 

Em 2010 foi sua primeira convocação com Mano Menezes. Por 12 anos um jogador do Botafogo não era lembrado pela Seleção. De lá para cá, queria que você lembrasse um pouquinho este momento, a maior virada da sua carreira, e de lá para cá, o que o Jefferson evoluiu ainda mais?

– Dois episódios que realmente mudaram a minha carreira. O pênalti que peguei do Adriano, no Carioca (final de 2010), e logo em seguida, depois de um mês e meio mais ou menos, teve a convocação para a seleção brasileira, que eu estava na expectativa, porque mudou todo mundo. Quando eu vi meu nome na Seleção, realmente… Meu reconhecimento, prestígio, contrato, mudou praticamente tudo,

 

Com 435 jogos com a camisa do Botafogo, já está entre os sete maiores jogadores que entraram em campo com essa camisa vitoriosa. Qual é a meta, pelo menos até o fim deste ano?

– É jogar… (risos). Mas eu sempre falei que queria chegar aos 500 jogos. Independente se eu passar um ou passar outro… Porque eu acho o seguinte: cada um tem sua história no Botafogo. Estou aqui para buscar a minha história, não para ofuscar a história do outro. Meu objetivo hoje é chegar aos 500 jogos. Depois eu estava acompanhando também… Chegando aos 500 eu vou estar entre os três maiores jogadores que vestiram a camisa do Botafogo. Fico muito feliz.

 

Você teve um ídolo?

– O que eu sempre admirei foi o Dida. Sempre observava o Dida no Cruzeiro ali. Eu ficava imitando ele no alongamento, em tudo. Até uma vez que ele foi pegar pênalti ele saiu andando… Aí na base eu fazia também… É claro que depois que você vira profissional você tem a sua identidade. Mas no começo eu o imitava em tudo.

 

A pior coisa é passar por uma recuperação de uma cirurgia, uma lesão. Mas você resolveu abrir uma cafeteria. É uma ideia que sempre existiu ou nesse momento você falou: “Vou investir em alguma coisa para ocupar minha cabeça?”

– Não, sempre existiu. Foi uma coincidência, vamos dizer assim. Logo na inauguração, a gente já estava trabalhando praticamente há uns três anos… Tanto que eu construí a cafeteria, então demorou um tempo. Logo na inauguração, eu me machuquei. E foi quando eu tive mais tempo. Tanto que eu ficava até três horas da manhã vendo negócio de cardápio. Eu estava machucado. Então aproveitei para ir lá na cafeteria na inauguração.

 

Passa um cafezinho para a gente tranquilo ou é difícil?

– Só na máquina (gargalhadas). 

 

E qual o sabor do café no fim do ano do Botafogo?

– Título. Libertadores. Com certeza vai ter café de graça para todo mundo. Com esse título, se Deus quiser, vai ter sim.

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